No coração de uma fazenda isolada, onde o vento acariciava os campos e o sol pintava de dourado as colinas, vivia Caio, um homem de trinta anos, de corpo forte e mãos calejadas pelo trabalho. Seus olhos castanhos carregavam uma melancolia que poucos notavam, e seu coração era prisioneiro de uma solidão profunda. Caio tinha um segredo que o tornava um exilado entre os homens: seu pau, descomunal e grosso, era uma maldição. As mulheres da vila, ao descobrirem seu tamanho, fugiam, sussurrando que era "grande demais" ou "impossível". Ele tentara, em noites de desespero, buscar alívio com elas, mas o resultado era sempre o mesmo: rejeição, risos abafados, portas fechadas. Assim, Caio vivia sozinho, com um desejo ardente que não encontrava alívio.
Seus únicos companheiros eram os animais da fazenda, que ele tratava com um amor quase devocional. Brutos, o cão pastor de pelo duro e olhos vigilantes, seguia-o como um guardião leal. Pietro, o porco robusto, grunhia satisfeito enquanto chafurdava na lama, seu corpo roliço brilhando ao sol. Teo, o cavalo negro de crina esvoaçante, movia-se com uma força bruta que fazia o coração de Caio acelerar. Amália, a vaca de ubere farto e olhar doce, parecia entender suas mágoas com um silêncio reconfortante. E Lana, a ovelha de lã fofa, tinha uma graça que o fazia desviar o olhar, envergonhado. Ele os amava como família, mas, nas noites mais quentes, quando o desejo o dominava, pensamentos proibidos invadiam sua mente. Ele imaginava seus corpos — a potência de Teo, a suavidade de Lana, as curvas de Amália — e se odiava por isso. Eles eram irracionais, inocentes, e Caio jamais os tocaria. Ainda assim, o fogo em seu peito queimava, e seu pau, duro como pedra, latejava com uma necessidade que ele não podia saciar.
Numa noite de lua cheia, Caio sentou-se na varanda, o corpo tenso, o membro pesado contra a coxa, preso na calça grosseira. Ele olhou para o céu, as estrelas brilhando como testemunhas de sua angústia, e murmurou: “Se ao menos... se ao menos eles fossem como eu, se pudessem pensar, falar, desejar...” Sua voz era um lamento, carregada de um anseio que ele mal ousava nomear.
De repente, uma luz dourada rasgou o céu, como uma estrela cadente que não se apagava. Ela desceu até a fazenda, pairando diante dele, e se transformou em um livro de capa vermelha, adornado com filigranas de ouro que pulsavam com vida própria. Caio o pegou, o coração disparado, sentindo um calor estranho emanar das páginas. Na capa, em letras elegantes, lia-se: O Dom de Eros. Ele abriu o livro, e as palavras pareciam dançar, como se soubessem exatamente o que ele queria.
O texto era claro: Eros, o deus do amor, ouvira seu apelo. Havia um caminho para realizar seu desejo mais íntimo — tornar seus animais racionais, capazes de pensar, falar e, quem sabe, amar. Mas o preço era alto. O livro revelava que Zeus, o rei dos deuses, exigia uma oferenda singular: ele queria ver Hera, sua esposa majestosa, e Afrodite, a deusa da beleza, entregando-se uma à outra em um ato de paixão desenfreada diante de seu trono no Olimpo. Só então Zeus concederia o desejo de Caio.
Caio fechou o livro, o pau pulsando forte, quase rasgando a calça, a mente em chamas com imagens que ele não conseguia controlar. Ele imaginou Hera, com seus seios fartos e olhos de rainha, despir-se lentamente, enquanto Afrodite, de pele reluzente e curvas perfeitas, a tocava com mãos experientes. O pensamento o fez gemer, e ele apertou o livro contra o peito, o corpo tremendo de excitação e medo. Como ele, um simples fazendeiro, poderia cumprir tal tarefa? Ele olhou para o estábulo, onde Teo descansava, para o chiqueiro onde Pietro roncava, para o campo onde Lana pastava sob a luz da lua. Imaginou-os com vozes, com mentes humanas, seus corpos ainda animais, mas capazes de escolher, de querer, de se entregar. O desejo o consumiu, quente e avassalador.
Naquela noite, ele sonhou com o Olimpo. Viu Hera, imponente, seus cabelos negros caindo como cascatas, os mamilos rijos sob o tecido translúcido, enquanto Afrodite, nua e radiante, lambia sua pele, os gemidos ecoando no salão dourado. Zeus observava, seu olhar faminto, o trovão rugindo ao fundo. Caio acordou ofegante, o pau duro como nunca, o lençol molhado de suor e algo mais. O livro ainda estava ao seu lado, pulsando com uma energia viva.
Ele sabia que o caminho seria impossível, talvez louco. Mas o desejo — por seus animais, por uma conexão que rompesse sua solidão — era mais forte que o medo. O livro indicava o primeiro passo: encontrar um altar antigo, escondido nas montanhas próximas, onde ele poderia invocar Eros para guiá-lo. Caio se levantou, o coração batendo forte, e olhou para seus animais, dormindo tranquilamente. “Eu vou fazer isso por nós”, sussurrou, a voz firme, mas carregada de um anseio que o fazia tremer.
No Olimpo, Eros sorria, suas asas douradas tremulando, enquanto Zeus, com um brilho nos olhos, aguardava o espetáculo prometido. Caio não sabia, mas ao abrir aquele livro, ele já havia colocado em movimento forças que mudariam sua vida para sempre.