O abraço apertado no corredor de laticínios do mercado era um portal direto para o passado. O cheiro familiar do perfume de Verônica, agora mesclado com um aroma mais maduro e terroso, invadiu as narinas de Neto, trazendo consigo uma enxurrada de memórias dos corredores da antiga empresa, dos cafezinhos ‘roubados’ e das risadas abafadas. Quando se separaram, os olhos de Neto, por um instante de puro instinto masculino, percorreram a figura da mulher que tinha nos braços. Ela não mentira: o tempo havia sido generoso. O ‘corpo grande e durinho’ que suas roupas esboçavam era mais do que uma ilusão têxtil; era uma promessa de vitalidade preservada, de curvas firmes e convidativas sob o vestido leve que usava. A conversa fluiu fácil, como se os anos não tivessem passado. Falaram da vida, dos caminhos que tomaram, da saudade dos velhos tempos. Foi então que Verônica, com um brilho nos olhos, puxou pelo braço uma jovem que escolhia iogurtes um pouco mais adiante.
- "Neto, esta é a Juliana. A barriguinha que você conheceu naquela época" – disse Verônica, com um sorriso aberto e orgulhoso.
Juliana era deslumbrante. Herdara a estrutura belíssima da mãe, mas com o frescor dos seus vinte e poucos anos. Seus cabelos eram mais claros, os olhos, da mesma cor ambarina da mãe, tinham um brilho mais despreocupado, e seu sorriso era uma chama jovial e direta. O cumprimento foi caloroso, e na conversa que se seguiu, repleta de risos e da facilidade que apenas almas afins compartilham, veio o convite.
- "Mãe, precisamos sequestrar o Neto por um fim de semana. Ele precisa conhecer o sítio!" - Juliana exclamou, e Verônica concordou prontamente.
Explicaram, com uma naturalidade que deixou Neto sem fôlego, que viviam em uma propriedade afastada, um refúgio onde praticavam o naturismo com total liberdade dentro de casa.
- "É nossa forma de nos conectarmos com nós mesmas, e com a natureza... sem amarras, literalmente, por que sei que você era dominante naquela época” - elucidou Verônica, observando a reação de Neto.
Ele, atordoado pela súbita imagem mental que o convite provocou, aceitou quase por inércia, o endereço foi anotado em um pedaço de papel parecendo queimar em seu bolso. A despedida foi outro abraço coletivo, mas conforme as duas se afastavam, Verônica, com um olhar maroto por sobre o ombro, sussurrou:
- "E não se preocupe Neto. Em casa, a roupa é opcional”
Ele ficou parado, observando os dois corpos que se distanciavam, sua mente projetando a cena daquelas duas formas magníficas, mãe e filha, se despidas daquelas roupas que já insinuavam tanto. Um calor intenso começou a brotar em seu ventre, e ele sentiu o tecido de sua calça jeans começar a ficar perigosamente apertado. O sangue correndo para um lugar que entendia perfeitamente a beleza crua e tentadora daquela liberdade oferecida. A excensão era inevitável, um sinal físico e incontestável de que aquele reencontro inocente havia tomado um rumo completamente novo e eletrizante.
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