O clic. Eu fechei a porta. E tranquei. O som da tranca fez a mulher pular. A primeira reação de medo que eu vi nela. "Você não vai querer ser interrompida, vai?" eu disse, com o meu sorriso mais doce. Daniella, a mulher do Reitor. Ela era alta. Mais alta do que eu, mesmo com meu black power armado. O cheiro dela, de jasmim caro e dinheiro velho, estava lutando uma guerra perdida contra o Nag Champa, o suor seco, e o cheiro residual de sexo e Qboa que era o perfume oficial do 1204. Cami, minha puta magrela, estava encostada na bancada da cozinha americana, a garrafa de saquê vazia balançando nos dedos. Ela não estava com medo. Ela estava... se divertindo. "Então," Daniella disse. A voz dela era seda. Seda gelada, cara. Ela não me olhou. Ela olhou através de mim, para o apartamento. Ela deu um passo para dentro. Os sapatos dela, caros, fizeram um clic-clic nojento de limpo no meu chão de madeira (o chão que eu e a Doutora Amanda lambemos). "Eu vejo," ela disse, "que o Arnaldo continua com o gosto... exótico." Ela andou até a minha cama de cetim preto. A cama que estava desfeita, o lençol sujo do nosso amor de domingo. Ela olhou para o "Monstro Bege" e o "Negão", que estavam jogados no canto, perto da sacola da Dona Maria. Ela não fez cara de nojo. Ela fez cara de... tédio. Ela se virou para mim. O olhar dela era o de um cirurgião olhando para um tumor. "Beatriz," ela disse, o meu nome saindo da boca dela como se fosse um xingamento. "A caloura de Letras. Eu li a sua ficha. Ficha... extensa. Aparentemente." Ela sorriu. Um sorriso que não chegou nos olhos azuis-gelo, os mesmos olhos do Arnaldo. "Querida," ela disse, tirando uma luva branca fina da bolsa de grife. Uma luva? Quem usa luva? "Eu estou casada com o Doutor Vasconcelos há vinte e cinco anos. Você... não é a primeira." Ela passou o dedo enluvado na minha cômoda. E olhou para a poeira (era lubrificante seco). "Vocês aparecem. De tempos em tempos. Alunas barulhentas. Professoras ambiciosas. Putas." Ela olhou para mim. "Putas gordas. Putas magrelas." Ela finalmente olhou para a Cami, que levantou a garrafa num brinde silencioso. "E, no fim," ela disse, a voz dela baixando, "sou sempre eu quem tem que vir aqui. Com a vassoura e a pá. E jogar o lixo fora. Para que o apartamento possa ser... esterilizado... para a próxima." Ela me olhou, da cabeça aos pés. "Você é apenas mais um lixo de tantos outros, Beatriz. Um lixo... particularmente barulhento. E fedorento." Eu ri. Uma risada alta. Da minha barriga gorda. "Hahahaha!" Daniella parou. A máscara de "fineza" dela tremeu. Ela não esperava que o lixo risse. "Desculpa, Dona Daniella," eu disse, secando uma lágrima falsa. "Com todo o respeito... se a senhora tá há vinte e cinco anos tendo que jogar o lixo fora... talvez o problema não seja o lixo." Eu dei um passo à frente. Meu corpo gordo, nu por baixo do cropped, balançando. Eu parei. Perto. "Talvez... o Doutor Arnaldo continua procurando no lixo... porque a louça fina em casa tá sempre vazia. Ou talvez," eu me inclinei, "a louça fina... não dá conta." O tapa foi tão rápido que eu quase não vi. A mão dela, enluvada, estalou no meu rosto. PLOC! Não doeu. Mas o barulho. O desrespeito. Eu não me mexi. Eu só... sorri. Com a marca da luva dela no meu rosto. "Oh," eu disse. "A Patroa-Mor também bate. Igual à faxineira." Cami riu. "Essa foi boa, Bia." Daniella estava ofegante. Ela tinha perdido o controle. Ela estava suja. "Sua... sua..." "Minha o quê?" eu disse, dando mais um passo. "Você não entende," ela sibilou, recuperando a compostura, a mão tremendo. "Não é sobre 'dar conta'. É sobre variedade. Homens são assim. Eles são... cães. Eles precisam de aventuras. Eles precisam cheirar postes diferentes. Eles precisam... descer o nível. Rolar na lama." Ela me olhou com puro nojo. "E é para isso que... você... serve. Ele vem aqui, se esfrega na sua sujeira gorda, e depois volta para casa. Para mim. Para a ordem. Para o banho limpo." "Ordem," eu repeti. O meu corpo vibrou. "Engraçado. O Doutor Arnaldo usou a mesma palavra. Na cobertura dele. Antes de me foder sem camisinha na janela." O rosto dela ficou branco. "Ele te disse isso, né?" eu continuei, a voz da "Dona Beatriz" tomando conta. Eu estava andando. Devagar. Em círculos. Como um tubarão. "Ele te disse que era 'variedade'. E você... acreditou." Eu parei. Na frente dela. Tão perto que os peitões do meu cropped quase roçavam no linho branco dela. Eu era mais baixa, mas naquele momento, eu era maior. "Você fala 'homens', Daniella," eu sussurrei. O cheiro de jasmim dela era tão forte que me deu enjoo. "Mas não são só os homens que precisam de aventura, são?" Eu me aproximei mais. O meu cheiro. Suor, Cami, e o cheiro da minha buceta gorda. Eu queria que ela sentisse. "Aventura é sempre bom," eu disse, a boca perto do ouvido dela. O diamante caro. "Não importa de quem venha. Às vezes... a 'ordem' cansa, não acha?" Eu me afastei, olhando nos olhos dela. O pânico. O pânico de ser vista. "Eu duvido," eu disse, minha voz um ronronar sujo. "Eu duvido que você... a Dona Daniella, a Patroa-Mor, a esposa perfeita... não tenha as suas próprias... aventuras." Eu olhei para baixo. Para a boca dela, com aquele batom nude caro. E voltei para os olhos. "Quem é, Daniella? É o garotão do clube? O motorista que te trouxe aqui? Ou... é a sua... 'professora de yoga'?" Ela estava pálida. Ela não conseguia respirar. "O que," eu disse, chegando mais perto, minha barriga macia quase tocando a cintura fina dela, "você acha que o Arnaldo ia fazer... se ele descobrisse que a 'louça fina' dele... também gosta de uma sujeira?" Ela não disse nada. O queixo dela tremia. E, do outro lado do quarto, nós ouvimos. "Pfft... ha... hahahahaha..." A risada da Cami. Baixa, diabólica, cheia de puro veneno e tesão. "Puta merda, Bia," Cami disse, tomando um gole imaginário da garrafa vazia. "Você... é... foda." Daniella se virou, chocada, como se tivesse esquecido que a Cami estava ali. "Sua..." ela sibilou para a Cami. "Minha o quê, vovó?" Cami sorriu. "A casa caiu. E agora você tá trancada aqui. Com a gente. O 'lixo'." Eu sorri para a Daniella. Eu peguei a mão dela. A mão enluvada que tinha me batido. "A Cami tá certa," eu disse, beijando a luva. "A casa caiu." Eu me virei para a Cami. "Amor, pega o 'Monstro Bege'. Acho que a Dona Daniella... tá precisando de uma... aventura.” "Aventura," Cami repetiu a palavra, saboreando-a como se fosse o último gole de saquê da garrafa. Eu tinha sugerido o "Monstro Bege". O arreio industrial da Dona Maria. A ferramenta de punição. Mas a Camila... a Camila era uma artista. E artistas não obedecem. Ela desencostou da bancada da cozinha. O corpo magro, tatuado, vestido apenas com a camiseta rasgada do Ramones que ia até a coxa, moveu-se com uma fluidez de cobra. Ela ignorou a sacola de lona onde o monstro bege descansava. Ela foi até a cama desfeita. E, debaixo do travesseiro de cetim preto, ela puxou o "Negão". O pau de silicone preto. A ferramenta original. Aquele que tinha estreado meu cu, que tinha sido chupado pela Dona Maria, que tinha arrombado a Doutora Amanda. Ele era preto, brilhante, grosso, curvado e... ameaçador. "Não, Bia," Cami disse, girando o pau de borracha na mão. O peso do silicone fez um thud suave quando bateu na palma da mão dela. "O bege é pra quem já é da casa. Pra visita... a gente usa o clássico." Daniella, a mulher do Reitor, a "Patroa-Mor", deu um passo para trás. O salto alto dela fez um barulho incerto no chão de madeira. A máscara de gelo dela tinha trincado. Ela olhava para o objeto preto na mão da Cami não com nojo, mas com... reconhecimento. Como se ela tivesse visto algo assim em algum site secreto que ela acessava quando o Arnaldo viajava. Cami andou até ela. Devagar. A garrafa vazia tinha ficado na bancada. Agora, a arma era outra. "Você entrou aqui," Cami começou, a voz dela baixa, o sotaque de sapatão malandra escorrendo. "Falando de lixo. Falando de jogar fora. Falando de limpeza." Ela parou ao lado da Daniella. Cami era mais baixa, mas com o pau na mão, ela parecia gigante. Ela levantou o "Negão" e roçou a cabeça dele, fria e preta, no braço coberto pelo linho branco caro da Daniella. Daniella estremeceu. Um arrepio visível. "Tira isso de perto de mim," ela sussurrou, mas não se moveu. "Por quê?" Cami sorriu, o sorriso diabólico mostrando o dente canino. "Você não disse que o Arnaldo gosta de se sujar? Você não disse que ele precisa de variedade? A gente só tá oferecendo... hospitalidade." Eu me aproximei pelo outro lado. Cercando-a. Eu, a gorda. Cami, a magrela. E Daniella, a "dama", no meio. "Escuta aqui, Dona Daniella," Cami disse, a voz perdendo a brincadeira e ficando gelada. Ela encostou a ponta do pau preto na barriga da mulher, bem no centro do vestido impecável. Ela pressionou. O tecido branco afundou. "Você veio aqui marcar território. Veio mijar no nosso poste. Mas você esqueceu de uma coisa. O apartamento é do Arnaldo... mas quem mora aqui somos nós." Cami empurrou o pau um pouco mais forte. Daniella arfou. "Se você..." Cami disse, pausadamente, olhando nos olhos azuis da mulher. "Se você ousar ameaçar a gente de novo. Se você ousar chamar a gente de lixo. Se você tentar despejar a gente..." Cami desceu a mão. O pau preto desceu pelo vestido branco. Passou pelo ventre. E parou. Exatamente na virilha da Daniella. Daniella parou de respirar. "A gente vai pegar isso aqui," Cami sussurrou. "E a gente não vai ser delicada. A gente não vai usar lubrificante caro. A gente vai te colocar de quatro, nesse chão que a gente lambeu, e a gente vai te mostrar o que é ser 'lixo'." "Eu vou segurar você," eu disse, no ouvido dela, sentindo o cheiro do medo e do perfume caro. "Com o meu peso gordo em cima das suas costas finas. E a Cami... a Cami vai te abrir. Ela vai te arrombar até você esquecer o nome do seu marido. Até você esquecer a sua etiqueta. Até você ser só mais uma puta gritando no 1204." Cami pressionou o pau preto contra a buceta da Daniella, através do vestido. "Entendeu, Dona?" Cami perguntou. Foi nesse momento. Eu estava olhando para o rosto dela. Eu esperava lágrimas. Eu esperava um grito de "socorro". Eu esperava que ela desmaiasse de horror. Mas eu vi. Os olhos dela. Aqueles olhos azuis frios. Eles... brilharam. Não era água de choro. A pupila dela dilatou. O peito dela, sob o linho, subiu e desceu rápido. Ela olhou para o pau preto pressionado contra a intimidade dela. E ela não se afastou. Ela... inclinou o quadril. Mínimo. Quase imperceptível. Mas ela foi contra a pressão. Ela estava com medo? Sim. Ela estava apavorada. Mas, puta que pariu... ela estava molhada. O brilho no olho dela era desejo. O desejo reprimido de vinte e cinco anos de jantares chatos, de luvas brancas e de um marido que só fodia fora de casa. Ela estava excitada com a ameaça. Ela estava excitada com a ideia de ser o "lixo". Eu e Cami trocamos um olhar rápido. Nós sabíamos. O "puta-radar" nunca falha. Cami tirou o pau. Rápido. Daniella soltou o ar, quase caindo, como se tivesse perdido o suporte. "Agora," eu disse, com a voz firme, assumindo o controle. "Sai." Eu fui até a porta e destranquei. CLIC. "Esse apartamento," eu disse, dando ênfase, apontando para o chão, para a cama, para nós. "É nosso. Meu e da Camila. E da Dona Maria. E de quem mais a gente quiser." Daniella ajeitou o vestido. A mão dela tremia, alisando o local onde o pau preto tinha tocado. Ela tentou recuperar a postura. Tentou levantar o queixo. Mas a máscara tinha caído. "Vocês..." ela começou, a voz fraca. "Vocês são... animais." "Somos," Cami disse, sorrindo, batendo o pau de borracha na própria mão. "E a gente morde." "Se você voltar aqui para ameaçar," eu disse, segurando a porta aberta. "A gente cumpre a promessa. Sem pena. A gente vai te transformar naquilo que você mais odeia. E você vai amar." Daniella me olhou. O olhar dela queimava. Ódio, vergonha... e a promessa de que aquela conversa não tinha acabado. Ela saiu. O salto batendo rápido no corredor. Ela fugiu. Eu fechei a porta. CLIC. Tranquei. O silêncio voltou ao 1204. Cami olhou para o "Negão" na mão dela. E depois para mim. "Você viu, né?" Cami perguntou, com a voz baixa. "Vi," eu disse, encostando as costas na porta, sentindo o suor frio escorrer. "O olho dela," Cami disse. "Ela queria. A vaca queria que eu continuasse." "Ela é igual ao marido," eu disse, rindo, uma risada nervosa e excitada. "Ela quer a sujeira. Ela só não sabe pedir." Cami jogou o pau preto na cama. "Se ela voltar..." Cami disse, os olhos azuis brilhando com uma nova ideia, uma nova caça. "Se ela voltar," eu completei, desencostando da porta e indo abraçar minha namorada. "A gente não vai ter pena. E a Dona Maria... vai adorar ter uma nova boneca de luxo pra brincar." Nós nos beijamos. Um beijo com gosto de vitória e perigo. O 1204 era nosso. E agora, até a esposa do dono sabia disso. E, no fundo, bem no fundo daquele brilho no olhar dela... ela queria ser nossa também.
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