Nós limites



Fanny sabia demais sobre mim.
Ela não fazia perguntas comuns. Nunca me perguntou o que eu fazia da vida, nem onde eu morava ou o que eu gostava de comer.
Ela perguntava coisas como:
"Qual foi a primeira vez que você sentiu prazer com medo?"
"O que você esconde de si mesmo quando goza?"
"Qual o seu limite – e quem ensinou isso a você?"

Foi assim que ela chegou àquele episódio.
Uma lembrança enterrada da minha juventude, daquelas que a gente guarda num canto escuro e silencioso da alma.
Eu contei. Pouco.
Mas ela soube captar o essencial.

“Foi com ele, né?”, disse numa noite, enquanto me acariciava após um orgasmo exausto.
“Sim”, murmurei.
“Vocês se provocavam sem nunca dizer que era desejo.”
Assenti.
“E você nunca esqueceu.”

Era verdade.

Um amigo da adolescência.
Toques trocados como se fossem brincadeira. Desafios que passavam dos limites e terminavam com os dois suados, ofegantes, fingindo que nada aconteceu.
Mas eu lembrava. Cada detalhe.
A pele colando. A vergonha depois. O calor nos olhos.
E, mais do que isso… a culpa que seguiu por anos.

Fanny me olhou nos olhos.
“Eu quero te devolver isso. Sem culpa. Com tesão.”
E eu soube que estava prestes a ir além de tudo o que já conhecia.


---

A noite seguinte foi marcada na plataforma.
Nível de permissão: Extremo.
A tag dela: "Resgate de Fantasmas."

Me mandou vestir uma cueca branca justa e uma camiseta velha, como se eu tivesse voltado aos meus 17 anos.
Pediu que eu passasse perfume.
“Só um pouco. Atrás da orelha e no peito. Igual você fazia naquela época.”
Senti meu coração bater diferente.
Não era só excitação. Era memória viva.

Quando cheguei ao apartamento dela, o cenário era outro.
Luz baixa. O quarto inteiro forrado com almofadas no chão.
Havia um espelho grande encostado à parede.
E no centro, um banco acolchoado, com cintas presas nas laterais.

Fanny usava uma camisa masculina, folgada, como se encenasse o papel daquele garoto do passado.
Mas a expressão no rosto era dela.
Dominante.
Ciente.
Completamente no controle.

“Hoje, você é aquele menino. E eu sou o que você queria naquela época — mas nunca teve coragem de deixar acontecer.”

Ela me vendou de novo.
Mandou ajoelhar no banco.
Prendeu meus pulsos com firmeza, mas sem dor.
E começou o jogo.

O cheiro dela.
O som da respiração.
O toque da cinta em minhas coxas.
O brinquedo dela — mais grosso que o anterior — provocando, rodeando, esperando o momento de entrar.

Ela me provocava com palavras:
“Você quer que eu faça o que ele não teve coragem de fazer com você, não quer?”
E eu não conseguia responder. Só gemia.
Porque sim.
Porque eu queria.
Porque precisava.

Fanny me penetrou devagar.
Com precisão.
Com cuidado e firmeza, como se estivesse escrevendo no meu corpo um novo final para aquela história inacabada.

Eu chorava sem vergonha.
Não de dor.
De libertação.

O espelho à frente, que eu não podia ver por estar vendado, era símbolo disso tudo: refletia um eu que eu nunca tinha tido coragem de encarar.

Ela me tomou ali.
Com movimentos calculados, profundos, hipnóticos.
E a cada investida, dizia:
“Agora não há culpa. Só desejo. Só verdade. Goza por mim, Marcos.”

E eu gozei.
Com força.
Com tudo que eu era.
Com tudo que guardei por décadas.
Com um grito abafado entre dentes e lágrimas.


---

Fanny me soltou depois.
Me abraçou sem dizer nada.
Ficamos ali, no chão, despidos, suados, exaustos — mas inteiros.

No fundo do meu peito, algo havia mudado.
Não era só prazer.
Era redenção.
Era o fim de um ciclo e o começo de algo completamente novo.

E Fanny?
Fanny apenas me olhou e disse:

“Agora que você se reencontrou… posso te levar ainda mais longe.”

Foto 1 do Conto erotico: Nós limites

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Ficha do conto

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Nome do conto:
Nós limites

Codigo do conto:
238591

Categoria:
Bissexual

Data da Publicação:
19/07/2025

Quant.de Votos:
2

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