O evento era chato, como a maioria desses coquetéis políticos. Eu estava lá cobrindo para o portal de notícias em que trabalho, tentando achar um ângulo interessante em um discurso sobre asfalto. Foi quando eu o vi. Ele era vereador, um daqueles caras que você vê nos plenários, sempre bem-vestido, com uma postura que grita autoridade e um charme que parece calculado, mas funciona.
Nossos olhos se encontraram mais de uma vez durante a noite. Não era um acidente; era um jogo. Um olhar fixo, um sorriso quase imperceptível, o modo como ele ajustou a gravata enquanto me encarava. A atração era palpável, um fio elétrico esticado no salão abafado.
Ele se aproximou com a desculpa perfeita: "E aí, vai sair uma matéria boa?" Conversamos superficialmente sobre política, mas as palavras não importavam. O que importava era a intensidade com que ele me olhava, o jeito que seu corpo se inclinava na minha direção, invadindo meu espaço pessoal de um jeito que não era invasivo, mas convidativo.
Ele foi direto. "Estou cansado de fingir que me importo com essas pessoas. Minha casa é aqui perto. Quer ir para um lugar mais quieto?"
Eu não hesitei. "Vamos."
O apartamento dele era moderno, impessoal, cheiroso. Mal fechamos a porta e a máscara pública caiu. Ele me empurrou contra a madeira, seu corpo sólido pressionando o meu, e sua boca encontrou a minha com uma fome que me surpreendeu. Era beijo de luta, de posse, de desejo contido há muito tempo. Minhas mãos agarravam os ombros dele, sentindo os músculos sob o tecido caro do paletó.
No quarto, a luz de um abajur criava sombras dramáticas. Roupas foram tiradas sem cerimônia, cada peça um degrau a menos entre nós. Ele era mais velho, seu corpo marcado pelo tempo e pela vida de escritório, mas era incrivelmente atraente. Forte. Ele me puxou para a cama e por um momento, eu fui só dele.
Ele era experiente, sabia exatamente o que fazer. Seus dedos, aqueles mesmos que discursavam no plenário, agora me abriam, me preparavam com uma paciência e uma destreza que me fizeram perder o fôlego. O ar escapou dos meus pulmões quando ele entrou em mim. Foi uma conquista, uma tomada de posse completa. Cada movimento era profundo, calculado para tirar de mim gemidos abafados contra o travesseiro. Eu me entreguei, deixando-me ser levado por aquele ritmo imposto, me enroscando nos lençóis, me agarrando às suas costas suadas. A autoridade dele, que eu via na TV local, agora me dominava de uma forma completamente nova, e eu adorava cada segundo.
Mas então, quando a respiração dele começou a ficar mais ofegante e seus movimentos mais descontrolados, eu o empurrei. Gentilmente, mas com firmeza. Nossos olhos se encontraram novamente, e um novo entendimento passou entre nós. Um sorriso surgiu em seu rosto, um sorriso de cumplicidade selvagem.
Sem uma palavra, nós trocamos de posição. Foi natural, como uma dança. Agora era a minha vez de vê-lo de costas, de ver os músculos contraindo enquanto eu o penetrava. Aquele homem poderoso, aquele vereador, gemeu alto quando o preenchi. A autoridade dele se dissolveu em prazer puro. Ele se entregou com uma vulnerabilidade que era ainda mais erótica do que seu controle anterior. Suas mãos se agarraram à cabeceira da cama, e eu o usei, movendo-me com uma força que eu não sabia que tinha, guiado pelo desejo de provocar cada um daqueles sons roucos que saíam da sua boca.
Não foi sobre poder. Foi sobre troca. Foi sobre dar e receber, completamente.
Terminamos lado a lado, ofegantes, o suor misturado nas nossas peles. O silêncio era pesado, mas confortável. Ele se virou, pegou uma garrafa de água da mesa de cabeceira e tomou um gole, depois me passou. Bebemos em silêncio, o líquido frio contrastando com o calor dos nossos corpos.
Ele olhou para mim, seus olhos ainda escuros de prazer. "Isso fica entre nós, né?"
Eu dei mais um gole na água e devolvi a garrafa. "Claro. Um acordo totalmente fora dos registros."
Saí do apartamento dele com o corpo dolorido e o cheiro dele ainda na minha pele. A matéria sobre asfalto ficou para trás, mas eu tinha uma história muito, muito melhor para lembrar.
Uma atração ao acaso que se torna um delicioso momento de prazer. Gostoso conto.
Narrativa boa,é como se estivesse o tempo todo na superfície dos acontecimentos.É bom,mas esperava mais do autor contar a essa história. A ideia é boa.