Rapaz da companhia de água



O dia estava frio e chuvoso, um cinza úmido que grudava nas janelas. Eu estava em casa, de moletom grosso e meias, tentando espantar o frio do corpo quando a campainha tocou. Atendi relutante. Era o rapaz da companhia de água, encapuzado contra a chuva, vindo fazer a leitura do hidrômetro.

"Boa tarde," disse ele, a voz um pouco abafada pelo capuz. "Desculpe o horário, atrasei por causa da chuva."

"Sem problema. Vai molhar tudo," comentei, abrindo a porta para ele passar.

Ele era mais novo, talvez vinte e poucos anos. O rosto era marcado, não por idade, mas por trabalho ao ar livre, com olhos claros que contrastavam com o bronzeado permanente. O uniforme azul escuro parecia úmido nos ombros e nas costas, mesmo com a capa. Eu, na casa dos trinta, com o corpo mais macio, a barba por fazer, senti o contraste entre nosso conforto doméstico e sua vida lá fora.

Ele seguiu direto para o fundo do quintal, onde ficava o hidrômetro. Fiquei na porta da cozinha, observando a chuva fina caindo sobre ele enquanto ele se agachava. Quando voltou, trouxe consigo o cheiro frio da chuva, misturado com algo terroso e masculino.

"Preciso do número da conta anterior, para confirmar," ele disse, tirando o capuz. O cabelo, castanho escuro, estava molhado nas pontas.

"Claro, está no quarto."

Ele me seguiu pelo corredor. O quarto estava escuro, iluminado apenas pela luz fraca do dia que entrava pela janela. A cama, desfeita, parecia um convite em meio ao frio. Enquanto eu procurava a conta na gaveta, senti-o parado atrás de mim, sua presença grande e úmida preenchendo o espaço.

Ao me virar, a conta na mão, ele estava mais perto do que eu imaginava. Nossos olhos se encontraram no meio-sombrio. A chuva batia forte no vidro da janela. Ele estendeu a mão para pegar o papel, mas em vez disso, seus dedos frios tocaram os meus e ali ficaram.

Um calafrio, que não era de frio, subiu pela minha espinha. Seus olhos desceram para meus lábios. O ar no quarto parecia ter sido sugado para fora. A quietude era quebrada apenas pelo som da chuva.

Foi ele quem quebrou o espaço. Lentamente, como se tivesse medo de me assustar, ele levou a mão livre até meu rosto, os dedos ainda frios da chuva tocando minha têmpora, depois a linha do meu queixo. Eu não me mexi. Não respirei.

"Você está tremendo," ele sussurrou, sua voz mais baixa, mais íntima.

"É o frio," menti, minha voz um fio.

Ele sacudiu a cabeça, quase imperceptivelmente. "Não é."

Então, seus lábios encontraram os meus. Eram frios no primeiro toque, mas aqueceram instantaneamente. O beijo começou suave, uma exploração, mas rapidamente se transformou em algo mais profundo, mais faminto. Seu sabor era a chuva, café e algo indescritivelmente dele. Minhas mãos, por vontade própria, subiram e se prenderam ao casaco molhado dele, puxando-o para mais perto.

Ele gemeu baixo na minha boca, e suas mãos encontraram a barra do meu moletom, deslizando por baixo, para a pele quente das minhas costas. O contraste entre seus dedos frios e minha pele fez-me estremecer violentamente. Ele interpretou como um sinal de hesitação e afastou-se um centímetro.

"Posso?" a pergunta era um sopro quente contra meus lábios.

Em resposta, eu mesmo puxei meu moletom e a camisa por cima da cabeça, jogando-os no chão. O ar frio do quarto arrepiou minha pele, mas o olhar dele era como brasa. Ele rapidamente se livrou do casaco encharcado e da camisa do uniforme. Seu torso era esguio, musculoso, a pele marcada aqui e ali por pequenas cicatrizes ou sardas. O contraste entre seu bronzeado e a linha mais clara da cintura era visceralmente real.

Ele me puxou para a cama, suas mãos agora aquecidas, urgentes. As cobertas eram frias, mas logo seriam esquecidas. Deitou-me de costas e inclinou-se sobre mim, beijando meu pescoço, meu peito, enquanto suas mãos desciam, tirando meu resto de roupa e a dele. A pele contra pele era um choque elétrico, um combate de temperaturas que rapidamente se equalizou em calor puro.

Ele parou por um momento, apenas nos encarando, ofegantes. A luz cinza do dia moldava os músculos de seus ombros, o arco de suas costas.

"Tem...?" ele começou a perguntar.

"Gaveta do criado-mudo," cortei, a voz rouca.

Ele alcançou o frasco de lubrificante e, sem perder o contato visual, preparou-se e depois a mim. Seus dedos eram meticulosos, firmes, encontrando um ritmo que me fez arquear as costas e enterrar a cabeça no travesseiro. O frio de fora parecia um universo distante.

Quando ele entrou em mim, foi com uma lentidão que beirava a tortura, permitindo que cada centímetro fosse sentido, absorvido. Um gemido longo e profundo escapou de mim, misturando-se ao som da chuva. Ele parou, totalmente dentro, seu rosto enterrado no meu pescoço, respirando pesadamente.

"Deus, você é quente," ele rosnou, suas palavras vibrando contra minha pele.

Então, ele começou a se mover. Uma cadência profunda, irresistível, que nasceu da urgência mas se transformou em algo mais ritualístico. Cada investida aquecia um lugar dentro de mim que o frio do dia havia congelado. Minhas pernas se enlaçaram em seus quadris, meus calcanhares pressionando a base de suas costas, puxando-o para mais fundo ainda.

O quarto ficou cheio de sons: a chuva constante, o rangido discreto da cama, nossa respiração ofegante sincronizada, os gemidos abafados que eu não conseguia conter. Ele mudou o ângulo, e um arrepio violento percorreu todo o meu corpo. Eu gritei, minhas unhas cravando-se em seus ombros.

Ele percebeu e insistiu, seu ritmo ficando mais irregular, mais animal. "Isso... assim..." ele gemia, sua fronte encostada na minha, suor misturando-se, seus olhos claros queimando no meu olhar.

A pressão dentro de mim se tornou insustentável, uma corda prestes a arrebentar. "Vou... Não vou aguentar..." gemi, em um aviso desesperado.

"Junto," ele ordenou, sua voz fracturada. "Vamos juntos."

Foi o que bastou. A explosão veio sem aviso, um turbilhão branco e silencioso que me fez perder todo o controle. Meu corpo arqueou-se violentamente, convulsivo, enquanto eu jorrava entre nós. Meus espasmos internos devem ter sido o gatilho para ele, porque com um gemido rouco e gutural, ele afundou até o fim e derramou-se dentro de mim, seu corpo tremendo numa série de estremecimentos poderosos.

Ele desabou sobre mim, o peso dele esmagador e delicioso. Ficamos entrelaçados, ofegantes, enquanto a onda de calor dava lugar a um cansaço profundo e denso. Aos poucos, o frio do quarto começou a se infiltrar novamente em nossa pele suada.

Ele se moveu primeiro, saindo de mim com um cuidado que me comoveu. Deitou-se ao meu lado, de costas, um braço jogado sobre os olhos. Ambos respirávamos pesadamente, o silêncio preenchido apenas pelo chuvisco contra a janela.

Foi então que ele falou, sem olhar para mim, a voz ainda rouca de prazer. "Minha vez."

Virei a cabeça no travesseiro. Ele estava olhando para o teto, a mandíbula firme. "Sua vez?"

"Você me comeu. Agora eu quero sentir. Quero... que você me faça." Seus olhos se encontraram com os meus, e havia um misto de desafio e vulnerabilidade neles que me prendeu. Era a coragem de um novato, a vontade de explorar tudo, de uma vez só.

"Você... já fez isso antes?" perguntei, sabendo a resposta.

"Nunca." A palavra saiu limpa, um fato. "Mas quero. Com você."

O desejo, que eu achava saciado, reacendeu como uma brasa soprada. Sentei-me na cama e o virei de bruços, gentilmente. Ele enterrou o rosto no travesseiro, seus músculos das costas tensos.

"Vai doer," avisei, pegando mais lubrificante.

"Já espero," sua voz saiu abafada. "Só não para."

Preparei-o com uma paciência infinita, muito mais devagar do que ele havia feito comigo. Ele estava incrivelmente apertado, cada músculo parecia resistir. Ele gemia no travesseiro, uma mistura de prazer e desconforto. Quando senti que ele estava o mais relaxado possível, posicionei-me.

"Respira fundo," instruí.

Ele obedeceu, e eu pressionei. A barreira foi imediata, real. Ele prendeu a respiração, seus dedos se agarrando aos lençóis. "Vai," ele rosnou.

Empurrei, vencendo a resistência final com um movimento firme e contínuo. Ele gritou, um som abafado e agudo de dor genuína. Parei imediatamente, totalmente dentro, sentindo a pulsação violenta dele ao meu redor.

"Sangrou?" ele perguntou, ofegante.

Olhei para baixo. Uma mancha vermelha, pequena mas viva, tingia o lençol sob ele. "Sim," respondi, sem rodeios. "É a marca. Só dessa vez."

Ele acenou com a cabeça, o rosto ainda escondido. "Tá bom. Agora... move. Por favor."

Comecei a me mover com uma lentidão excruciante. A cada investida, sentia seu corpo se adaptar, aceitar, abrir-se. Seus gemidos de dor gradualmente se misturaram, depois foram substituídos por suspiros mais profundos, de prazer descoberto. Ele começou a empurrar para trás, encontrando meu ritmo com uma intuição surpreendente.

Era uma sensação totalmente diferente. Mais quente, mais apertado, mais conquistado. Eu o dominava completamente, e ele se entregava a cada movimento, sua coragem transformando-se em puro êxtase. Minhas mãos seguravam seus quadris, marcando sua pele, guiando-o.

"Assim... caralho, assim..." ele gemeu, sua voz já não escondia o prazer puro.

O ritmo acelerou. Eu estava perdido naquele calor, naquela rendição completa. A visão de suas costas suadas, sua nuca vulnerável, a pequena mancha vermelha no lençol... foi a combinação mais intensa que já vivi. Meu próprio orgasmo se aproximou como um trem desgovernado.

"Vou gozar," avisei, minha voz um rosnado.

"Dentro," ele ordenou, virando o rosto para o lado, seus olhos se encontrando com os meus por cima do ombro. Era um olhar de posse, de aceitação total. "Me marca."

Aquilo foi meu fim. Enterrei-me nele até o fundo com um grito rouco e explodi, pulsando dentro daquele calor virginal que agora era meu. Meu próprio tremor fez com que ele atingisse o clímax novamente, sem tocar nele, seu corpo se contraindo violentamente ao redor de mim enquanto ele esbravejava no travesseiro.

Dessa vez, quando desabei ao lado dele, o cansaço era absoluto. Ele virou-se de lado, enfrentando-me. Sua expressão estava lavada, serena, mas seus olhos brilhavam com uma luz nova. Sem dizer nada, ele esticou a mão e tocou meu rosto.

Não houve palavras por um longo tempo. A chuva parara totalmente.

Quando ele se levantou para se vestir, movia-se com uma leve rigidez, mas um sorriso pequeno e privado brincava em seus lábios. Ele se vestiu em silêncio, mas agora seus olhos pareciam registrar cada detalhe do quarto, de mim, com uma nova calma.

Na porta, ele parou. "A leitura," disse ele, e então um sorriso verdadeiro, quase travesso, iluminou seu rosto. "Acho que hoje eu que fui lido."

Rimos baixo, um som íntimo e compartilhado.

Ele partiu. Da janela, nosso último olhar foi diferente. Havia um acordo ali, um segredo selado não só pelo prazer, mas pela pequena mancha vermelha que ficara para trás, a prova física de uma fronteira cruzada. Uma tarde fria, chuvosa, que aqueceu dois corpos e mudou um para sempre.


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Ficha do conto

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Nome do conto:
Rapaz da companhia de água

Codigo do conto:
248892

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
09/12/2025

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