Era 2024, segunda semana de janeiro pra ser mais exato. Eu, com 25 anos, já tava na lida como professor de educação física na rede pública e morava sozinho aqui em BH. Foi quando recebi a visita do meu primo mais novo pra passar uma semana de férias; ele morava lá pro interior, numa cidadezinha perto de Ouro Preto. O João Pedro — ou só JP pros amigos — ainda ia fazer 18 anos no mês seguinte.
.
Umas três semanas antes, eu tinha reencontrado com ele depois de uns dois anos, naquela reunião de família na noite de Natal. Fiquei bobo com a beleza dele, mas principalmente com o corpo. Na minha memória, ele era só um menino magrelo, sem muito atributo. Mas ali, o bicho tava caminhando timidamente com seus 1,80m, braços fortes, pernas trabalhadas e uma bunda que balançava a cada passo. O short ajudava demais a destacar a silhueta, parecendo dois melões. De frente não marcava tanto quando ele tava de pé, mas era só sentar, com o tecido do short esticando na coxa, que mostrava um volume alongado pro lado esquerdo. Fui pego algumas vezes encarando; ele sorria, com aqueles lábios fartos e olhos claros, cor de mel. Conversamos quase nada, porque ele tava com a namorada e não dava muita trela pro resto do povo.
.
Ainda naquela noite, num momento raro, ele se aproximou enquanto eu tava admirando o céu na área externa. Chegou todo simpático, parou do meu lado e disse que, quando me viu, lembrou na hora da infância, de quando ia na minha casa jogar videogame e de como a gente era grudado. Aí veio o convite: perguntou se eu podia receber ele e a namorada no meu apartamento em BH.
.
A conversa fluiu bem. Depois que eu concordei e a gente planejou o período, ele ficou todo animado e me deu um abraço. Mesmo sendo um homenzarrão, ele ainda tinha um sorriso e uma voz doce. Não conversamos mais depois disso. Eu ficava só observando de longe, com cuidado pra não dar bandeira, afinal, a família inteira já sabia que eu tinha saído do armário na faculdade. Tinha gente que me olhava de esguelha, inclusive o pai dele, meu tio André. Os dias passaram e nada dele dar notícia. Depois do Réveillon, voltei pra BH. No dia 6, ele me ligou.
.
Na tarde do dia 10, ele apareceu. Quando abri a porta, ele tava com uma bolsa de mão grande o suficiente pra uma semana. Sorriu, e quando o recebi, ele me deu um abraço tão forte que senti o corpo quente e o perfume já meio vencido da viagem. Até ali, eu nem achava mais que ele vinha. Já tinha até esquecido as fantasias que eu criava: ele andando pelo meu apê só de short e sem camisa... eu chegava a me masturbar imaginando estar lá com ele. Por algum motivo, eu tava fissurado no meu primo, mesmo sabendo que não ia dar em nada. Mas aí ele entrou e me deu aquele abraço cheio de afeto, o que me incomodou, porque eu só conseguia pensar nele de jeito sexual, enquanto o menino me olhava com respeito e admiração.
.
Ele entrou pela sala e eu fui acompanhando com os olhos, babando mesmo. No meio disso tudo, perguntei:
— E sua namorada? Não veio não?
— Terminamos — ele respondeu, direto e reto.
.
Tiramos o resto do dia pra botar o papo em dia. Até que o assunto tabu da família apareceu.
— Primo, você não faz ideia do custo que foi pro painho me deixar vir te visitar... — olhei pra ele esperando o resto da frase. — Ele disse que não ia ser bom, que eu podia te incomodar... e que você podia me atacar.
.
Ele riu, e eu fiquei com cara de quem levou um tiro sem saber de onde veio a bala.
— Uai, primo, não sei o que o tio tem contra mim, mas fica frio. Eu não vou te atacar não. Não sou tarado, credo.
— Eu sei, primo, precisa ficar sério não. Foi o que eu disse pro velho. Ele tem medo de eu ser "afetado" por você... Se ele soubesse...
.
Ele parou por ali, olhando pra parede.
— Conclua aí, primo. Se seu pai soubesse de quê? — instiguei.
JP me olhou sério, respirou fundo e soltou o que eu menos esperava:
— Primo... como é que você soube que era gay?

Tem que continuar ..