Acerto de Contas



EU SAÍ DO PRÉDIO SEM OLHAR PARA TRÁS. Meus passos eram calmos, parecia que eu estava flutuando, eu tinha ejaculado muitos anos de frustração.


Quando eu conheci Gabriella ela era a garota mais linda que eu já tinha visto. A pele muito branca, os olhos incrivelmente azuis, o cabelo preto e liso, a boca grande e sorridente, o corpo magro, esguio, com quadril largo. Nós éramos adolescentes e eu me apaixonei por ela com uma velocidade absurda. Dali em diante, passei a viver orbitando Gabriella.

Eu saí do quarto deixando ela deitada, nua, as costas expostas, parecia exausta e o meu sêmen escorria abundante do ânus dela, todo aberto, junto com outros fluídos corporais. O sexo tinha sido voraz, um acerto de contas. Não havia doçura, eu comi ela com vontade, sem camisinha, fodi o cú dela até ela implorar para eu parar e gozei dentro dela.

Durante quatro anos, Gabriella esteve presente em minha vida. Feriados, festas, tardes no parque Ibirapuera. Sempre havia um motivo para estarmos próximos. E cada sorriso, cada olhar, alimentava uma ilusão que só crescia em mim. Mas Gabriella nunca correspondeu. Nunca ficou comigo, mas ficava com quem queria. Bonitos, feios, amigos, desconhecidos. Nunca fui um deles. E cada vez que isso acontecia, a minha autoestima se destruía.

Gabriella ainda morava com os pais, em uma cobertura nos Jardins. Naquela noite ela estava sozinha. Entramos no quarto dela já se comendo. Coloquei Gabriella ajoelhada na minha frente, abri a calça social e saquei minha rola para fora. “Chupa, sua vadia”. Ela me chupou, com fome, a língua dela envolvia minha glande e eu enfiava o pau na boca dela, até engasgar. Eu gemia alto, uma mão no encosto da cama, a outra agarrada no cabelo dela, guiando, puxando, comendo ela pela boca, vendo a saliva escorrer pelos cantos. Quando parei, puxei ela pelo braço, virei seu corpo com força e arranquei a calça e a calcinha, tudo junto. “É isso que você queria, né, sua puta?” sussurrei com raiva no ouvido dela, já com a cabeça do meu pau roçando entre suas pernas. Ela só respondeu rebolando, como se implorasse por mais. Posicionei meu pau no cú dela e entrei de uma única vez, com força, e ela gritou: “no cú não”. Metia com raiva, com pressa, como se quisesse apagar cada vez que ela me ignorou. As mãos cravadas na cintura dela, puxava ela pelos cabelos e enfiava o rosto dela no travesseiro para abafar os gemidos altos. “Agora sou eu que te uso, entendeu, sua puta?”, gritei, sentindo o suor escorrer pelas costas. Ela gemia “vai, vai, vai”, como se quisesse que eu gozasse rápido.

Eu me declarei numa noite de um festival de bandas da escola. Gabriella estava linda, como sempre. Precisei de mais coragem para falar com ela do que para subir no palco e tocar With or Without You na guitarra. Depois da apresentação da minha banda, chamei ela num canto e falei tudo que sentia. Ela tentou ser gentil. “Desculpa... eu nunca pensei em você assim. Você é meu amigo.” Nunca imaginei que a palavra “amigo” pudesse doer tanto.

Mas isso acabou vinte anos depois, quando, por acaso, nos reencontramos na rua. Eu sugeri um bar, e ela aceitou rápido, como se já esperasse o convite. Rimos no começo, lembramos de festas, da escola, dos amigos que ficaram pelo caminho. Mas logo Gabriella começou a falar demais — dos ex-namorados, dos caras com quem transou, detalhes que não precisava me contar. Era como se ainda precisasse me provocar. Ela me testava. Mas eu não era mais o garoto inseguro que ela um dia ignorou. Quando mencionei que estava casado, vi um traço de desconforto nela. Ela fingiu surpresa, mas ela já sabia. Foi aí que ela mudou. Passou a sorrir de um jeito diferente, a se oferecer. Encostou a perna na minha, tocou meu braço, e num silêncio curto, eu beijei ela. Um beijo de língua, direto, sem cerimônia. Quando se afastou, ainda com a mão na minha perna, ela disse: “Tô sozinha em casa… vamos para lá?” Eu aceitei porque, no fundo, eu ainda precisava comer ela.

O trânsito estava um inferno por causa de um show do U2 no Morumbi. Eu parado há minutos no farol, com o carro desligado e os vidros abertos, tentava chegar em vão à Cidade Universitária, onde fazia uma pós-graduação. Foi então que vi Gabriella saindo de um prédio comercial. Ela me viu e sorriu. Naquela noite fazia sete anos desde a última vez que nos vimos em um aniversário de algum amigo em comum. Ela gesticulou para eu descer do carro e ficamos conversando na rua. Eu perguntei se ela queria tomar uma cerveja, porque ainda tinha contas para acertar com ela.

Quando eu entrei na faculdade, eu me afastei dela. Cortei o contato aos poucos. Parei de ir aos lugares onde ela estaria. Nossos encontros ficaram raros e ocasionais. Enquanto isso, me reconstruí do jeito que deu. Levei anos. Casei. Virei homem. Gabriella virou lembrança, mas nunca foi embora de verdade. A gente se seguia nas redes sociais, e ali ela seguia sendo uma história mal resolvida, que estava a um clique de distância.

Depois que eu saí do prédio, entrei no meu carro, ainda com o cheiro dela grudado no meu nariz. Abri o Facebook. Toquei no nome dela. Três pontinhos. Bloquear. Confirmar. Era o que eu precisava fazer para seguir. E foi assim que, depois de vinte anos, eu finalmente me despedi de Gabriella. Para nunca mais.


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Ficha do conto

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Nome do conto:
Acerto de Contas

Codigo do conto:
235650

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
15/05/2025

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