Esposa de Marombeiro - Projeto Gravidez - Um Plano e dois Garotos (Parte 29)

...CONTINUANDO:
    As férias ficaram para trás. Cada um voltou para sua rotina como se nada tivesse acontecido. Vanessa retomou seu cargo no escritório de contabilidade, vestindo-se com a sobriedade que disfarçava sua alma inquieta. Marcão voltou para sua vida de personal e negócios escusos. Lucas mergulhou nos estudos de medicina, tentando focar no futuro, um futuro que ele sabia, no fundo, já estava amarrado ao passado. Já Pedro… seguia sendo Pedro: sem rumo, sem pressa, sem propósito. Só existia.
    Pedro evitava cruzar com Vanessa e Marcão nos arredores do condomínio. Quando o inevitável acontecia, o garoto se transformava, olhos no chão, ombros curvados, fingindo que não conhecia o casal.
    Lucas, apesar do foco nos estudos, continuava as partidas de futebol nas quartas-feiras com Pedro e outros amigos. Ninguém sabia de nada. O silêncio entre os dois sobre o que tinham vivido era mais eloquente que qualquer fofoca. Pedro, vez ou outra, tentava arrancar algo. Fazia perguntas inocentes, curiosas, até maliciosas, querendo saber se Lucas ainda falava com Vanessa, se tinha "dado certo com a casada". Mas Lucas desconversava. Preferia guardar para si aquele sentimento que insistia em não morrer.
    O tempo passou. Pedro começou a forçar a barra, trazia amigas em encontros casuais, tentando empurrar alguma delas para cima de Lucas. Fazia parecer natural, “só uma saidinha de casal”, mas Lucas recusava todas. Cortava qualquer clima com um sorriso gentil e distante. Pedro achava que era só desinteresse. Mas a verdade era outra: Lucas ainda amava Vanessa. E mais do que isso, falava com ela. Mandava mensagens semanais, sempre no mesmo tom: carinhoso, esperançoso, completamente entregue.
    Vanessa, por sua vez, escondia se segundo celular no escritório. Um aparelho antigo, só usado para aquela conexão clandestina com o prazer de suas aventuras. Toda semana ela o ligava, lia as mensagens dele e deixava-se invadir por tudo que tentava reprimir. Frases como "Te espero o tempo que for", "Você é a mãe da minha filha", "Acordei pensando em você" ficavam ecoando em sua mente por dias. Às vezes ela respondia. Uma linha ou duas. Raras vezes, mais. Mas ela nunca conseguia ignorar. Porque por mais que ela tentasse enterrar aquilo, ela também sentia.
    A gravidez avançou. Vanessa agora estava com 28 semanas. Sua barriga já não se escondia mais, e dentro dela, uma menina crescia, uma menina que ela sabia ser de Lucas. Ela nunca contou a ninguém. A não ser para às duas amigas da contabilidade, casadas que também adoravam se aventurar. Elas sabiam dessa verdade. Haviam percebido que Vanessa parou de se aventurar achavam que sua gravidez à havia "sossegado". Talvez fosse até fosse gravidez… ou talvez um sentimento maior do que todas elas jamais imaginaram.
    No dia do seu aniversário, no meio da festa entre familiares, Vanessa descobriu uma nova traição de Marcão. Mais uma. Dessa vez, com uma outra prima, dez anos mais nova. Foi a própria mãe quem flagrou e deu a notícia. O chão se abriu sob os pés uma vez mais. Chorou por dias. Chorou tudo o que vinha guardando há anos. Decidiu não voltar para casa. Fico na casa da mãe, cansada da humilhação, do abandono, da frieza. Ela teria em breve um bebê e Marcão cuidaria do que? Ela não teria qualquer apoio do marido, por mais que ele dissesse que ajudaria, ela sabia que ele era incapaz. Estava grávida, carente, exausta e completamente só.
    No quarto dia, ainda anestesiada, ela tomou uma atitude. Mandou uma mensagem para Lucas. Mas não foi uma qualquer. Foi um chamado. Um pedido íntimo, um impulso que veio do fundo do ventre, que veio da alma:
    “Oi Lucas. Desculpe te incomodar. Eu acho que preciso te ver. Pode ser na casa da minha mãe? Venha hoje, perto das 19h, pode ser? Este é o endereço…”
    Antes disso, sentou com dona Ivone, sua mãe. Contou a verdade que há tanto guardava. Disse que Marcão era estéril. Que o bebê em seu ventre era fruto de outro homem. De um encontro. De um deslize? Não… de uma escolha. Não revelou tudo. Apenas que precisava conversar com o verdadeiro pai da sua filha. Era informação demais para Ivone, que ficou em silêncio, sem conseguir opinar. Por fim, decidiu sair naquela noite e dormir na casa de uma amiga, para dar espaço a filha.
    Às 17h30, a campainha tocou.
    Ivone foi atender. Do outro lado da porta, um rapaz jovem, de rosto bonito e postura respeitosa.
— Pois não? — perguntou, confusa.
— Boa tarde. Eu sou o Lucas. Vim ver a Vanessa.
    Ela demorou a ligar os pontos. Fitou o garoto como se ele fosse parte de um sonho. Então a ficha caiu. Arregalou os olhos, levou a mão à boca. Vanessa tinha 38 anos… E aquele ali… era o pai da sua neta?
    Ivone balançou a cabeça, engoliu o susto e deu espaço para ele entrar, murmurando um pedido de desculpas envergonhado.
    Vanessa estava na sala, sentada no sofá, abraçada à própria barriga. Quando o viu, começou a chorar. Não era um choro de tristeza, era alívio, saudade, medo e desejo, tudo misturado.
    Lucas foi até ela sem dizer uma palavra. A abraçou com firmeza, com verdade, como se aquele momento fosse o reencontro de duas almas que nunca deveriam ter se separado.
    Ivone, em silêncio, observou a cena por mais alguns segundos. Depois virou-se, discretamente, e foi até o quarto. Sabia que aquela noite já não lhe pertencia. Pertencia à filha, ao passado que se rompia e ao futuro que começava a se costurar, ali, bem diante dos seus olhos.
    Vanessa soluçava, abraçada ao corpo de Lucas. Seus dedos buscavam o calor do peito dele, como se aquele abrigo pudesse conter os destroços que carregava por dentro. Lucas a segurava firme, acolhendo cada lágrima. Ivone apareceu na sala já pronta para sair e se despediu da filha.
— Tudo bem, mãe — disse Vanessa, com o rosto ainda marcado de choro.
    Assim que a porta se fechou, Lucas levou a mão até o rosto da mulher. Passou os dedos com delicadeza, secando o que podia de lágrimas e mágoas. Seus próprios olhos se encheram. Ele também chorava. Chorava por vê-la assim, por amá-la tanto e finalmente estarem juntos.
    Ele desceu a mão até a barriga dela. Aquela barriga que já não era mais só curvas de desejo como em sua memória. Agora era grande, cheia, real e viva. Ele se ajoelhou diante dela, com o carinho de um verdadeiro pai, e encostou o rosto. Beijou o ventre com devoção. Depois colou o ouvido e esperou… Até escutar. Um som abafado, mas certo. A vida. Sua filha.
    As lágrimas voltaram, agora mais doces. Vanessa fez carinho na cabeça dele, em silêncio. Estava entregue, mas ainda receosa. O amor que sentia por aquele garoto era mais forte do que qualquer dúvida. E era isso que a assustava.
    Lucas levantou, enxugou o rosto e segurou a mão dela. Com cuidado, puxou a aliança que ainda estava em seu dedo. Olhou a peça com reverência e colocou-a sobre a mesinha lateral. Era um gesto silencioso, mas definitivo. Vanessa entendeu. Uma libertação. Um marco. O fim de uma relação podre, para uma nova fase da vida.
    Ela o beijou. Um beijo que era um sussurro de saudade, de promessa, de renascimento. Ele se ajeitou no sofá para recebê-la melhor entre os braços. E a beijou de volta.
    Vanessa estava crua. Sem maquiagem, sem perfume, sem charme ensaiado. Seus cabelos estavam bagunçados, o pijama velho. Mas ali, naquela sala comum, ela era a mulher mais bonita que Lucas já tinha visto. Grávida, vulnerável, real. E ainda assim, a mais irresistível. Finalmente ela era a sua mulher.
    O beijo se inflamou. Os corpos se reconheceram. Logo estavam nus, no sofá da dona Ivone, como se o mundo tivesse desaparecido. Lucas percorreu o corpo dela com carinho e fome, admirando cada curva nova, cada transformação. Quando enfim a penetrou, ela estava molhada, aberta, pronta. Recebeu-o com um gemido abafado que se perdeu entre os lábios do garoto.
    Fizeram amor como se precisassem confirmar o que já sabiam. Como se o tempo não tivesse passado. Como se o mundo lá fora não existisse. Era desejo, era ternura, era reencontro. Gozo e emoção se misturaram. Vanessa sorriu, ainda ofegante, com o hálito quente batendo no rosto de Lucas.
— Eu não quero namorar com você. Quero casar com você — disse ele, sorrindo, ainda dentro dela.
— Eu sei que quer… Mas não. Primeiro vou me separar do Marcão. Depois a gente namora. E só quando tudo estiver claro, limpo… a gente casa — respondeu ela, com um brilho novo nos olhos.
Era a primeira vez que ela falava daquilo em voz alta. Assumindo. Lucas sentiu o peito vibrar.
— Então tá, namorada… Vamos tomar um banho? — disse ele, puxando-se de dentro dela.
    O sêmen escorreu da buceta, lento e quente, manchando o sofá. Ambos olharam e riram.
— Acho que sua mãe não vai gostar disso.
— A gente mal começou a namorar e já estamos fazendo arte, né?
    Ele riu, usou a própria blusa para limpar o excesso de gozo. Depois a ajudou a se levantar, com cuidado, apoiando-a como se fosse algo frágil e valioso.
    No banho, Lucas contou sobre o plano. Já tinha um advogado, o mesmo que fez o divórcio do primo. Vanessa se animou. Ela não tinha ideia por onde começar, e agora tudo parecia mais fácil. Mais possível.
    No dia seguinte, à tarde, foram até o escritório. Lá, ela decidiu: ficaria com 30% do patrimônio. Era justo. Era o mínimo. Marcão que ficasse com o resto, ela só queria paz e distância para começar algo novo.
    Para buscar suas coisas no antigo apartamento, contou com a ajuda de uma das amigas da contabilidade, que era amante de um delegado. O homem fez questão de ir junto, armado e firme. Quando Marcão tentou esbravejar, recebeu um recado direto: se encostasse um dedo em Vanessa, ou tentasse ameaçá-la, o delegado cuidaria dele… pessoalmente.
    A mudança aconteceu. Vanessa voltou para a casa da mãe. O divórcio saiu rápido. Tudo foi vendido, os bens divididos. Ela deixou claro para Marcão que não o queria mais por perto. Se ele insistisse, ela contaria tudo que sabia sobre os negócios sujos e escusos do marombeiro. E isso, ele sabia, seria o fim.
    Marcão aceitou. Envergonhado. Derrotado. E, no fundo, aliviado pelo "prejuízo" não ter sido maior.
...CONTINUA...