A mensagem chegou curta, direta:
“André, é o Léo. Quero te mostrar algo. Vem me ver.”
Logo abaixo, um endereço que eu nunca tinha visto.
Meu coração disparou. Depois de anos sem notícias, Leonardo reaparecia assim, sem explicação. Só mandou.
Atravessei a portaria, me anunciei. O porteiro confirmou pelo interfone e liberou. Entrei no elevador, apertei o andar e fiquei olhando meu reflexo na porta de aço. Minhas mãos suavam. O peito batia forte. O que eu ia encontrar?
O corredor estava silencioso. Toquei a campainha. A maçaneta girou.
Leonardo abriu a porta. Estava de boné baixo e um moletom largo, como se ainda tentasse se esconder. O cheiro de perfume caro chegou primeiro, misturado a um toque mais doce. O rosto tinha algo novo: lábios discretamente mais cheios, o maxilar menos marcado, e uma leve maquiagem, natural, perfeita para um ensaio simples.
— Entra — disse, num tom quase tímido.
O apartamento era limpo, iluminado por luz quente. Sentamos. Ele respirou fundo, como se pesasse cada palavra.
— Eu passei por um trauma. Meus pais morreram num acidente de carro. Foi rápido. Eu fiquei sozinho.
A dor dele encheu o espaço.
— Cara… eu sinto muito. — respondi, sincero. — Não deve ter sido fácil.
Ele agradeceu com um olhar breve e continuou:
— Depois disso, comecei a pensar em quem eu era. Eu sempre quis ser… outra pessoa.
Fez uma pausa curta e completou:
— Pegar todas as meninas, todas as mulheres… nunca fez sentido pra mim. Não me dava prazer. O que eu sentia, de verdade, era vontade de ser uma delas.
As palavras caíram entre nós como uma revelação inevitável.
Ele ajeitou o boné, respirou fundo, e tirou. Os cabelos caíram soltos, contornando o rosto.
— Comecei hormônios, alguns procedimentos… nada radical. Só o suficiente pra me ver diferente no espelho. E pela primeira vez, eu gostei do que vi.
O silêncio ficou denso. Até que ele mudou o tom, mais suave:
— Fiquei sabendo que você virou fotógrafo… você toparia me fotografar?
— Agora? — perguntei, sem disfarçar o impacto.
— Sim.
— Pode ser. Vou pegar a câmera no carro.
Ele sorriu, como se já tivesse esperado por isso.
Desci, respirei fundo na garagem, peguei a câmera. Subi de novo.
Quando abri a porta, já não era o mesmo Léo que me recebera antes. O moletom e o boné tinham sumido. Estava de blusa clara solta e jeans justos, corpo mais delineado, cabelos caindo no rosto, maquiagem leve. Feminino. Natural.
— Assim é melhor — disse, sorrindo.
Ajustei a câmera na mão, regulei a lente. Eu ainda não sabia até onde ele iria naquela tarde. Mas o jeito como me olhava deixava claro que não seria apenas um ensaio comum.
O Ensaio
Ele começou tímido, de pé ao lado da cama, uma mão no bolso, a outra brincando com a barra da blusa. O olhar ainda inseguro, mas já havia um gesto feminino na forma como se movia. Fotografei. Aos poucos, foi se soltando. Virou o rosto para mim, cabelo caindo sobre o olho, e puxou a blusa para cima, deixando aparecer o peito. Foi nesse momento que reparei nas unhas pintadas, discretas, femininas. Como eu não tinha visto antes? Aquele detalhe simples me pegou de surpresa.
Continuei fotografando. A blusa subiu mais, revelando os bicos firmes, sensíveis, resultado dos hormônios e da bombinha. Ali percebi: ele não queria apenas um registro. Queria se revelar por inteiro.
Daí em diante, a sessão ganhou outro tom. Ele subiu na cama, apoiou os cotovelos, mordeu o dedo com um sorriso quase malicioso. Pose provocadora, mas natural, como se sempre tivesse estado ali. O clique saiu automático, mas minhas mãos começaram a tremer.
O jeans desceu devagar, e a cada movimento ele parecia mais certo de si. Até que não havia mais disfarce: estava nu, completamente exposto, se mostrando sem pudor. O corpo reagia sozinho, firme, vivo, e o olhar não era para a câmera. Era para mim.
Baixei a câmera, sem ar. E, de repente, a lembrança daquele dia do jiu-jítsu me atravessou de novo — o cheiro, a confusão, a vontade e o medo. Mas agora era diferente. Não havia mais o garoto popular da escola. Eu estava diante de uma mulher. Uma mulher que, segundos atrás, meu melhor amigo tinha acabado de me apresentar.
Guardei a câmera, pedi desculpas por não poder continuar. Minhas palavras saíram rápidas, quase tropeçando. Dessa vez, quem saiu apressado fui eu.
Quando já atravessava a porta, ainda ouvi a voz dele atrás de mim:
— Ei, André… não me chamo mais Leonardo. Agora sou Lorena.
O corredor parecia mais longo do que antes. E, dentro de mim, a certeza de que nada seria igual dali em diante.
As revelações e descobertas vão revelando muito do que precisava aparecer, para todos. Sequencia gostosa e muito bem escrita.
Delicia, amo muito trans e já fui flagrado nú com uma trans numa rua escura a noite e sinto tesão quando sou flagrado e meu maior sonho é gravar um vídeo com uma trans ou duas num sitio, fazenda ou trilha da praia de nudismo.