Depois do primeiro ensaio à beira do sofá, o clima ficou mais leve. Guardamos a câmera, rimos um pouco e nos sentamos à mesa. Jantamos simples, com vinho barato para aquecer, e conversamos sobre coisas corriqueiras da vida: lembranças de escola, amigos em comum, até sobre os perrengues do dia a dia. Por alguns instantes, parecia que éramos só dois velhos amigos colocando a conversa em dia, sem segredos entre nós.
Mas quando cada um se recolheu para o próprio quarto, o silêncio da serra pesou. Eu me deitei, achando que a noite terminaria ali. Foi então que o celular vibrou na mesinha ao lado.
“Você já dormiu? Me arrumei de novo e tô com vontade de fotografar mais. Vem no meu quarto.”
Suei frio. O coração disparou, e um peso estranho tomou conta de mim — remorso, talvez, ou medo de atravessar uma linha que eu fingia não existir. Mesmo assim, levantei. Peguei a câmera e caminhei até o quarto dela. A porta estava só encostada.
Empurrei devagar.
A cena me paralisou.
Lorena estava deitada na cama azul, só de calcinha branca e meias coloridas até os joelhos. O cabelo preso em maria-chiquinha dava a ela um ar provocativo, quase infantil. Na boca, um pirulito arco-íris, já melado de saliva. Na outra mão, outro doce.
— Pensei que não ia vir… — disse, mordendo a ponta do pirulito. — Quero que registre isso também.
Ajeitei a câmera com as mãos trêmulas.
O primeiro clique ecoou quando ela começou: chupava o doce com vontade, a língua deslizando pelas cores até deixá-lo encharcado. Depois passou o pirulito pelo corpo, roçando nos peitinhos, descendo pela barriga, até alcançar a virilha. Puxou a calcinha de lado e encostou devagar no bumbum.
Quando começou a enfiar, a reação foi imediata. O corpo arqueou, um gemido abafado escapou — e o pau, até então mole, ganhou vida na mesma hora. Endureceu rápido, engrossou, pulsou, chegando a babar de tanto tesão.
A cena só ficou mais insana quando ela começou a trocar os doces. Tirava um da boca e enfiava no cu, tirava do cu e levava de volta à boca, lambendo sem nojo, como se fosse natural. A cada troca, sorria para a lente, maliciosa, sabendo o efeito que causava em mim.
Depois de várias “pirulitadas”, se ergueu sobre a cama. Na mão, o pirulito arco-íris molhado de saliva. Entre as pernas, o pau duro e brilhando, babando de excitação. O olhar de cima, cravado em mim, dizia tudo sem palavras.
Não falou nada. Mas parecia oferecer os dois ao mesmo tempo — o doce e a carne.
Congelado, senti o coração bater na garganta. A dúvida queimou dentro de mim: se tivesse que chupar, seria o pirulito… ou o pau dela?
Fiquei imóvel por alguns segundos. Então, engolindo seco, ergui a câmera e cliquei. O estalo da foto soou como uma confissão.
Ela percebeu minha excitação sob o pijama. O sorriso de canto denunciava que já sabia demais. Eu, sem jeito, desliguei a câmera.
— Boa noite, Lorena. — falei, quase sem voz.
Saí do quarto apressado, tentando escapar do que já estava grudado em mim.
Na cama de hóspedes, fechei os olhos. O sono foi tortura. Sonhei que ela batia punheta pra mim, gemendo meu nome. Acordei suado, o coração em disparada, me renegando em silêncio.
“Eu gosto de mulher. Eu gosto de mulher.” repeti como um mantra inútil.
Mas, pela primeira vez, não tinha certeza alguma.