Sem dizer uma palavra, ele abriu a porta mais, inclinou-se profundamente e, num movimento fluido e praticado, pôs-se de quatro no chão. Sua testa quase roçou o frio do piso enquanto seus lábios buscavam os pés dela, ainda nos sapatos do trabalho. Cada beijo era uma prece, cada toque de seus labios contra a pele dos pés da esposa uma renovação de seu voto de submissão.
Ela entrou, deixando a porta fechar-se atrás de si, uma rainha chegando ao seu castelo. Caminhou lentamente pela sala, sabendo que ele a seguiria. E ele seguiu, um animal fiel, rastejando, seu mundo limitado ao chão e aos pés de sua dona. O som ritmado dos seus beijos nos seus pés era a única música que ele precisava ouvir. Ela parou no meio da sala, e ele parou com ela, ainda de quatro, sua cabeça ainda abaixada.
Depois de um longo momento de silêncio, apenas quebrado pelo ofego contido de Chistian, a voz dele saiu, rouca e cheia de uma submissão que já era sua segunda natureza. "Minha senhora... faz catorze dias. Catorze dias sem poder sair de casa porque estou nu, sem poder vestir uma única peça de roupa."
Ele fez uma pausa, o peso da gaiola parecendo mais pesado naquele instante. "E isto... a gaiola prendendo meu pintinho....isto também faz catorze dias. Sem parar. Está... difícil."
Ela olhou para baixo, não com piedade, mas com uma avaliação calma e possessiva. Um pequeno sorriso tocou os cantos de seus lábios. "E continuará assim, meu querido", disse ela, sua voz suave, mas com a firmeza do aço. "Até que eu decida o contrário. E não vou decidir tão cedo."
Claudionor sentiu uma onda de calor percorrer seu corpo, não de vergonha, mas de conformação. A vergonha, se é que um dia existiu, havia desaparecido há muito tempo. A ordem dela era a única realidade que importava. Ele suspirou, um som de rendição total, e voltou a beijar seus pés, seu único propósito e sua única paz.
