Eu estava na copa da empresa, numa sexta-feira de manhã, quando um colega chegou contando essa história: “Gente, vocês não vão acreditar… O meu primo foi atacado pela Boqueteira Fantasma!” Todo mundo riu, achando que era piada, mas ele jurava que era verdade. “Foi na madrugada de quarta. O moleque saiu da balada meio bêbado, indo pro carro, e a mina apareceu. Capuz, celular, a fala doida...” Era tanta riqueza de detalhes que ninguém teve coragem de dizer que era mentira.
Outro colega mais velho entrou na conversa: “Mano, isso aí é lenda urbana. Conheço esse papo tem 10 anos… ela aparece sempre do mesmo jeito. Moletom com capuz, sempre falando no celular. Ataca entre as três e seis da manhã, geralmente em saída de balada. Já escutei história de ataques ali perto do Villa Mix, depois no estacionamento do Wendy’s, depois na Riviera. Agora dizem que ela ronda a Baze, o Gaúcho, a frente do Corrientes. Mas ninguém sabe quem é. Ela só aparece e… bom, faz o serviço.”
A mulher não pediu nome, nem perguntou nada para o garoto. Só falou: “Vem comigo.” E ele foi. Ela virou a esquina em uma rua mais deserta e parou atrás de um carro estacionado. Ele contou que o coração batia feito louco, entre a excitação e o medo — parecia uma armadilha, uma pegadinha, que seria assaltado. Mas ela se virou, o empurrou de leve contra o carro, se ajoelhou e abriu o zíper dele. Ela nem olhou pro rosto dele, só abaixou o capuz até os olhos ficarem escondidos e começou. A boca era quente, molhada, sugava com força e ritmo, alternando entre a cabeça e a base, deslizando a língua ao redor, como se tivesse decorado cada movimento. Ele tentou encostar nela, tocar seus cabelos, suas coxas e ela afastou a mão com um tapa firme e seguiu chupando o menino. Disse que quando o gozo veio ele tentou avisar, mas ela não parou e engoliu tudo, bebeu mesmo. Depois se levantou sem dizer uma palavra, limpou os lábios com a manga do casaco, ajeitou o capuz e simplesmente sumiu.
Alguém disse que tem alguma informação sobre ela na internet, mas as versões variam. Alguns dizem que já viram um vídeo dela chupando um rapaz, que ela se chama Amanda ou Letícia. Outros não sabem se ela mora na Rua Bandeira Paulista ou no condomínio Quintas do Morumbi. Tem quem diga que o pai era um médico famosíssimo e que ela anda numa BMW X1 branca. Outro contou de um perfil, no Twitter e outro no Instagram, e que ela teria até um grupo no Telegram. O que parecia certo é que ela só escolhia moleques bonitos, novos, universitários. Nada de tiozão.
Todos os homens ficaram transtornados com essa história. Pareciam em pânico, assustados com a possibilidade de serem vítimas da Boqueteira Fantasma. Eles precisavam fazer alguma coisa. Alguém insistiu na pergunta: “Ela ataca na região da JK?” e concluiu: “Então hoje acho melhor a gente fazer o Happy Hour no Juarez depois do expediente, né? Vai que…”