No balanço do ônibus, tentando me equilibrar, vi ela subir na parada seguinte. Cabelos cacheados soltos, mochila atravessada no peito, saia social azul, pernas à mostra. Morena, firme, olhar direto. Ela me viu também. E veio.
Não falou nada. Só entrou e se posicionou bem na minha frente, no pequeno espaço entre os bancos da articulação. O ônibus balançava a cada freada, e logo nossos corpos começaram a se tocar. Primeiro de leve, como se fosse acidente. Ombro, quadril, coxa. Até que virou natural. Era como se ela tivesse escolhido exatamente aquele lugar por isso.
A mochila dela no peito servia de barreira — e de desculpa. Me aproximei mais. A cada movimento, minha mão roçava na lateral da perna dela, subindo devagar. Ela não recuou. Olhava pro vidro da porta traseira, mas não parecia ver a rua. Estava concentrada em outra coisa. Em nós.
Me aproximei mais, agora colado. A saia dela tinha subido com o movimento, e minha mão já tocava sua coxa nua. Subi mais um pouco, devagar, sentindo a pele quente. Ela respirou fundo. A respiração dela mudou — curta, entrecortada.
O ônibus estava entupido. Gente em pé, cabeça baixa, música no fone. Ninguém via nada. E ela sabia disso.
Minha mão subiu ainda mais, agora por baixo da saia. Ela afastou levemente as pernas. Não precisava dizer nada. A resposta estava ali. Os dedos encontraram a calcinha já encharcada. Pressionei com cuidado, sentindo o calor pulsando. Ela arqueou o quadril discretamente, empurrando contra minha mão.
Com os olhos fixos no vidro da porta, ela mordeu o lábio inferior. Escorreguei os dedos pra dentro, por baixo da calcinha. Ela estava absurdamente molhada. Comecei a deslizar devagar, massageando o clitóris com a ponta dos dedos. Ela pressionava de volta, em movimentos sutis, o quadril marcando o ritmo.
O ônibus seguia o caminho, indiferente ao que acontecia ali, no meio da sanfona.
Ela soltou um leve gemido abafado, quase imperceptível. Mas eu ouvi. E continuei. O suor escorria pelas nossas peles, misturado ao desejo. Os dedos mergulharam mais fundo. Ela estava escorrendo. Apertava a barra da mochila como quem tenta se controlar, mas não parava de se mover — quadril contra minha mão, acelerando o ritmo, sem medo de ser vista.
Até que, num tranco mais forte do ônibus, ela soltou o ar com mais força e travou o quadril por alguns segundos. Sabia o que aquilo significava. Ela gozou ali, entre os bancos, escondida da cidade inteira.
Minha mão saiu debaixo da saia, ainda quente, ainda pulsando. Ficamos parados, sem trocar uma palavra.
Ela desceu duas paradas depois, sem olhar pra trás. Mas o sorriso rápido que lançou pro vidro foi o bastante pra me deixar esperando pela próxima.