Eu sou Aline. Trinta e oito anos, otorrinolaringologista, dona de uma vida que se desenha perfeita sob o olhar alheio: morena clara de pele macia, corpo magro e atlético esculpido nas corridas matinais. Meu rosto, sempre elogiado, é uma composição harmoniosa – olhos castanhos expressivos, lábios cheios que se abrem em um sorriso de confiança inata. Carrego uma elegância discreta nas blusas de seda e saias lápis que vestem meu consultório. Casei com um homem gentil, um colega da mesma especialidade, que me deu duas filhas lindas e uma existência de aparente placidez. A clínica era nossa, um espaço pequeno mas impecável, onde o cheiro de antisséptico se misturava ao zumbido constante do ar-condicionado. Há dois anos, abrimos outra unidade, e ele partiu para geri-la, deixando-me sozinha com minhas duas secretárias: Keila e Natany.
Natany, morena clara de cabelos negros e cacheados, tem um corpo generoso, com curvas cheias e macias que ela veste em vestidos soltos. É tagarela, observadora, e cuida das esterilizações e do estoque com um humor jovial que alegra o ambiente.
Mas esta história não é sobre a aparente perfeição. É sobre um segredo que teimei em enterrar na adolescência: os beijos roubados de uma amiga, os toques furtivos que incendiavam meu corpo, um calor que atribuí à confusão da idade. Julguei ter me livrado disso ao casar, ao abraçar os papéis de esposa e mãe. Até que, nos últimos meses, aquele desejo adormecido despertou com uma força avassaladora, e no epicentro dele estava Keila.
Keila entrou na clínica há seis anos como uma funcionária comum. Morena, magra, vinte e oito anos, com cabelos negros e lisos que desciam como um manto de seda até a cintura. Seus olhos escuros, profundos e penetrantes, pareciam ter o dom de ver além das minhas roupas e das minhas defesas. Um rosto oval, maçãs salientes e um sorriso que acalmava até os pacientes mais nervosos. Casada, mãe de um menino de cinco anos, era meticulosa: a agenda, as chamadas, os prontuários, tudo fluía com uma precisão silenciosa que mantinha a engrenagem do consultório funcionando. No início, era apenas uma peça eficiente. Mas Keila começou a transbordar dos limites profissionais.
Era o cuidado. Ela lembrava que a dona Maria, com sua sinusite crônica, preferia o café amargo. Antecipava minhas necessidades, deixando os exames prontos sobre a mesa antes mesmo que eu os solicitasse. Certa manhã, após uma noite em claro com minha filha mais nova gripada, encontrei uma xícara de café fumegante ao lado do meu espelho frontal. Um bilhete singelo: “Força, doutora”. Algo desabou dentro de mim. Comecei a notar os detalhes: o movimento gracioso com que ajeitava os fios de cabelo, o brilho nos olhos quando ria baixo. Meu corpo, traidor, reagia com um formigamento no ventre, meus mamilos endurecendo sob o tecido fino da seda. “É só admiração profissional”, repetia para mim mesma, mas a adolescente que havia em mim sussurrava, incrédula e ansiosa.
Ela foi se infiltrando na minha vida com gestos sutis. Quando minha filha mais velha apareceu com febre, foi Keila quem a levou para um sorvete na esquina. Quando meu carro quebrou, foi seu perfume floral que encheu o interior do carro na carona, sua voz suave transformando o contratempo em um momento leve. Aqueles gestos construíram uma ponte entre nós. Já não era apenas uma funcionária; era uma confidente. Na sala de descanso, entre o cheiro de café frio e biscoitos, desabei: “Meu marido é um bom homem, mas a conexão se foi”. Ela me ouvia, seus olhos negros fixos nos meus, e sussurrava: “Você merece mais, doutora”. Meu coração acelerava, uma umidade quente e traiçoeira umedecia minha calcinha, e eu lutava contra a maré interior – casada, mãe, médica, (e devota de Santa Inês) eu não podia, não devia.
Keila, porém, era uma mestra na sedução sutil. No corredor apertado, entre as fileiras de cadeiras de espera, nossos corpos se esbarravam "de propósito". Ela se aproximava mais do que o necessário para entregar um papel, seu perfume invadindo meus sentidos, o calor do seu corpo magro roçando o meu. Ajustava meus óculos com dedos leves – “Tava torto, doutora” –, ou alisava o colarinho da minha blusa, seus nós dos dedos tocando minha nuca e enviando arrepios elétricos que faziam meu clitóris pulsar, latejante e faminto. “Você está tão elegante hoje”, ou “Seu sorriso ilumina este lugar”. Cada palavra, cada toque ambíguo, me deixava com a calcinha encharcada, uma pulsação visceral que subia das profundezas, deixando minhas coxas trêmulas e minha respiração curta. À noite, sozinha na cama, eu me entregava aos meus dedos, circulando o clitóris entumecido, imaginando sua boca em meus seios, seu corpo esguio entrelaçado ao meu, até gemer e me contorcer com a imagem de seus olhos negros, ondas de prazer me consumindo por dentro.
O clímax da tensão veio numa tarde exaustiva. Keila, percebendo a rigidez nos meus ombros, guiou-me para o consultório vazio após a última consulta. Com a porta entreaberta, suas mãos firmes mas suaves massagearam meus ombros, descendo pelas costas, suas palmas roçando de leve as laterais dos meus seios. Meu corpo incendiou-se – mamilos eretos e doloridos, uma corrente de fogo percorrendo-me até o ventre, onde a umidade se acumulava, pesada e quente, fazendo minha vagina contrair em espasmos de ansiedade. Soltei um gemido abafado, um “Está ótimo, Keila” que soou como uma súplica. Ela sussurrou, seu hálito quente no meu ouvido: “Você merece relaxar”. Naquela noite, me masturbei até à exaustão, imaginando a sua língua a explorar cada centímetro do meu ser.
A explosão era inevitável. Num dia calmo, com o consultório vazio e Natany fora para um lanche, a necessidade tornou-se uma dor física. Mamilos duros, clitóris a latejar, coxas a tremer. Keila fechou a porta e, sem uma palavra, seus lábios encontraram os meus. Era um beijo que exalava a desejo reprimido e a verdades proibidas, uma dança úmida e profunda que silenciou a voz da razão. Ela puxou-me para a sala de audiometria, um cubículo esquecido com um sofá empoeirado. Ajoelhou-se, ergueu minha saia lápis e afastou a calcinha.
Nunca tinha sentido algo tão delicioso. Sua língua era um instrumento de pura devoção, tocando meu clitóris inchado com uma precisão cirúrgica – lambidas lentas e circulares que se transformavam em movimentos rápidos e firmes, sempre no ponto exato. Ondas de calor expandiam-se pelo meu ventre, minha vagina contraía-se em espasmos ritmados, um fluido quente escorria pelas minhas coxas. Apertei meus seios, arquei as costas, entreguei-me a um êxtase que me rasgava por dentro. Gozei em ondas violentas, um tremor incontrolável a percorrer-me, a minha vagina a pulsar com uma força que me deixou tonta e atordoada. E então, a culpa. Um golpe seco no estômago. Enquanto ela se levantava, o rosto brilhante, e com um misto de ciúme e posse disse: “Você nunca ficaria comigo, não é?”, eu senti o peso da minha vida desmoronar sobre mim.
Por semanas, evitei-a. Cada paciente examinado, cada receita de gotas nasais, era uma tortura para não me perder naquele olhar. Mas o seu carinho genuíno pelas minhas filhas, a forma como as envolvia, quebrava-me. Chamei-a para a sala de descanso. “Keila, isto não pode continuar”, disse, a voz a falhar. Ela chorou, lágrimas percorrendo seu rosto oval: “Aline, eu te amo. Sou casada, tenho um filho, mas é a ti que eu quero”. Sua vulnerabilidade foi a minha ruína. Abracei-a, senti seus ossos delicados contra o meu corpo, e soube que a resistência tinha chegado ao fim.
A reconciliação durou menos de uma semana. Numa tarde, após um paciente com rinite, estávamos novamente na sala de audiometria, corpos colados, beijos famintos, mãos a explorar curvas sob as roupas. Natany quase nos surpreendeu, mas saímos a rir, nervosas e intoxicadas. A partir daí, os orais de Keila tornaram-se a nossa liturgia. Na sala de descanso, ela ajoelhava-se e, com aquela boca habilidosa, levava-me ao orgasmo em minutos, deixando-me trémula, encharcada, e profundamente viva. Eu retribuía, saboreando o seu sal, sentindo o seu corpo a tremer contra a minha boca, os seus gemidos abafados a serem a nossa única música.
Uma noite, com o consultório fechado, dei-lhe carona porque o carro estava no mecânico. Paramos em frente à sua casa. “Entra. O meu marido não está.” A voz era um fio, um convite perigoso. O conflito rugiu dentro de mim, mas entrei. Na sala às escuras, ela puxou-me para um beijo profundo. As minhas mãos encontraram a sua saia, os meus dedos deslizaram na sua humidade quente, sentindo as suas contrações. Ela veio primeiro, um tremor silencioso, e eu depois, ofegante. Da cozinha, ouviam-se os risos baixos do seu filho e da irmã dela – uma plateia inconsciente do nosso adultério.
A culpa veio no carro, a chorar sozinha. Mas o desejo era mais forte. E os encontros continuaram.
Até que, numa tarde de consultório vazio, no mesmo sofá da sala de audiometria, Keila tinha a cabeça entre as minhas pernas, a sua língua a conduzir-me ao delírio, quando a porta se abriu. Natany parou, os seus olhos amendoados arregalados.
Delicia de buceta e do rabo
Delicia de buceta w Di rabo