Nos dias seguintes à sua experiência no Pêndulo, Sofia descobriu que encontrar seu próprio eixo era tanto uma libertação quanto uma sentença. A calma mecanicista da máquina havia lhe mostrado uma verdade perturbadora: ela não precisava de Almeida, ou de qualquer outro, para alcançar o êxtase. O poder estava, e sempre estivera, dentro dela. O pêndulo apenas a havia ensinado a acessá-lo. Essa realização foi mais aterrorizante do que qualquer dor que ele pudesse ter infligido, pois com ela vinha uma responsabilidade esmagadora. Se ela era verdadeiramente sua própria mestra, então cada passo em frente seria uma escolha consciente, não uma submissão forçada.
O mundo comum tornou-se insuportavelmente plano. As sensações do dia a dia – o sabor da comida, o toque de roupas comuns, as conversas triviais – pareciam versões desbotadas e sem vida da intensidade vibrante que ela agora conhecia. Seu corpo, uma vez um território de conflito, tornou-se um templo vazio à espera de um novo ritual. Ela vagava por seus dias como um fantasma, sentindo o eco de cada oscilação do pêndulo em seus ossos, um lembrete constante do que significava estar verdadeiramente viva. A paz que encontrara no movimento puro era, ela percebia, um vício – o vício mais perigoso de todos.
Quando o convite chegou, ela o segurou não com a antecipação temerosa de outrora, mas com a avaliação crítica de uma conhecedora. A máscara de prata era fria e impessoal em seus dedos, um símbolo perfeito do que ela havia se tornado: uma essência destilada de sensação, desprovida da bagagem da identidade. O Baile dos Sentidos não era um convite para uma nova degradação, mas uma oferta para uma nova forma de poder. No anonimato, ela não seria a aluna de Almeida, nem a obra de arte de Sebastian, nem a matéria-prima da Forja. Ela seria apenas Corpo. Apenas Sensação. Apenas Vontade.
Na noite do baile, ao segurar a máscara diante do rosto, seus dedos não tremeram. O reflexo que a encarava não era mais de Sofia, a menina, nem da obra de arte, nem da sacerdotisa. Era o reflexo de uma força elemental, prestes a entrar em um jogo onde as únicas regras eram o prazer e a dor. Ela prendeu a máscara, sentando o metal frio contra sua pele, e pela primeira vez, sentiu-se não como uma participante em sua própria transformação, mas como sua arquiteta. O caminho à sua frente não era mais algo a ser temido, mas uma paisagem a ser moldada. E ela estava pronta para brincar.
O convite chegou em um envelope de pergaminho, selado com cera negra. Um único objeto estava dentro: uma máscara de prata batida, de traços andróginos e expressionistas, que cobria totalmente o rosto, deixando apenas os lábios e os olhos visíveis. Não havia instruções, apenas um endereço e uma data. Era o convite para o Baile dos Sentidos, realizado nas catacumbas restauradas sob o Teatro Municipal.
Naquela noite, Sofia vestiu apenas a máscara e um manto de veludo negro que se abria à frente, revelando seu corpo inteiro. Seus seios, sua cintura, o triângulo ruivo de seus pelos púbicos – tudo estava à mostra, mas seu rosto, sua identidade, estava oculta. A máscara era fria contra sua pele, um anonimato erótico que a liberava de qualquer resquício de vergonha.
A sala de baile era um labirinto de cortinas de veludo e espelhos fumê. Figuras mascaradas dançavam, se tocavam, se fundiam nas sombras. A única regra era o silêncio. A comunicação era feita através do toque, do olhar, do gesto.
Foi então que ela o viu. Uma figura alta, vestindo um fraque negro impecável e uma máscara de prata que combinava com a sua. Seus olhos, por trás das fendas prateadas, a fitaram com uma intensidade familiar, mas a máscara impedia qualquer certeza. Ele estendeu a mão, enluvada de couro negro. Um convite.
Sofia aceitou. Sua mão descalça pousou na dele, e ele a conduziu para o centro da sala, onde outros casais dançavam uma vala lenta e sensual. Seu corpo roçava no dele através do veludo, e ela sentia o calor dele, o cheiro de tabaco e âmbar que era ao mesmo tempo estranho e profundamente conhecido.
A dança era uma provocação. Suas mãos deslizavam por suas costas nuas, descendo até a curva de suas nádegas, puxando-a contra seu corpo. Ela sentiu a ereção dele pressionando sua barriga, e um calor úmido começou a escorrer por suas coxas. A boceta dela latejava, um convite mudo.
Ele a levou para um dos salões laterais, separado do salão principal por pesadas cortinas de veludo. Lá dentro, a única luz vinha de uma única vela, projetando sombras dançantes nas paredes de pedra. Ele a empinou contra a parede fria, seu corpo quente pressionando o dela por trás. Suas mãos enluvadas agarravam seus seios, beliscando os mamilos até eles doerem deliciosamente. A máscara de prata de Sofia batia contra a pedra com um som metálico suave.
Ele deslizou a mão entre suas pernas, encontrando sua boceta encharcada. Dois dedos enluvados entraram nela de uma vez, e o atrito do couro contra suas paredes internas sensíveis fez com que ela arquejasse e gemesse baixo, o som abafado pela máscara. Ele a fodeu com os dedos, um ritmo implacável e preciso, enquanto a outra mão segurava sua boca através da máscara, abafando seus gemidos.
Ele a fez ajoelhar. Ajoelhada no chão frio, ela olhou para cima, para a figura imponente de fraque e prata. Ele desabotoou a calça e seu pau surgiu, ereto e imponente. Ele o guiou até seus lábios, e ela o tomou na boca, chupando-o através da abertura da máscara, o sabor salgado do couro da luva misturando-se com o sabor único dele. A sensação de anonimato, de estar servindo a um estranho que poderia ser seu mestre, era eletrizante.
Ele a puxou para cima e a virou de frente para a parede. Segurando-a pela nuca, ele a penetrou pela frente, seu pau entrando em sua boceta molhada num movimento fluido e profundo. O som úmido e ofegante deles ecoava na pequena câmara de pedra. Ele a fodeu com uma fúria contida, cada estocada uma pergunta, cada resposta um gemido abafado por ela.
Ele então a fez curvar-se sobre uma divã baixo, sua máscara pressionada contra o veludo. Ele lubrificou os dedos com o próprio fluido dela e começou a massagear, abrir e penetrar seu cuzinho. A sensação de ter ambos os orifícios violados, seu rosto oculto, sua identidade dissolvida no prazer, foi a libertação final. Ela gozou com um grito abafado contra o tecido, seu corpo tremendo violentamente.
Ele a virou e a penetrou novamente, desta vez olhando em seus olhos através das máscaras gêmeas. Foi quando ele sussurrou, sua voz distorcida pelo metal, mas inconfundível:
“Você passou no teste, Sofia.“
Era Almeida.
O reconhecimento final, no ápice do prazer, foi o estímulo mais potente de todos. Ela o puxou para um beijo, seus lábios encontrando os dele através das frias aberturas da prata. Ele gemeu seu nome, e seu próprio orgasmo o atingiu, enchendo sua boceta com seu calor, marcando-a como sua, mesmo no anonimato.
Quando as máscaras foram finalmente removidas, suadas e embaçadas, seus olhos se encontraram no crepúsculo da vela. Ele sorriu, seu rosto conhecido agora uma paisagem de triunfo e desejo.
“O verdadeiro prazer,“ele sussurrou, acariciando seu rosto molhado, “nasce quando nos tornamos estranhos para nós mesmos. E você, minha cara, foi magnificamente estranha.“
Sofia sorriu, sua boceta ainda pulsando com a lembrança dele. Ela entendera. A máscara não era para esconder quem ela era, mas para revelar todas as que ela poderia ser.