Ricardo viajou na sexta-feira à tarde. O destino era São Paulo. Oficialmente, uma conferência sobre direito tributário. Extraoficialmente? Uma caçada. ?Eu fiz a mala dele. Coloquei os ternos italianos, as camisas de algodão egípcio e, escondido no fundo, dentro de uma necessaire discreta de couro, o "kit de sobrevivência" da Boneca: a calcinha de renda preta que ele usou no Rio, o plug de metal e um lubrificante à base de água. ?"Comporte-se, amor," eu disse, ajeitando a gravata dele na porta de casa. "Ou melhor... não se comporte." ?Ele sorriu, aquele sorriso ansioso e submisso. "Eu vou tentar achar alguém, patroa. Alguém que tenha a pegada... parecida com a sua." ?"Acha um touro, Ricardo. Deixa ele te usar. E quando voltar, eu quero o relatório completo. Com fotos, se possível." ?Ele saiu flutuando. Ele ia para São Paulo para ser o Doutor de dia e a Boneca de noite, em saunas ou hotéis, buscando o alívio que só a humilhação lhe trazia. ?A casa ficou vazia. Silenciosa. Minha. ?Eu sabia que ele sabia dos meus amantes. Ele sabia do Cadu (o "Rei"), ele sabia do Jonas (o "Presidiário") e ele tinha visto o Paulo e o Kaio (os "Touros"). A minha vida sexual com homens era um livro aberto para ele, o combustível das punhaladas dele. ?Mas havia um capítulo que ele não lia. Um capítulo trancado a sete chaves. ?Gisele. ?Para Ricardo, ela era a empregada eficiente. Para mim... ela era meu oásis. Minha amante secreta. A única pessoa que me tocava não para me quebrar, mas para me venerar. ?No sábado à noite, eu a convoquei. Não como funcionária. Como amiga. Como cúmplice. ?"Traz aquele vinho que você gosta, Gi. Hoje a noite é nossa." ?Ela chegou às oito. Sem uniforme. Usava um vestido simples de alcinha, solto, cabelos soltos e cheirosos, e aquele sorriso de quem sabe onde pisa. ?Nós nos sentamos no tapete da sala, o mesmo tapete onde Ricardo tinha sido arrombado dias antes. A garrafa de vinho aberta entre nós, taças cheias, luzes baixas. O ar condicionado zumbia suavemente (obrigada, Jonas). ?Eu comecei a falar. ?Eu precisava contar. Eu precisava tirar de dentro de mim a magnitude da depravação que tinha tomado conta da minha vida nas últimas semanas. E Gisele... Gisele era o público perfeito. ?Eu contei tudo. ?Contei do Rio de Janeiro. Descrevi, com detalhes sórdidos, a sala do apartamento em Copacabana. Falei do Paulo, o gigante negro, e de como ele me fodeu olhando no espelho enquanto meu marido mamava o Thiago no chão. ?Gisele ouvia, os olhos arregalados, a taça de vinho parada no meio do caminho até a boca. ?"Meu Deus, patroa..." ela sussurrava. "O Doutor Ricardo... mamando? De quatro?" ?"Como uma cadela, Gi. E gostando. Ele limpou a porra do chefe da minha buceta com a língua." ?Gisele estremeceu. Ela cruzou as pernas, inquieta. Eu sabia que ela estava molhada só de ouvir. ?Depois, contei da casa de swing. Falei do Kaio. Do quarto de espelhos. Do banho de leite que tomamos juntos. ?"A senhora... a senhora virou a dona de tudo, Dona Luana," Gisele disse, olhando para mim com uma mistura de medo e adoração. "A senhora pegou o casamento e virou do avesso." ?"Eu só peguei o que era meu, Gi. O prazer." ?Eu tomei o último gole do vinho. O álcool aquecia meu sangue, mas o olhar da Gisele me aquecia mais. ?"Mas sabe o que é engraçado, Gi?" eu disse, me arrastando pelo tapete até ficar perto dela, tocando o joelho dela. ?"O quê, patroa?" ?"É que... o Paulo tem uma tora. O Kaio tem uma jiboia. O Cadu tem o ritmo. Eles me arrombam. Eles me preenchem. Eles me fazem gritar..." ?Eu passei a mão pelo rosto dela, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. ?"... mas nenhum deles... nenhum... me faz sentir o que você faz." ?Gisele parou de respirar. O elogio a atingiu como um raio. ?"Eles usam o meu corpo, Gi. Você... você lê o meu corpo." ?Ela sorriu. Aquele sorriso de sacerdotisa. Ela colocou a taça de vinho no chão, longe, para não derramar. ?"Então deita, patroa," ela sussurrou. "A senhora já falou demais. A senhora já serviu os homens. Agora deixa a Gisele servir a rainha." ?Eu me deitei no tapete felpudo. ?Gisele não teve pressa. A noite era longa. Ricardo estava a 500 quilômetros de distância, provavelmente levando ferro. Nós estávamos sozinhas. ?Ela levantou meu vestido. Eu estava sem calcinha, claro. Eu sempre a esperava pronta. ?Ela se ajoelhou entre as minhas pernas. Ela olhou para a minha buceta como se fosse o Santo Graal. ?"Tão linda..." ela murmurou. "Tão usada... tão minha." ?Ela se abaixou. ?O primeiro toque da língua dela foi elétrico. ?Não foi uma lambida. Foi um beijo. Ela beijou meus lábios, macia, carinhosa. E então, a ponta da língua dela começou a desenhar círculos no meu clitóris. ?"Ah... Gi..." ?"Shhh. Relaxa. A noite é toda nossa." ?O que aconteceu nas horas seguintes não foi sexo. Foi bruxaria. ?Gisele tinha um dom. A língua dela mudava de textura. Às vezes era firme, pontuda, vibrando no botãozinho até eu arquear as costas e prender a respiração. Às vezes era larga, chata, lambendo tudo, me encharcando de saliva e prazer. ?Ela me comeu. Gostoso. Devagar. ?Ela usava as mãos. Dois dedos entraram em mim. Não para arrombar, como os homens, mas para encontrar. Ela curvava os dedos, achando aquele ponto G que parecia fugir dos paus de borracha e de carne, mas que se entregava para os dedos dela. ?NHOC. NHOC. NHOC. ?O som dos dedos dela dentro de mim, misturado com o som da boca dela me chupando, era a música mais perfeita. ?Eu gozei a primeira vez em dez minutos. Um orgasmo clitoriano, agudo, que me fez puxar o cabelo dela. ?"Isso... goza pra mim, patroa... me dá o seu mel..." ela gemia contra a minha pele, bebendo tudo, sem parar. ?Ela não me deixou descansar. ?"A senhora disse que aguentou o Kaio e o Paulo," ela provocou, subindo o olhar para mim, o queixo brilhando. "Então a senhora aguenta a Gisele." ?Ela voltou ao trabalho. ?Ela me chupou de lado. Me chupou de quatro. Me chupou com as pernas nos ombros dela. ?Ela me levou para a cama. ?Lá, ela foi mais ousada. Ela sentou na minha cara. Eu chupei a buceta dela, sentindo o gosto dela, enquanto ela cavalgava na minha boca e enfiava os dedos em mim. O 69 perfeito. A simetria. Mulher com mulher. Cheiro de fêmea com fêmea. ?E então, o grand finale. ?Ela me deitou de barriga para cima. Ela se deitou sobre mim, encaixando o corpo dela no meu. Ela começou a esfregar a buceta dela na minha. Tribadismo. O atrito. Molhado no molhado. O clitóris dela roçando no meu. ?Ela me beijou na boca. Um beijo profundo, de língua, enquanto nossos quadris dançavam uma valsa frenética lá embaixo. ?"Eu te amo, patroa," ela sussurrou, no delírio do prazer. "Eu amo esse corpo." ?Aquilo foi o gatilho. ?Nós explodimos juntas. Um orgasmo sincronizado, de corpo inteiro, que me fez chorar. Eu senti a alma sair do corpo. Não havia dominação, não havia submissão, não havia boneca nem diretoria. Havia apenas nós duas, fundidas em suor e amor profano. ?Nós apagamos. ?Acordei no domingo de manhã com o sol no rosto. ?Gisele estava dormindo abraçada a mim, a cabeça no meu peito, a perna jogada por cima da minha. O lençol estava uma bagunça. O quarto cheirava a nós. ?Eu acariciei o cabelo dela. ?Ricardo voltaria à noite, cheio de histórias de homens e humilhação. Eu teria que voltar a ser a Patroa implacável, a dona da cinta. ?Mas ali, naquele momento, com a minha sacerdotisa nos braços, eu sabia que aquele era o meu verdadeiro descanso. Os homens eram meu vício. Gisele... Gisele era minha cura.
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