Com o tempo, ele parou de falar no assunto, e o silêncio que se instalou entre nós foi pior que qualquer discussão. O sexo virou algo automático, sem alma; ele chegava mais tarde em casa, as risadas compartilhadas rareavam. Passei a devorar confissões de mulheres como eu na internet – casamentos que se desfaziam aos poucos por desejos não atendidos – e o medo de perdê-lo passou a me consumir. Não queria que nosso laço se rompesse. Então, numa noite, após um jantar que preparei na esperança de reacender a faísca, cedi: "Tudo bem, amor. Vamos tentar. Mas só com minhas regras. Nada que eu não queira".
A busca foi um misto de ansiedade e arrependimento. Pensamos, primeiramente, em garotas de programa, mas a ideia me dava um frio na espinha – fria demais, sem alma. Amigas? Impossível, ia envenenar tudo ao nosso redor. Numa sexta-feira, num bar aconchegante que a gente visitava quase toda quinta, Carlos avistou uma mulher sozinha no balcão e me cutucou. "Olha lá, Ju. Ela é perfeita. Vai falar com ela". Meu coração acelerou de nervoso. Me levantei e caminhei titubeante, com uma vontade horremda de chorar. Me aproximei devagar, sentindo o cheiro de cerveja e um perfume diferente misturados no ar, mas quando cheguei perto o suficiente... aqueles cabelos lisos, negros e assustadores me lembravam um abismo sem voltas; eu travei. Uma ojeriza subiu pela minha garganta; o que eu estava fazendo ali, flertando com uma estranha? Virei as costas e voltei para a mesa, deixando uma interrogação pairando no ar atrás de mim. Carlos franziu a testa, confuso, mas insistiu: "Tenta de novo, amor. Por nós".
Fui ao banheiro para me recompor, o espelho refletindo meu rosto corado de vergonha. Na volta, ela me atravessou: "Prazer, Carol" – Me Impressionei com tamanha beleza! – Se aproximou com uma delicadeza que não queria parecer me incomodar. "Ei, tudo bem? Você pareceu hesitar lá no balcão. Não quis ser indelicada, mas... posso me juntar a vocês por um drink?" Seus olhos verdes, profundos, me prenderam por um segundo, e a única coisa que me ancorou ali foi aquela beleza estonteante, enchendo meus olhos como uma luz inesperada. Olhei pra mesa e senti a insistência de Carlos me empurrou para frente apenas com o queixo. Sentamos, conversamos sobre nada e tudo – trabalho, viagens, risadas forçadas. Eu bebia mais do que devia, o álcool aquecendo meu sangue, turvando o julgamento. Quando o ménage veio à conversa, impulsionado por ele, Carol sorriu com naturalidade. "Homens? Não são o meu mundo", disse ela, confirmando o que eu já intuía pela forma como seus olhos se demoravam em mim. Mas, após mais taças, embriagada o suficiente para ignorar o pânico interno, concordei com o acordo: Carlos assistiria, só isso. Parecia uma concessão controlada.
No motel, o quarto era simples, o ar carregado com o cheiro de lençóis limpos e um leve aroma de amaciante. Meu coração batia descompassado, uma mistura de medo e resignação. Carlos se sentou na poltrona ao lado da cama, os olhos brilhando de expectativa, mas eu mal o notava. Carol se aproximou devagar, e o primeiro beijo veio como uma brisa – lábios macios, quentes, sem a pressão urgente que eu conhecia. Eu me enrijeci, uma resistência emocional me tomando: isso era errado, estranho, minha mente gritando para parar. O cheiro de baunilha da pele dela invadiu minhas narinas, misturada ao leve suor da noite, e eu hesitei, confusa, o coração apertado em um nó de dúvida e repulsa residual.
Mas então veio a confusão: meu corpo começou a trair minha mente. As mãos finas de Carol deslizaram pela minha pele, toques tão leves como algodão doce, traçando o contorno do meu pescoço – fino e liso (o dela) –, em contraste com o áspero e marcado que eu associava aos homens. Seus cabelos negros e finos roçavam minha bochecha, macios como um véu, e eu senti um arrepio involuntário. Ela me despiu com paciência, os olhos apreciando a cor rosada dos meus seios, os mamilos se eriçando sob seu desejo, evidenciado pelo lábio inferior mordiscado até marcar. Sua boca os envolveu – a língua fininha e ágil circulando cada bolinha na aréola, sugando com uma ternura que enviava uma energia de mulher pelo meu peito, fazendo meu corpo arquear sem permissão. Eu me sentia vulnerável, exposta, mas uma curiosidade tímida brotava, como se meu ser estivesse sendo despertado para algo incompreendido.
Eu me dissolvia aos poucos, uma onda inteira que me engolfava. Carol mergulhou devagar, primeiro beijando meu abdômen trêmulo, e quando chegou entre minhas pernas, o ar ficou mais denso, úmido, como minha própria intimidade. Seus dedos trabalhando em sincronia com seus lábios quentes e famintos, no interior da minha coxa, seu hálito no meu sexo, me levando a um lugar inédito. Logo seus beijos alcançaram os lábios maiores, me fazendo sentir a umidade que se acumulava espessa. E senti seus pelos pubianos, negros macios, roçando minha alma, meu grelo. Ela respirou quente no meu pescoço, e senti seus dedos graciosos brincaram com minha vulva antes de entrarem girando, enrijecendo meu clitóris de um jeito pulsante, como nunca pinoteou antes – cada expiração uma carícia que fazia meu sexoninteiro inchar, sensível, vivo de uma forma que me deixava ofegante. Seus olhos me encaravam, cheios de uma conexão profunda, enquanto o indicador e o médio penetravam devagar, curvando-se para massagear aquele ponto interno com uma precisão que somente Carol dominava, parecendo sincronizar com sua própria respiração.
O quarto ecoava com sons úmidos – meus gemidos baixos, o sussurro da boca dela estalando com minha buceta babada. Carol envolveu meu clitóris com os lábios, formando um biquinho perfeito que o sugava por inteiro, com uma devoção indubitável. Cada sucção era delicada, no início, depois mais insistente, fazendo meu grelo encher sua boquinha gulosa, pulsando em seus dentes com ondas de prazer que irradiavam pela minha pélvis, meu ventre, subindo até meus seios que se erguiam imponentes. Ela lidava com o excesso da minha umidade – aquela babinha abundantee viscosa – degustando cada gota como um manjar celestial, lambendo devagar, saboreando com os olhos semicerrados, um gemido baixo escapando dos seus lábios brilhantes de meu meladinho. Seus dedos regiam meu quadril trêmulo, guiando minha respiração: "Deixa vir, linda, respira comigo", sussurrava ela, conduzindo-me a um lugar que eu nunca havia estado – um êxtase que me elevava, o corpo convulsionando em ondas múltiplas, lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto enquanto o orgasmo me rasgava, prolongado até infinito.
Enquanto isso, Carlos cochilava esquecido na poltrona ao lado, o peito subindo e descendo em um ronco suave, exausto após gozar duas vezes só de assistir. Ele parecia tão distante, um eco de algo que eu conhecia, mas que agora palidecia. Quando ele acordou, seus olhos se estreitaram com um desconforto visível ao me ver se desmanchando de prazer na boca de Carol – meu corpo tremendo, gemidos escapando sem controle, uma sequência de orgasmos que me deixavam mole, entregue, como se eu fosse dela inteiramente. Percebi um ciúme palpável nele, eu entregue a outra pessoa, meu prazer fluindo para ela em vez de para ele. Ele se remexeu na poltrona, ofegante, mas incapaz de acompanhar os deleites que nós duas compartilhávamos. "Posso participar, meninas?", ele pediu, a voz desconfortável, tentando se aproximar da cama. Mas Carol o olhou com firmeza, e eu, perdida no êxtase, mal respondi. O clima pesou no quarto – o ar ficou tenso, carregado de uma energia desconfortável, como se a fantasia dele tivesse virado uma realidade que o excluía. Decidimos ir embora logo depois, Carol não quis ir com a gente. Quando ela entrou no Uber, o silêncio no nosso carro imperou. "Eu fiquei abandonado ali, Ju. Foi horrível", ele reclamou, os punhos cerrados no volante. "Esse foi o combinado, Carlos. Você que quis isso", respondi, ainda zonza com as sensações que ecoavam no meu corpo.
Dias depois, a preocupação me consumia: Carol não parava de mandar mensagens, insistentes, cheias de promessas e lembranças daquela noite, e eu me segurava há semanas para não responder, o celular vibrando como uma tentação constante. Mas uma tarde, não aguentei e liguei para ela, o coração acelerado, sussurrando palavras que eu nem sabia que guardava. Carlos percebeu – viu o nome dela na tela, ouviu o tom da minha voz – e começou a demonstrar ciúmes abertos, questionando cada saída minha, checando meu telefone. "O que está acontecendo, Ju? Você mudou", ele dizia, os olhos cheios de dor. Mas no fundo, eu sabia: eu estava apaixonada por aqueles olhos verdes, por aquela mulher que havia despertado algo profundo em mim. Seu toque, seu olhar, sua forma de me fazer sentir viva – era uma paixão que me consumia, fazendo o amor por Carlos parecer pálido, insuficiente. E meu preconceito se dissolveu por completo; agora, eu ansiava secretamente por mais daquela conexão profunda, que fazia qualquer outra coisa parecer mecânica e vazia.
