Capítulo 1 – O Primeiro Olhar
A casa de praia ficava num ponto isolado da costa, onde o mar batia forte à noite e o sol lambia os corpos de dia. Um refúgio entre coqueiros, janelas abertas, vinho branco gelado e banhos demorados. Tudo no lugar perfeito para que a moral derretesse aos poucos, sem ninguém perceber.
Cristina apareceu no primeiro dia usando um biquíni vermelho finíssimo, daqueles que quase não existem. Peitos naturais, fartos, balançando livres, e uma bunda viva, redonda, moldada em anos de prazer bem vivido. A mulher de cinquenta e cinco anos sabia que envelhecia como vinho caro — e gostava de provocar.
Lucas, de óculos escuros, soltou um assobio discreto.
Henrique fingiu que nem olhava, mas os olhos traíam.
E Alex… só observava. Quieto. Sentado na espreguiçadeira com o livro aberto no colo, mas sem ler porra nenhuma. O olhar dele ia nos homens à volta. Nos olhares que Cristina atraía de desconhecidos. Nos garçons, nos banhistas, nos caras casados que olhavam rápido e voltavam pra esposa. Cristina sabia. E não recuava. Cruzava a perna, esticava a coluna, enfiava a calcinha do biquíni ainda mais entre as nádegas.
E o mais curioso: Alex não demonstrava ciúmes.
Henrique notou isso.
Lucas também.
Mas nenhum dos dois comentou.
Só guardaram.
Como quem registra uma senha silenciosa de acesso a algo proibido.
Na volta pra casa, no fim da tarde, Cristina foi direto pro chuveiro externo. A água escorria pela pele bronzeada. Os mamilos duros. A espuma descia entre as coxas. Henrique passou e olhou. Lucas ficou observando da cozinha, segurando um copo de suco — mas o pau já começava a dar sinal.
E Alex? Assistia tudo de longe. O pau latejando dentro do short. A boca seca. A mente dele ia longe… e por dentro, ele não via Henrique ou Lucas.
Ele via Milton.
Aquele amigo de infância. Forte, risonho, mandão. A primeira vez que Alex sentiu algo diferente, ainda criança. Milton era o que ele sonhava toda vez que alguém o pegava por trás. Era o nome que sussurrava baixinho quando gozava sozinho, sujo de desejo. E agora… parecia que cada passo o aproximava daquele sentimento que nunca foi vivido — mas sempre esteve vivo.
Cristina voltou do banho enrolada na toalha.
Henrique estava sentado na rede. Lucas no sofá. Alex na varanda.
Silêncio, vento, e cheiro de maresia.
Cristina passou entre os três, olhou para o marido… e sorriu de canto. Um sorriso cúmplice. Ela sabia que ele via. Que ele gostava de ver. Mas ainda achava que era só isso.
Não sabia que o buraco era mais fundo.
Muito mais.
Continua...