O AMIGO DO MEU PAI 02



A quarta-feira parecia derreter Salvador. O sol ardia alto, castigando as ruas cheias de trânsito, e Lucas chegou em casa com a camisa encharcada de suor, a mochila pesando nas costas e o corpo cansado do vai e vem da universidade. Assim que abriu a porta, foi recebido pelo cheiro forte de comida recém-trazida da rua e pela visão já quase rotineira de Renato espalhado pela sala.
O homem estava só de calção fino de futebol, o tecido leve marcando a curva pesada das coxas grossas, e o tronco nu brilhava de suor. A corrente de prata balançava no meio do peitoral largo, descendo até quase tocar a barriga que se projetava levemente sobre o elástico do calção. O corpo de Renato parecia ocupar todo o espaço, imponente, com aquela naturalidade agressiva de quem não precisava se esforçar para ser notado.
— Vai logo tomar um banho, menino. — disse ele, a voz grave ecoando pelo cômodo. — Comprei marmita pros dois, ainda tá quente.
Lucas apenas assentiu, sem coragem de prolongar a conversa. Passou rápido pelo corredor, sentindo no ar o cheiro de suor misturado ao desodorante barato que parecia impregnado nos móveis. Entrou no banheiro, deixou a água escorrer pelo corpo e, por alguns minutos, pensou em como estava se acostumando àquela nova rotina: faculdade, ônibus, calor, e principalmente, a presença constante de Renato, que se impunha em tudo.
Ao sair, vestiu uma bermuda leve e uma camiseta simples, o cabelo ainda úmido escorrendo pelas têmporas. Foi até a mesa, onde Renato já se sentava abrindo as marmitas de alumínio. O vapor subia, espalhando pelo apartamento o cheiro de feijão grosso e carne assada.
— Senta aí, bora comer logo antes que esfrie — disse Renato, puxando um dos pratos e deixando à frente de Lucas.
O rapaz se acomodou, ainda tímido, observando de canto o homem mastigar com fome, beber goles grandes de refrigerante e limpar a boca com as costas da mão. Era uma cena banal, mas que tinha um peso estranho, como se aquela mesa fosse o centro de um universo novo que ele começava a decifrar aos poucos.
O almoço seguia num silêncio pesado, quebrado apenas pelo som dos garfos raspando nas quentinhas. Lucas comia devagar, tentando se concentrar na comida, mas os olhos insistiam em se perder no corpo enorme de Renato à sua frente, o peito nu, suado, que se movimentava a cada colherada.
De repente, o homem se levantou, abriu a geladeira e puxou uma latinha gelada. O barulho metálico da tampa se abrindo ecoou pela cozinha abafada.
— Quer uma cervejinha, não, garotão? — perguntou, a voz grossa vibrando pelo ambiente.
Lucas balançou a cabeça, tímido. Nunca tinha experimentado álcool de verdade, e a simples ideia o deixava inseguro.
— Deveria começar a beber um pouco, é bom! — insistiu Renato, virando metade da lata de uma vez só.
Lucas sorriu sem querer. Tinha algo engraçado no jeito direto dele falar, quase como se fosse uma ordem disfarçada de conselho.
— Bebe todo dia… — comentou, deixando escapar sem pensar — se bebesse menos seria todo saradão. Tem peito e braço top, mas a barriga...
Parou na hora, engolindo seco, sem graça, os olhos arregalados com medo da reação.
Renato, em vez de se irritar, soltou uma gargalhada alta, tão forte que fez tremer os talheres na mesa. O som grave encheu a cozinha. Em seguida, levantou o braço e flexionou o bíceps, que inchou duro e grosso, as veias saltando como cordas.
— Curte o meu muque, é? — provocou, os dentes brilhando num sorriso de desafio.
Lucas ficou vermelho, sem saber se ria ou fugia, mas respondeu baixo, quase num sussurro:
— Bastante…
Ele mesmo se assustou com a sinceridade que escapou. Não tinha como negar: gostava de olhar para aquele corpo todos os dias, bronzeado pelo sol das ruas, marcado de músculos pesados. Quando Renato virava de costas, então, os ombros largos enchiam o espaço, deixando-o hipnotizado.
Renato estufou o braço de novo, estreitando o olhar.
— Quer sentir o muque do velho barrigudo aqui?
Lucas balançou a cabeça rápido, nervoso, mas o arrepio que percorreu seu corpo o entregava. A boca seca denunciava a vontade que não tinha coragem de admitir.
— Toca, moleque! — ordenou com um gesto firme da cabeça.
Lucas largou o garfo com a mão trêmula e estendeu os dedos até encostar no braço suado. O músculo era duro como pedra, quente, a pele brilhando de suor. Apertou sem jeito, sentindo a grossura das fibras e o caminho das veias saltadas sob seus dedos frágeis.
— Pode apertar forte, rapaz. Sente como o velho aqui é forte, porra! — incentivou, rindo baixo.
Os dois se olharam por um instante. Lucas tremia, o coração martelando no peito. Renato mantinha um olhar sério, quase desafiador, como se buscasse no silêncio a reação do garoto.
— O muque do velho é bom, né? — perguntou, a voz baixa e firme.
Lucas soltou o braço rápido, tentando disfarçar com uma risada sem graça. Voltou a focar no prato, mas as mãos ainda tremiam. O ar da cozinha parecia mais quente do que nunca, o suor escorria pela testa, e o silêncio que se seguiu era pesado, cheio de algo que nenhum dos dois ousava nomear.
Terminaram o almoço sem mais palavras. Depois, cada um recolheu-se ao próprio quarto, como se nada tivesse acontecido — mas Lucas sabia que havia sentido demais naquele breve toque.
O sol parecia ter grudado sobre Salvador naquela tarde. O ar não circulava, a camisa de Lucas estava encharcada, e ficar deitado no quarto era impossível. Levantou-se arrastado, foi até a cozinha buscar água, e encontrou Renato ali, igualmente suado, virando um litro d’água como se fosse nada. O líquido escorria pelo canto da boca, molhando a barba grisalha, e caía em gotas pelo peitoral largo.
— Tá quente hoje, porra! — resmungou, limpando a barba com o dorso da mão.
Lucas apenas balançou a cabeça em concordância, pegando seu copo para beber.
— Tu devia tirar essa camisa, moleque. Tu nunca fica sem camisa. — disse Renato, com aquele tom direto, quase uma ordem disfarçada.
Lucas gelou por dentro. Evitava ao máximo mostrar o corpo magro, os ombros estreitos, o peito sem forma. Sempre se achara pequeno demais diante de caras como Renato. Fingiu que não ouviu, continuando a beber a água, enquanto se afastava até a janela da cozinha.
Renato, como se não ligasse para o silêncio, continuou a resmungar sobre o calor. Lucas se encostou na janela, na esperança de encontrar algum vento, mas tudo o que entrou foi um bafo quente, pesado.
— Tu vive de camisa! — ele voltou ao assunto, encostado na geladeira, o copo ainda na mão. — Deveria andar sem camisa o tempo todo, que nem eu.
— Sou mó magrelão… — Lucas riu sem jeito, abanando a camisa molhada para tentar se refrescar. — O senhor que é fortão.
Renato deu um sorriso torto, ajeitou-se dentro do calção fino que mal escondia o volume da rola descansando pesada ali, e retrucou:
— Então fica forte que nem eu, porra. — E para enfatizar, apertou o pau por cima do pano, fazendo a grossura saltar ainda mais, sem pudor.
Lucas desviou os olhos, engolindo seco, sem saber como responder. Meneou a cabeça, tentando encerrar o assunto.
— Tira a camisa aí, moleque! — insistiu Renato, agora com a voz mais firme.
Lucas balançou a cabeça, envergonhado, negando.
Foi quando Renato se aproximou de repente. Com um gesto brusco, agarrou a barra da camisa e puxou para cima, arrancando-a do corpo do rapaz à força, jogando o pano suado para o lado.
— Tô falando pra tirar, porra! — disse, num tom firme, que soava tanto bronca quanto provocação.
Lucas ficou paralisado, assustado com a agressividade do ato. Sentiu o coração disparar, a pele exposta queimando de vergonha. Mas antes que pudesse reagir, Renato o puxou para perto, envolvendo o braço musculoso em volta de seu pescoço, prendendo-o num gesto meio bruto, meio acolhedor. O corpo grande e quente encostou no corpo magricelo, o contraste gritante.
Renato riu alto, esfregando com a mão livre o alto da cabeça de Lucas, bagunçando o cabelo, num tom de brincadeira que amenizava a violência do momento.
— Aqui na minha casa todo mundo vive sem camisa, que nem eu, porra! — disse, apertando-o contra o peito largo, o cheiro forte de suor e desodorante impregnando o ar.
Lucas, preso naquele abraço estranho, sentia o peso da força dele, o braço grosso apertando sua nuca, a pele quente grudando na sua. O coração acelerado misturava medo, vergonha e uma excitação confusa que latejava por dentro.
Aos poucos, Renato afrouxou o braço em volta do pescoço de Lucas e riu sozinho, como se tivesse acabado de vencer uma queda de braço invisível. Soltou o rapaz de repente e caminhou até a pia, pegando mais água, como se nada tivesse acontecido.
Lucas ficou parado alguns segundos, sentindo o corpo inteiro latejar. O coração parecia bater no pescoço, e sua pele, exposta, estava em brasa. Pegou a camisa caída no chão, mas não teve coragem de vestir de volta. Ainda estava sob o impacto do gesto brusco e da sensação estranha de ter sido puxado para dentro daquele corpo enorme, quente, que transpirava força.
Renato o olhou de relance, com aquele sorriso de canto que misturava provocação e cumplicidade, e disse:
— Melhor sem camisa, moleque. Se acostuma. — E voltou a beber sua água, apoiado no balcão, como se fosse apenas mais uma tarde comum.
Lucas não respondeu. Apenas respirou fundo, pegou seu copo e se afastou para o quarto, tentando se recompor. Sentou-se na beira da cama, o peito ainda descoberto, olhando para a camisa amassada em suas mãos.
No silêncio abafado do quarto, refletiu sobre o que tinha acabado de acontecer. Era só uma brincadeira? Um costume bruto de Renato? Ou havia algo a mais naquele olhar, naquela força que o puxara tão perto?
A resposta não vinha. Só ficava a sensação do braço pesado em volta de seu pescoço, do calor do corpo contra o seu, e da estranha mistura de medo e prazer que o deixava sem ar.
Era apenas o começo, mas Lucas já sabia: conviver com Renato não seria simples. E cada dia parecia trazer uma tensão nova, mais forte que a anterior.

Faca o seu login para poder votar neste conto.


Faca o seu login para poder recomendar esse conto para seus amigos.


Faca o seu login para adicionar esse conto como seu favorito.


Twitter Facebook

Comentários


foto perfil usuario rotta10

rotta10 Comentou em 10/10/2025

Maravilha adorando e esperando a próxima parte?!

foto perfil usuario renantridantas

renantridantas Comentou em 10/10/2025

Continua por favooor




Atenção! Faca o seu login para poder comentar este conto.


Contos enviados pelo mesmo autor


244714 - O AMIGO DO MEU PAI 04 - Categoria: Gays - Votos: 10
244392 - O AMIGO DO MEU PAI 03 - Categoria: Gays - Votos: 8
243889 - O AMIGO DO MEU PAI 01 - Categoria: Gays - Votos: 10
242239 - O AMIGO CASADO 02 - Categoria: Gays - Votos: 4
242057 - O AMIGO CASADO 01 - PRIMEIRO ENCONTRO - Categoria: Gays - Votos: 7
236716 - O TIO: PARTE 7 – QUARTO ESCURO - Categoria: Grupal e Orgias - Votos: 6
236715 - O TIO: PARTE 6 – RODEIO E OUTROS JOGOS 2 - Categoria: Gays - Votos: 4
236579 - O TIO: PARTE 5 – RODEIO E OUTROS JOGOS 1 - Categoria: Gays - Votos: 7
236307 - O MAESTRO: 05 – AREIA, SAL E SEGREDOS 2 - Categoria: Gays - Votos: 3
236243 - O MAESTRO: 04 – AREIA, SAL E SEGREDOS 1 - Categoria: Gays - Votos: 3
236242 - O MAESTRO: 03 – OLHARES E CIÚMES - Categoria: Gays - Votos: 3
236178 - O MAESTRO: 02 – WAGNER, O MARIDO DA PRIMA - Categoria: Gays - Votos: 2
236176 - O MAESTRO: 01 – O MAESTRO DA BANDA - Categoria: Gays - Votos: 3
236131 - O TIO: PARTE 4 - SEU JOSÉ - Categoria: Gays - Votos: 6
236130 - O TIO: PARTE 3 - UM FIM DE SEMANA DIFERENTE - Categoria: Gays - Votos: 7
235989 - O TIO: PARTE 2 - MEU TIO E O AMIGO - Categoria: Gays - Votos: 16
235911 - O TIO: PARTE 1 - MEU TIO - Categoria: Gays - Votos: 18

Ficha do conto

Foto Perfil manjadorb
manjadorb

Nome do conto:
O AMIGO DO MEU PAI 02

Codigo do conto:
244307

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
09/10/2025

Quant.de Votos:
7

Quant.de Fotos:
0