Era um sábado comum, e eu estava fazendo compras pra minha esposa no supermercado perto de casa. Empurrava o carrinho no corredor dos laticínios, tentando me lembrar se precisava de iogurte, quando senti um olhar pesado em mim. Levantei os olhos e vi. O mundo parou por uma fração de segundo. Era um cara que eu tinha encontrado há muito tempo, nos primórdios dos meus deslizes, antes mesmo do Ricardo. Um encontro único, rápido e anônimo num banheiro de shopping que eu jamais tinha esquecido. Ele também pareceu ter sido atingido pelo mesmo raio de reconhecimento. Ele era mais velho que eu, cabelos grisalhos bem cortados, vestindo uma camisa polo e bermuda, com um carrinho modesto. Seus olhos escanearam meu corpo com uma intensidade que fez meu sangue acelerar. Ele se aproximou, fingindo olhar para os queijos. “Desculpe, você não é…?” ele começou, com uma voz mais baixa e áspera do que eu lembrava. “Sim”, eu disse rápido, um sorriso tenso nos lábios. “Há muito tempo.” “No shopping… o banheiro perto da praça de alimentação”, ele completou, e um brilho safado acendeu em seus olhos. Meu coração batia forte contra as costelas. Eu estava ali, na minha vizinhança, no meu supermercado, onde qualquer conhecido poderia aparecer a qualquer momento. E ali estava um homem que tinha visto meu lado mais obscuro, de joelhos, com os lábios em volta do seu pau. “Como você tem estado?” ele perguntou, jogando um pacote de queijo minas no carrinho, mas sua atenção estava 100% em mim. “Bem… a vida, você sabe”, respondi, sentindo um calor subir pelo meu pescoço. Ele deu mais um passo para o lado, fechando a distância entre nós. O corredor estava vazio naquele momento. Ele sussurrou, sem olhar para mim: “Nunca esqueci daquela boquinha. Você era… insaciável.” A palavra caiu como uma brasa na minha pele. Meu pau reagiu instantaneamente dentro da minha bermuda. Eu engoli seco. “Eu também nunca esqueci”, admiti em voz baixa, olhando fixamente para uma prateleira de iogurtes gregos. “Você ainda mora por perto?” A pergunta era carregada. Era um convite, uma sondagem. “Sim. Não muito longe daqui.” Ele fez um aceno de cabeça, como se estivesse processando a informação. “É bom saber.” Ele pausou, e seu olhar desceu do meu rosto para o meu corpo, lento e apreciativo. “Você ainda tem o mesmo… físico. E o mesmo olhar.” Eu não sabia o que dizer. Sentia-me exposto, como se estivesse pelado ali no meio do corredor, sob o olhar dele. “Talvez a gente não precise de um banheiro de shopping desta vez”, ele murmurou, a voz um fio de seda rouca. “Podemos ser mais… confortáveis.” Antes que eu pudesse responder — ou mesmo processar o turbilhão de medo e tesão que a proposta gerou — a esposa dele chegou e colocou algumas coisas no carrinho. Ele me apresentou a ela como um amigo do futebol e se despediu. Ele pegou seu carrinho e, ao passar por mim, nossos braços se roçaram. Ele perguntou com a maior naturalidade: “Você ainda tem meu número? Manda mensagem pra gente marcar um jogo contra… vai ser legal.” E ele se foi, virando na esquina do corredor e desaparecendo cona esposa em direção aos caixas. Fiquei paralisado por um minuto, segurando um pacote de queijo que eu nem queria. Meu corpo inteiro tremia. Você ainda sabe. Era verdade. Apesar dos anos, a sequência de números que ele me tinha sussurrado naquela cabine fedorenta do shopping estava queimada na minha memória. Terminei minhas compras no piloto automático. No carro, sentado sozinho, peguei meu celular. Minhas mãos suavam. Procurei os contatos, um a um, na conversa do WhatsApp. O perfil apareceu: uma foto de dele com a esposa em uma praia. Não enviei mensagem. Apenas salvei o contato. A noite caiu. Minha família estava em casa. Eu estava no sofá, mas minha mente estava no corredor dos laticínios, e meu corpo ainda sentia o choque elétrico daquele encontro. Ele estava de volta. E uma parte de mim, a parte que eu mantinha trancada a sete chaves, já estava se arrumando, escolhendo a calcinha e esperando o toque do celular.
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