NA TOMADA DO COMPLEXO DO ALEMÃO - Quinta Parte - Final



Abri os olhos e vi que ele já estava vestido e colocando a pistola na cintura por baixo da camisa. Ao que o meu moreno reclamou chateado:
- Caralho, logo agora que tava ficando bom tu chama, bem que podia ter esperado mais um pouco! – E olhando para o negro querendo perceber alguma coisa no seu semblante perguntou: - E o que a gente faz com ela, mete uma bala e dá um fim na meganha ou deixa ela “seguir”?
- Sei ainda não, tô pensando! – Respondeu o negro arrumando minhas coisas num monte no centro da mesa, vi bem que minha carteira tinha sido aberta, mas isso não tinha muito importância agora.
O moreno se voltou para suas roupas que estavam caídas no chão e começou a se vestir, a pica ainda dura deu trabalho pra entrar na bermuda, mas entrou e lá dentro sumiu, mas agora a expectativa tomava conta de mim, a lei da sobrevivência se impunha com força e eu desejava viver, e muito, por isso me atrevi a dizer:
- Me matar porque e pra que? Não fiz tudo o que vocês queriam? Se me matarem só vão ter mais um crime para responder depois e a morte de uma policial pesa muito diante da Lei.
             - Cala a boca, puta fresca! – Rosnou o negro com minha pistola nas mãos, pelo visto o que eu tinha dito só servira pra enfurecê-lo. Será que eu ia ser morta com minha própria arma? Ele retirou o carregador e começou a retirar as balas, uma por uma, e as ia enfileirando na mesa bem na minha frente pra que eu as contasse, tirou todas e depois pegou a última da fila e a colocou novamente, encaixou o carregador e manobrou a arma colocando a bala na agulha, fez tudo isso quase que automaticamente, me olhando fixamente bem dentro dos olhos, mas era um olhar de fera, sem sentimentos, um olhar vazio, vago, olhar de matador! Achei que minha hora tinha chegado e estremeci com esse pensamento, logo agora que tinha me descoberto uma mulher renovada, havia conseguido gozar como jamais gozara antes, me entregara por inteira esquecendo até da minha condição de prisioneira, logo no instante do nascimento da fêmea despudorada, selvagem que despertara dentro de mim,tragicamente tudo ia acabar.
               Mas, mantive a cabeça erguida e os olhos dentro dos dele, meu orgulho falava mais alto que meu medo, embora achasse que meu pavor diante da sentença estivesse escrito no meu semblante, mesmo assim meu orgulho era evidente, não iria suplicar por mais nada, todas as minhas súplicas não tinham sido atendidas até aquele momento, muito ao contrário, era só eu pedir algo pra eles fazerem ao contrário. Então que se cumprisse o meu destino. Vi a arma sendo vagarosamente levantada e apontada para mim, bem para minha cabeça a mira fixou-se entre meus olhos, vi que seus olhos por cima da arma se apertavam, tinha chegado o momento final, o momento em que eles ouviriam o estampido do tiro mas eu só sentiria um baque brutal na cabeça e meu cérebro se espalharia pela parede às minhas costas, o moreno que ainda estava quase entre nós tinha dado dois passos para trás como se protegendo. O grande momento tinha chegado, embora eu não quisesse uma lágrima rolou pela minha face, a brutal verdade entrou na minha cabeça, no próximo instante... Eu ia morrer!
               Então ele fez “Bum”, com a boca, estremeci sem querer. Agora sabia que mesmo depois de tudo o que tinha vivido, meu destino estava selado, iria viver com a lembrança daquele momento pelo resto da minha vida. Ele deixou a pistola sobre a mesa e pegou as duas algemas no meu colete, chegou junto a cama pelos pés e me pegando com brutalidade pelo tornozelo levantou minha perna como se eu não pesasse nada, colocou meu pé junto a guarda da cama e lá algemou, com isso minha buceta ficou bem à vista já que minhas pernas estava bem abertas e eu depois do que passara momentos antes não me atrevia nem a piscar, com receio de que ele voltasse atrás na decisão de me deixar viva, somente esperava o que viria. Ele olhou bem pra ela, como se meditasse no que fazer, depois subiu os olhos bem devagar pelo meu corpo todo, e à medida que subia eu sentia meu corpo arrepiar, até chegar aos meus olhos onde olhou bem fundo, e disse:
- Não sei bem ainda, mas acho que vou te deixar viver, mas se eu deixar, tu vai dever tua vida a três coisas... A tua buceta, a teu cu e ao jeito como tu dá eles, tu trepa com gosto, sabe, e gosta de fuder, tu nasceu pra fuder! Dá o cu como uma puta e trepa com a alma!
Aquele miserável que tanto tinha me castigado ainda se atrevia a filosofar sobre meu sofrimento, mas seria sofrimento mesmo? Não seria só prazer e gozo? Será que eu no fundo não tinha gostado de tudo aquilo?   Será que não precisava passar por uma experiência traumática para descobrir a fêmea que eu era? Se é que saísse dali, será que não sairia uma nova mulher, com um outro olhar do mundo? Tudo era ainda uma incógnita muito grande e para decifrá-la eu teria que continuar vivendo, o que era agora também outra incógnita, por isso continuei calada, não me atrevia a dizer nada para não contrariá-lo e fazer explodir sua raiva o que poderia me colocar novamente em perigo de vida. Vida? Que vida? E eu tinha ainda vida? Ele deu volta à cama passando por junto do moreno que tinha acabado de se vestir e pegando meu pulso o prendeu com a outra algema na cabeceira do lado da parede, agora todo um lado do meu corpo estava algemado na cama bem junto da parede.
Voltou pra junto da mesa e lá recolheu todas as minha munição inclusive a que estava na arma colocando no bolso do blusão, juntou o resto das minhas coisas tudo num monte no centro da mesa e pegando as chaves das algemas as levantou para que eu as visse bem e deixo-as cair perto da beirada, então disse:
- Tu vai continuar vivendo para poder dar de novo esse teu rabo gostoso, pode até não viver por muito tempo se tu cruzar o meu caminha de novo em algum confronto, mas por agora, vai! Pra tu sair daí, precisa arrastar a cama até aqui, algemada ai e com um pé só livre pra arrastar a cama vai dar tempo a gente de cair fora. Agora vou te dar um conselho, mesmo que tu não tenha me pedido, se tu pensar bem não dizia nada a ninguém do que aconteceu aqui e nem falava desse lugar, afinal, quem vai mesmo acreditar numa história dessas e até quem sabe a gente não te traz aqui de novo e dessa vez tu vindo de boa vontade? - E sorriu debochadamente. – Vamos cara, que tá ficando tarde!
               E me dando as costa com total desprezo se dirigiu ao outro lado do cômodo, pensei que fosse apanhar alguma coisa na cristaleira e apanhou mesmo, o saquinho com o pó branco que eu tinha sido obrigada a provar que colocou no bolso do blusão. Enquanto isso o moreno se aproximou de mim e inclinado-se sobre mim abocanhou meu peito dando uma chupada delicada bem no biquinho, como não podia deixar de ser, arrepiei toda e meu outro peito saltou pra cima duro como pedra também querendo sua parte, minha pele encaroçou toda, soltou meu peito e subiu a boca para o meu ouvido onde sussurrou baixinho:
- Tu acabou de nascer de novo, nunca vi ele deixar ninguém vivo numa situação assim, pensa bem no que ele disse e saiba que eu também gostei muito de trepar contigo, tua xoxota é apertadinha e gostosa. Não me esquece, tá e se precisar procura por Nico? – E beijando meus lábios se dirigiu ao encontro do negro que sem esperar, afastou a cristaleira da parede deixando espaço para caber um corpo e sumiram por ali, depois vi a peça sendo puxada por trás e recolocada novamente no lugar, respirei fundo, sentindo um torpor me invadir o corpo, uma sensação de alívio imenso me dominava, eu estava viva, viva e não acreditava ainda!
Fechei os olhos, deixando a realidade penetrar na minha mente mas um sentimento de urgência me dominou, e se eles resolvessem voltar? Tentei puxar o braço que estava preso à cama só para testar minhas possibilidades de escapar de forma mais rápida, não consegui nada a não ser saber que a algema estava bem justa no meu pulso e sentir na carne a dureza do metal, mas como eu iria poder arrastar a droga daquela cama até a mesa para poder pegar as chaves das algemas? Tentei dar um pequeno salto somente com o corpo em cima da cama pra ver se ela se deslocava, nada! Outra ideia me passou pela cabeça e a pus em prática, me virei de frente pra parede e com a mão livre apoiada nela, empurrei, a cabeceira se deslocou cerca de um palmo, sucesso! Era a vez do pé, dei um empurrão apoiando ele na parede e o pé da cama também se afastou da parede, novamente com a mão e um outro tanto de espaço ganho, mas logo a distância entre a cama e a parede estava grande demais e meus dedos só encostavam nela, mas já tinha ganho um considerável pedaço de precioso espaço e sem muito esforço, mas ainda restava a maior parte e agora sem nada para me ajudar.
Tentei colocar a mão no chão pra dar impulso, mas ela apenas se apoiava ali, a distância era grande demais, já com o pé fiz algum sucesso, mesmo assim, pequeno, apenas alguns centímetros, melhor que nada, fui em frente, tinha que usar todos os artifícios para sair dali o mais rápido possível, apoiava o pé no chão o mais que podia no meio da cama pra que ela não rodasse e dava impulso deslocando ela em direção a mesa, mas ela só avançava muito pouco de cada vez, parecia que aquele miserável tinha até previsto isso! Mesmo assim, melhor tentar algo do que ficar sem nada fazer só deixando a sede me dominar e como eu estava com sede, agora é que notava isso! Também suava muito com o esforço. O tempo se arrastava e eu calculava que já tinha se passado uns bons vinte minutos desde a saído dos dois, olhei para a mesa e achei que estava a léguas de distância, mas não desisti e lá fui dando meus pequenos saltos.
                Algum tempo depois, quando achava que não agüentava mais fazer nenhum movimento pois minha perna parecia que estava fora do meu corpo pelo esforço a que fora submetida, vi que a perna da mesa estava ao alcance da minha mão, então a peguei e puxei para mim até a encostar na cama. Tateei com a mão na beirada e nada encontrei, onde aquele peste tinha deixado as chaves? Eu o tinha visto jogar elas sobre a mesa, mas onde? Tentei de novo e nada, o tempo se arrastava e eu sabia que para sair dali só podia contar comigo mesma, então peguei na beirada da mesa e fiz força, ela foi se inclinando na minha direção, mas o peso do outro lado era grande, fiz mais força e ela veio se inclinando sobre mim, o peso dos objetos se deslocou escorregando na minha direção e de repente tudo caiu sobre meu corpo, a minha pistola caiu pesadamente sobre minha barriga me fazendo gemer, mas as chaves vieram juntas caindo bem perto do meu braço. Num átimo, soltei a mão e me sentei, então foi a vez do pé, sentada mesmo juntei tudo nos pés da cama e pulei de pé com a pistola na mão, só ai lembrei que estava sozinha e que a arma estava descarregada, o negro tinha levado toda as minhas balas.
Larguei na cama e procurei minhas roupas, a calcinha toda cortada, em trapos achei no chão e logo vi que não prestava pra nada, joguei na cama e peguei a calça, vesti tudo o mais rápido que pude, eles não tinha levado nada, até as armas tinham deixado, levando só a munição acho que só mesmo por prevenção, prendi o cabelo coloquei o boné e me dirigi para o alçapão, olhei em volta verificando se não tinha esquecido nada que denunciasse minha passagem por ali e então vi a calcinha jogada sobre a cama, voltei e apanhando-a coloquei no bolso da calça, iria guardá-la como um troféu, com ela tinha passado por uma experiência bem dolorosa, mas também tinha feito descobertas sobre mim que jamais imaginara. Ainda sentia minha buceta aberta e meu cu bem alargado, provocava um leve desconforto em contato direto com o tecido da calça, mas estava viva e isso era o que mais interessava no momento. Coloquei a pistola no coldre depois de verificar o pente, sem balas, apanhei o fuzil e passando a alça pela cabeça o pendurei à bandoleira. Fui até a peça atrás da qual eles tinham desaparecidos e a puxei um pouco, apareceu um buraco na parede e ouvi ruído de água correndo, dava para um sistema de drenagem do morro, eles tinham o tempo todo sua fuga assegurada.
Deixei tudo como estava e me dirigi à escada, subi degrau por degrau apurando o ouvido pra tentar descobrir se tinha alguém no cômodo de cima, como nada ouvi, fui levantando a tampa do alçapão bem devagar até que o espaço me permitiu erguer a cabeça e inspecionar a sala, tudo calmo e deserto, sai e recoloquei a tampa no lugar, não sei porque mas tive a sensação de que o melhor para mim seria se ninguém descobrisse aquele socavão, e quando fui baixando a tampa senti que estava enterrando uma parte importante de mim, me dirigi à porta da rua e a fui abrindo o mais lentamente que pude, tudo calmo e ninguém na rua, sabia o motivo, os traficantes tinham fugido e a população escondida dentro das casas com medo de uma bala perdida, aproveitei para sair de vez e puxar a porta, fechado-a. Respirei fundo e devagar, fui descendo a rua em direção ao ponto de onde tinha partido horas antes. Mais abaixo uma viatura carregada de policiais armados dobrou a esquina e passou por mim subindo em direção ao alto do morro, alguns deram a mão respondi e continuei descendo. Logo cheguei ao meu destino, o ponto de concentração, fui ao carro refeitório onde bebi uma boa quantidade de água e depois fui ao carro de munição onde pedi balas, ali mesmo remuniciei as armas e enquanto fazia isso notei que me olhavam com respeito, se uma Sargento e mulher tinha gasto todas a munição que tinha levado é porque as coisas tinha sido bem perigosas mesmo... e como tinham. Eles é que nem imaginavam o quanto!
             Me dirigi a uma sombra que ficava entre um carro blindado da Marinha e o muro de uma casa e sentei num batente de portão, só então permiti que uma lágrima silenciosa e quente deslizasse pelo meu rosto, baixei a cabeça e muitas outras vieram acompanhando a primeira, eu chorava calada, sem soluços, só as lágrimas caindo denunciavam o que estava se passando, revivi ali toda a minha experiência agora vista por um outro prisma, sob a luz da liberdade e da vida, e como a vida tinha uma cor diferente, linda, isso só podia dizer é quem tinha estado tão perto da morte como eu. Meti a mão no bolso e toquei o tecido da calcinha despedaçada, relembrei o trauma que aquele momento me causou, foi naquele instante, encostada naquela parede áspera e tendo minha calcinha sendo tirada de mim a faca, sem que eu pudesse fazer o menor movimento para impedir, que a dura verdade de que minha vontade e minha vida, não tinham valor algum tinha penetrado na minha cabeça. Algum tempo depois quando já estava me recompondo fui “achada” por dois policiais do meu pelotão que perguntaram o que tinha acontecido comigo que tinha sumido de repente e que todos tinham ficados preocupados. Inventei uma história de que tinha achado uma menina sozinha na rua e como era muito perigoso a fui levar em casa e quando voltei o pelotão tinha já avançado muito e que eu tinha ficado pra trás, então me juntei a um outro que subia, mas que ia em direção à encosta do morro.
- Até que foi melhor. – Brinquei. – Tinha menos ladeira para subir!
Mas pela cabeça deles é que não passava quantos “morros” eu tinha tido que “escalar” para poder sair viva de lá. As marcas da corda nas minhas costas não me deixavam esquecer isso, vez por outra ainda ardiam.
               Dispensada, fui para casa, me despi toda, e só então pude olhar minhas costas, estavam cheias de vergões avermelhados, a pele estava assada do contato com a corda áspera, mas felizmente sem ferimentos, minha xoxota estava aberta e achei que não voltaria a ficar normal e meu cu incomodava, ardia muito, tomei um banho bem demorado e cai na cama, só que o sono não chegava, me agitava na agonia do reviver tudo aquilo de novo, e de novo, e de novo, até que fui vencida pelo cansaço e mergulhei num sono profundo, escuro e sem sonhos.

DOIS MESES DEPOIS
               A vida tinha já voltado a tomar seu ritmo normal, eu embora ainda marcada pelos acontecimentos tinha superado o trauma inicial, mas ainda não tinha tido coragem de abrir as pernas para ninguém, não sabia como ia ser, qual seria a minha reação no momento de me sentir invadida por uma pica novamente, tudo era uma incógnita muito grande, tudo era só perguntas e não tinha resposta nenhuma. Num plantão normal num belo dia ensolarado de meio de semana, final de tarde, troquei a farda por uma calça jeans e blusa de malha, pequei o carro no estacionamento e me dirigi para casa, agora a vontade era só de banho, jantar, um filminho e cama, dirigia distraída e num sinal parei bem próximo ao carro da frente, na faixa ao lado um outro carro, uma moto avançou entre as filas e parou entre as faixas bem junto ao meu lado do passageiro, mas porque aquele motoqueiro não avançava até a faixa de pedestres? Quando o sinal estava para abrir, era desses de contar os segundos, o cara que tava na garupa, abriu a viseira se inclinou na minha direção e apesar do vidro fechado o ouvi dizer: - “Oi”!
             Estava sorrindo, eu conhecia aquele sorriso e aquele rosto também, arregalei os olhos petrificada, gelada, não consegui me mexer, aquele rosto povoava meus sonhos fazia já algum tempo, era o moreno do morro, o outro também olhou para mim, seus olhos também não me saiam da cabeça, era o negro, os dois tinha conseguido escapar... o moreno bateu de leve no ombro do piloto e a moto avançou até a faixa de pedestres, o sinal abriu e eles dispararam pela avenida afora, agora livre de transito, eu continuei petrificada, sem ação até que o carro do fundo buzinou me pedindo pressa e indicando que o sinal estava aberto, me obrigando a retornar à realidade.
A verdade penetrou de vez na minha cabeça, eles sabiam tudo de mim, o negro tinha anotado tudo a meu respeito naquele porão infecto e podiam me achar quando bem quisessem, agora mesmo deviam ter me seguido desde o trabalho até o momento de se fazerem notar, precisava colocar ordem no caos que estava minha cabeça e, como as vagas para estacionamentos junto ao calçadão estavam vazias, encostei o carro, saltei e me sentei num dos bancos, tremia toda, eles tinha voltado à minha vida, mas será que eu os queria nela? Será que os desejava assim com tanta vontade que pela minha mente no momento do reencontro nem passou a idéia de procurar a arma que sempre trago no porta luvas?
Será que no íntimo desejava trepar com eles de novo, num local meu e em que eu pudesse dar as cartas daquele jogo de prazer e dor? Não estaria eu querendo uma vingança? Uma doce vingança?
               Dominada por esses pensamentos e de frente para o mar infinito, nem notei que dois homens chegaram por trás de mim um de cada lado, quando notei suas presenças a minha surpresa não teve limites e me levantei, um deles segurou delicadamente em meu braço, se chegou bem perto e com toda simplicidade me beijou os lábios rapidamente, era o moreno. O negro em pé, só sorria apreciando o tamanho da minha surpresa diante daquela ousadia, para todo mundo que passava em volta era só o encontro de três amigos tamanha a naturalidade com que procediam, baixinho o negro me mandou sentar, obedeci incontinente, parecia que estava já acostumada a cumprir sem pensar todas as ordens que aquela voz me desse, eles sentaram cada um de um lado e o moreno disse?
- Tivemos saudades de você! – E sorrindo jovialmente prosseguiu. – E você, pensou na gente?
               Assim como eu fui perdendo minha identidade comigo mesma e assumia essa minha outra vida que se iniciava, a tarde foi perdendo espaço para a noite que avançava sobre ela, e, enquanto o sol mergulhava naquele mar sem fim, eu mergulhava na conversa com aqueles dois, antes meus algozes, agora sem uma definição real, as luzes da cidade se acendiam para dar mais vida a noite e dentro de mim outro tipo de luz também se acendia, e quem sabe não daria mais brilho a minha vida?

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Ficha do conto

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Nome do conto:
NA TOMADA DO COMPLEXO DO ALEMÃO - Quinta Parte - Final

Codigo do conto:
236865

Categoria:
Confissão

Data da Publicação:
22/06/2025

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