Marina ajustava a alça da blusa de seda diante do espelho, curiosa com o capricho inusitado de Fernando. Estavam casados há trinta e dois anos — cúmplices, amantes, parceiros. Ele sempre fora carinhoso, mas ultimamente vinha mais ousado, mais atento aos detalhes… mais provocador.
Quando entrou na sala e o viu, sentiu o corpo despertar. Fernando vestia uma camisa preta com os dois primeiros botões abertos, os cabelos grisalhos arrumados com leveza. Havia desejo em seu olhar. Mas mais do que isso — havia intenção.
— Você está linda — ele disse, oferecendo-lhe uma taça. — E hoje à noite é só o começo.
— O começo de quê, exatamente? — ela sorriu, tomando um gole.
— De uma nova fase. Quero te ver mais viva do que nunca… Quero nós dois mais livres, mais ousados. E, se você quiser, hoje à noite podemos atravessar uma fronteira juntos.
Marina arqueou uma sobrancelha, provocativa.
— Que fronteira?
Fernando se aproximou, roçando os lábios no pescoço dela, bem devagar.
— Uma que envolve prazer. Toque. Outra pele. Mas sem deixar de sermos nós — ele sussurrou. — Confia em mim?
Ela hesitou apenas por um segundo. A respiração acelerou, o vinho esquentou em sua garganta. Sentiu um arrepio entre as pernas. Ela confiava nele. Sempre confiou.
— Confio — respondeu, com a voz baixa.
Eles jantaram entre sorrisos, trocas de olhares, pernas que se tocavam sob a mesa. Fernando falava pouco, mas seu corpo dizia tudo. Quando recolheu os pratos, desapareceu por alguns minutos e voltou com uma pequena caixa.
— Quero que use isso — disse, entregando-lhe.
Marina abriu. Era um conjunto de lingerie em renda preta finíssima, com detalhes em cetim. Uma peça ousada, recortada, elegante e absolutamente sensual. Um robe transparente acompanhava, envolto em laço de cetim.
— Está querendo me enlouquecer… — ela disse, surpresa, sentindo-se desejada como há muito tempo não se sentia.
— Quero mais do que isso. Quero que se sinta deusa. E quero te ver assim… entregue, despida… tocada com desejo por alguém que não sou eu — disse, com a voz grave. — Mas com meus olhos em você o tempo inteiro.
Marina mordeu o lábio inferior. O calor entre as pernas se intensificava.
— É hoje?
— É agora — ele disse. — Nosso motorista nos espera lá embaixo.
Ela se levantou, segurando a caixa. Deu um passo, depois parou, se virou e disse:
— Me espera. Quero estar perfeita pra você… e pra ele.
Fernando a observou se afastar com um sorriso cheio de admiração e desejo. Sabia que aquela noite mudaria algo entre eles. E estava pronto para viver cada segundo.