Promessa e desejo -Depois do Êxtase

Depois do Êxtase
O quarto estava mergulhado numa penumbra morna. As velas ardiam baixas, e a música havia se calado em algum momento, deixando apenas o som das respirações — agora mais suaves, como se os corpos tentassem recuperar o fôlego da alma.

Marina estava deitada entre os dois homens, os olhos ainda fechados, os lábios entreabertos. A pele úmida, os músculos cansados, o coração calmo. Sentia-se leve, suspensa. Mas, acima de tudo, sentia-se inteira.

Fernando passou os dedos pelo seu rosto, afastando um fio de cabelo grudado na testa. Havia uma ternura profunda em seu gesto. Marina abriu os olhos devagar e encontrou ali — naquele toque simples — uma declaração silenciosa de amor.

— Como você está? — ele perguntou, com a voz rouca, quase um sussurro.

Ela sorriu, sem pressa de responder. Passou a mão pelo peito dele, depois virou-se para Rafael, que estava sentado na beira da marquesa, observando os dois com um olhar sereno.

— Eu me sinto… viva — disse ela, por fim.

Rafael assentiu com um sorriso gentil.

— É isso que o prazer pleno faz com a gente. Ele não fere. Ele liberta.

Fernando se sentou e serviu três taças de vinho que estavam em uma bandeja no canto da sala. Entregou uma para cada um, e brindaram em silêncio. Havia algo sagrado naquele gesto — não por ser cerimonioso, mas por ser verdadeiro.

— Nunca pensei que poderia ver você com outro homem e, ao mesmo tempo, me sentir mais perto de você — disse Fernando. — Mas é exatamente isso que eu sinto agora.

Marina tocou o rosto dele, emocionada.

— Eu também. Não foi só sexo… foi confiança, foi entrega. E foi com você. O tempo todo.

Rafael, com a taça ainda entre os dedos, levantou-se, puxando o lençol para cobrir parcialmente sua nudez. Aproximou-se e beijou a testa de Marina, depois a de Fernando.

— Vocês têm algo raro. E me sinto honrado por ter feito parte disso.

Fernando assentiu.

— Ainda não sabemos o que virá depois. Mas essa noite… é nossa. E vai ficar com a gente pra sempre.

Marina se deitou novamente, puxando os dois para junto de si. Os três permaneceram abraçados por longos minutos, até que os corpos adormeceram, embalados pelo calor da experiência, pelos sorrisos nos lábios e pela certeza de que haviam atravessado uma fronteira — e do outro lado, havia mais amor, mais cumplicidade, e uma promessa silenciosa de liberdade.

Naquela noite, eles não apenas fizeram sexo.

Fizeram história.