O destino escolhido não era extravagante; ficava a poucas horas de distância de onde moravam, mas tinha a atmosfera perfeita para o que procuravam: uma pequena pousada à beira-mar, em uma cidadezinha tranquila, onde o som das ondas substituía o barulho da rotina e o horizonte azul parecia prometer calma e segredos. Lara havia sido a mais empolgada com os detalhes — pesquisando quartos, escolhendo a suíte com varanda privativa e até planejando discretamente pequenos mimos para surpreender Cecília. Já Cecília, entre sorrisos cúmplices e carícias demoradas, deixava-se levar pela energia da namorada, sentindo-se protegida e desejada a cada gesto.
Na manhã da viagem, o clima entre elas era leve, quase adolescente. Entre malas abertas sobre a cama, peças de roupa espalhadas pelo quarto e uma disputa divertida sobre quem levava mais coisas, as risadas se misturavam a olhares carregados de antecipação. Cecília, mais cuidadosa, preocupava-se em não exagerar no peso e em separar roupas confortáveis; Lara, por outro lado, escondia entre vestidos e biquínis uma lingerie nova, pensada especialmente para a primeira noite na pousada.
O carro seguia pela estrada e, a cada quilômetro, parecia se abrir um espaço maior entre elas e o mundo lá fora. Cecília apoiava a mão sobre o ventre ainda plano, como se protegendo aquele segredo em formação, e Lara, enquanto dirigia, vez ou outra esticava a mão para acariciar os dedos da namorada. O silêncio que surgia entre uma conversa e outra não era vazio, mas cheio de significados: desejo contido, ternura, a promessa de momentos intensos.
Quando chegaram, o fim de tarde já pintava o céu de tons alaranjados. A pousada tinha um ar rústico, com varandas de madeira e cortinas brancas que dançavam com a brisa marinha. Foram recebidas com simplicidade, e logo estavam subindo as escadas com as malas. Ao abrir a porta do quarto, Cecília suspirou de imediato: a cama ampla, as flores frescas em um vaso de vidro, a varanda com vista para o mar. Tudo parecia feito sob medida para elas.
Lara, sorrindo com a satisfação estampada no rosto de Cecília, deixou as malas de lado e a abraçou por trás, encaixando o queixo no ombro dela. — Gostou? — perguntou em um tom baixo, quase possessivo, mas cheio de carinho. Cecília apenas assentiu, encostando a cabeça de leve contra a dela, sentindo o corpo arrepiar. Não precisavam dizer mais nada naquele instante: a viagem tinha apenas começado, mas já estava cumprindo seu propósito.
A noite se aproximava, e o ar carregava a expectativa de algo inevitável. A pousada oferecia jantar no salão principal, mas havia também a opção de pedir uma refeição no quarto. Lara, com um brilho malicioso nos olhos, sugeriu que não saíssem naquela noite — que aproveitassem a varanda, o vinho que trouxeram e a intimidade da suíte. Cecília riu, meio cúmplice, meio rendida, sabendo exatamente onde aquela proposta as levaria.
Era só o começo, e ambas já estavam mergulhadas no jogo silencioso de provocações e desejos.