O clima em casa não era dos melhores entre mim e meu padrinho, Tarcísio. Eu me sentia um estorvo e, além de tudo, estava comendo a mulher dele. Se ele sonhasse com isso, certamente me mataria — era o que eu pensava. Eu ainda não fazia ideia da existência de câmeras espalhadas por toda a residência.
— Cláudio, você vai começar a trabalhar comigo no escritório a partir de segunda-feira — disse meu padrinho durante o jantar de sábado.
— Tudo bem — respondi, sem questionar. Eu devia muito aos dois, e um emprego não seria má ideia. Seria algo bom para ocupar a mente e pensar em outra coisa que não fossem os seios e a buceta de Ângela, que consumiam todos os meus pensamentos.
Na segunda-feira, lá estava eu no refinado escritório de advocacia: um ambiente extremamente sério, repleto de mulheres bonitas, algumas mais novas do que eu, em seu primeiro estágio.
Não demorou para que eu fizesse amizades no escritório, e logo todos já sabiam que eu era afilhado de Tarcísio. Ele parecia gostar do meu desempenho e, em um jantar em que estávamos apenas nós três à mesa, comentou:
— O Cláudio está fazendo sucesso entre as estagiárias.
Disse isso com um olhar malicioso para a esposa, como se soubesse que ela sentiria ciúmes.
— Ele é um lindo rapaz, é natural que isso aconteça — respondeu Ângela, olhando para mim e disfarçando muito bem.
Nós dois mal sabíamos que Tarcísio já conhecia tudo o que rolava entre nós.
Eu era novo, estava na flor da idade e só pensava em enfiar minha rola em qualquer buraco. E lá estava Ângela, sempre disposta a satisfazer todos os meus desejos. Era difícil não olhá-la com desejo e, ao mesmo tempo, disfarçar na presença do meu padrinho.
Os dias no escritório seguiam intensos, mas eu mal conseguia me concentrar. As estagiárias flertavam, sim, mas nenhuma chegava aos pés de Ângela. Aquela mulher me dominava por completo: o jeito como andava pela casa, o perfume que ficava no ar depois que passava, o olhar discreto que me lançava quando Tarcísio não estava vendo. Eu vivia de pau duro só de pensar nela.
Numa tarde de quinta-feira, o destino pareceu conspirar a meu favor. Tarcísio tinha uma audiência importante fora da cidade e só voltaria à noite. Ângela havia saído para um almoço com amigas e me mandara uma mensagem dizendo que demoraria. A casa estava vazia, silenciosa, quase me chamando.
Não resisti. Subi as escadas devagar, a boca seca de expectativa, e entrei no quarto dos meus padrinhos. O cheiro dela impregnava tudo: na cama perfeitamente arrumada, nas cortinas, no armário entreaberto. Meu olhar foi direto para a mesinha de cabeceira, onde ela guardava sua agenda pessoal — aquela de capa de couro preto, pequena e discreta.
Peguei-a com as mãos trêmulas e abri nas páginas mais recentes. Havia anotações novas, na letra elegante e caprichada que eu conhecia tão bem.
“Dia 10: Não aguento mais segurar esse desejo. Quero senti-lo dentro de mim de novo, forte, jovem, sem limites. Só de pensar no Cláudio, meu corpo reage. Ele me olha e eu fico molhada na hora.”
Folheei mais uma página.
“Dia 12: Tarcísio marcou uma viagem a negócios para São Paulo na próxima semana. Três dias inteiros sozinha com o meu afilhado em casa. Vai ser perfeito. Quero estreitar nossos laços de uma vez por todas. Quero que ele me possua em todos os cantos dessa casa, sem medo, sem pressa.”
Li e reli aquelas linhas, sentindo o pau inchar rápido dentro da calça. Imaginei-a escrevendo aquilo à noite, talvez já excitada, talvez se tocando enquanto pensava em mim. Uma onda de calor subiu pelo meu corpo, as pernas quase cedendo.
Abri a gaveta de lingerie sem pensar duas vezes. Escolhi uma calcinha preta de renda — uma que eu já tinha visto ela usar —, fina, delicada, ainda com o aroma sutil do corpo dela. Levei-a ao nariz e inspirei fundo. Era puro Ângela: perfume caro misturado com aquele cheiro íntimo que me deixava louco.
Sentei-me na beira da cama deles, abaixei a calça e comecei a me tocar devagar, a calcinha pressionada contra o rosto. Cada inspiração era como se ela estivesse ali, me cavalgando, gemendo baixinho no meu ouvido. Apertei mais forte, imaginando as cenas que ela descrevera: ela de quatro na cama, rebolando; ela me chupando no chuveiro; ela gritando meu nome enquanto eu gozava fundo dentro dela.
O ritmo foi acelerando sozinho. Eu gemia o nome dela entre os dentes:
— Ângela… caralho, Ângela…
Até que o orgasmo veio violento. Gozei forte, jatos quentes melando a mão e respingando um pouco na calcinha. Fiquei ali, ofegante, o corpo mole, sabendo que a viagem de Tarcísio estava próxima e que, dessa vez, não teria volta.
Guardei a agenda no lugar exato, limpei tudo com cuidado e devolvi a calcinha à gaveta — agora com o meu cheiro misturado ao dela.
Mal sabia eu que aquelas câmeras, que eu ainda desconhecia, tinham registrado cada segundo.