A multidão, um mar de cores e alegria, pulava e cantava atrás dos trios elétricos, e eu e Daniel, meu marido, estávamos bem no meio daquele turbilhão. A energia da festa era contagiante, mas um tesão peculiar, alimentado pela euforia e pela ousadia do momento, começou a borbulhar entre nós.
A gente sambava junto, os corpos colados, a música alta abafando qualquer conversa. Daniel se inclinou, o sorriso largo e os olhos brilhando com uma intensidade que eu conhecia bem.
Eu sabia o que ele queria, e a adrenalina daquele lugar, com milhares de pessoas por perto, só tornava tudo mais excitante.
Ele me puxou para um cantinho, bem colado na parte de trás do trio elétrico, onde a aglomeração era maior e a visão, mais obstruída.
Ali, na nossa bolha de privacidade, cercados pelo caos e pela festa, nossos olhares se encontraram. Não havia tempo para palavras.
Sem hesitar, ajoelhei-me à sua frente, ali mesmo no asfalto quente, com o chão vibrando sob meus joelhos ao ritmo da batucada.
Aquele ato de reverência e desejo era puramente meu, uma resposta ao que ele me provocava. Daniel me olhou, seus olhos famintos, cheios de uma paixão que me fez vibrar.
Com um toque suave, ele tirou o pênis para fora. Ele estava quente e rijo, a cabeça, um tom avermelhado e pulsante, parecia me chamar.
Mas eu não fiz absolutamente nada, fiquei apenas admirando. Meus olhos percorriam cada centímetro, observando-o.
Eu via o desejo crescer em seu rosto, a testa franzida em concentração, os músculos do seu braço tensos.
Ele começou a se masturbar, ali na minha frente, seus movimentos rítmicos, controlados. Eu o assisti, fascinada, vendo a paixão tomar conta de seu corpo.
Cada carícia que ele fazia em si mesmo era uma demonstração de seu desejo por mim, acendendo um fogo que queimava de dentro para fora.
A cumplicidade entre nós era palpável, enquanto o som da festa nos engolia.
O ritmo dele se intensificava, a respiração mais pesada, mais ofegante.
Eu o ouvia arfar, os olhos semicerrados pelo prazer intenso. E então, ele me olhou, o suor fino na testa, e seus lábios se curvaram em um gemido abafado.
"Vou gozar, meu amor", ele sussurrou, a voz tensa de prazer, quase inaudível por causa do som do trio.
Eu mantive minha boca fechada, porque naquele momento, não estava com vontade de engolir, apenas de sentir a totalidade da sua entrega. E senti a explosão.
O gozo quente e abundante dele explodiu e preencheu todo o meu rosto. Foi uma onda de calor e vida, a culminação da sua entrega. Era mais leitinho que o normal, cobrindo minha pele, e eu deixei jorrar no rosto, sem pensar em limpar, apenas em sentir a sensação.
Não houve nojo, apenas uma aceitação plena, um símbolo de que eu o recebia por completo. Aquele leitinho era a essência dele, o ápice do seu amor.
Daniel soltou um suspiro profundo de satisfação, relaxando. Ele me puxou para um abraço apertado, nossos corpos ainda trêmulos, mas a tensão havia desaparecido. A paz e a satisfação nos envolviam, ali, atrás do trio elétrico.
Com o rosto ainda melado com o seu gozo, e um sorriso secreto nos lábios, voltei a pular e a sambar junto à multidão.
A música parecia ainda mais vibrante, as cores mais intensas. Daniel estava ao meu lado, rindo, seus olhos brilhando. Ninguém mais sabia o que tínhamos acabado de viver. Para eles, éramos só mais um casal curtindo o Carnaval.
Mas, por dentro, eu carregava um segredo doce e sagrado, a lembrança daquela consagração secreta que nos uniu ainda mais em corpo, alma e espírito, bem ali, no coração da folia.