Para sempre: Meu pai, meu homem ( Parte 4)



Os dias seguiram e com a minha presença o ritmo da casa mudou. Abri as janelas, troquei as cortinas que cheiravam a mofo, lavei o quarto do meu pai, deixei o vento entrar e a luz entrar na casa e o cheiro de desuso foi se dissolvendo, substituído pelo aroma de sabão e café fresco.

Às vezes, meu pai reclamava:

— Pra que isso tudo, minha filha? A casa tava bem assim.

— Bem pra quem, pai? — respondia com um sorriso leve.

Mais tarde consegui mais uma proeza, pela primeira vez em anos, ele voltou ao centro da cidade. Caminhamos juntos pela rua principal, cumprimentando rostos conhecidos. Meu pai tentava disfarçar o incômodo de ser visto, o orgulho ferido de quem sempre preferiu o anonimato. Mas quando um velho amigo lhe apertou a mão, chamando-o pelo apelido antigo, “Tonho da Banda”, ele riu.

Foi um riso breve, mas verdadeiro. Eu vi ali uma fresta — pequena, mas suficiente — por onde a vida ainda podia voltar a entrar. À noite, ao olhar ele adormecido na cadeira, o rádio tocando baixinho um bolero antigo, pensei que talvez a cura começasse assim:

Não com grandes gestos, mas com a coragem de abrir as janelas e deixar o vento remover o pó de anos. Foi num sábado de manhã que eu trouxe a cadeira para o quintal, coloquei uma toalha nos ombros do meu pai e anunciando:

— Hoje o senhor vai sair daqui novo.

Ele riu, um riso encabulado, meio desconfiado, o tipo de riso de quem teme o espelho mais do que o tempo. Mas deixou-se ficar ali, imóvel, enquanto eu passava a tesoura em seus cabelos grisalhos, aparando com cuidado, como quem corta o passado em pequenas partes.

— Faz quantos anos que o senhor não corta o cabelo, pai? — perguntei com a tesoura em movimento.
— Desde que dona Raimunda lá do salão perdeu a mão e me deixou parecendo um bode. — ele respondeu, e nós dois rimos

Mas eu notei o que se escondia por trás da brincadeira — a falta de vontade de se cuidar, de se ver bonito, de se sentir vivo. E aquilo me entristecia em silêncio.
Depois foi a vez das unhas, que eu lixei com paciência, sem pressa, como se cada unha fosse uma página amarelada de um diário antigo.

Então comecei a notar ele me olhando, meio sem saber onde pôr os olhos. Parecia que meus toques nos dedos dele faziam ele tremer de leve denunciando algo que eu não sabia nomear.

Me abaixei para cortar as unhas dos pés dele, ele desviou o olhar para o horizonte, envergonhado.

— Não precisa disso, Rosana…
— É cuidado, pai. — respondi, sem erguer a cabeça.
— O senhor cuidou de mim a vida toda. Agora é minha vez.

Nos dias seguintes consegui tirar ele mais uma vez de casa. Fomos juntos à feira, ao pequeno comércio da praça, onde todos ainda o chamavam de “Seu Tonho”. Lá, os velhos conhecidos estranharam o brilho nos olhos dele.

— Tá mais moço, Tonho! — disse um deles.
— Foi a filha que chegou, né? Mulher em casa é outra coisa. — comentou outro, entre risos e tapinhas nas costas.

Eu ria também, sem notar o quanto aquele tipo de elogio enchia o peito do meu pai de um orgulho. Ele caminhava mais ereto, olhava ao redor, e às vezes deixava escapar um sorriso que há muito não se via.

Naquela noite eu me recolhi mais cedo, tinha feito muita coisa durante o dia. Deixei ele na varanda, ouvindo o rádio de pilha. De longe eu conseguia ouvia crepitar uma música, locutor anunciou Carlos Alexandre “feiticeira”.

Enquanto isso eu estava deitada olhando para o teto pensando: “será se ele ta pesando no seu antigo amor, a costureira Alzira!?”


Alguns minutos depois outra musica começa a tocar, agora o locutor anunciava Carmen Silva, “Adeus solidão”. Eu ouvia aquilo e pensava: “Nossa que música profunda, passa um sentimento tão forte”

As músicas pareciam apontar para algum lugar — ou talvez para alguém — que ele não ousava nomear. O vento batia leve nas janelas, e o chiado do rádio se misturava ao som distante dos grilos.

Me virei de bruços, repousando dentro de um baby doll azul marinho, liso, que se adequavam perfeitamente às curvas do meu corpo..

Os olhos foram pesando, então acabei adormecendo ouvindo as musicas dele. No dia seguinte meu pai já não acordava para o vazio — havia sempre a minha voz, o barulho que eu fazia pela cozinha.

A casa, antes tão quieta, parecia respirar outra vez, eu cuidando dele com um zelo que não pedia licença, que se impunha em gestos pequenos: o café passado na hora certa, a toalha limpa sobre o encosto da cadeira, o copo de suco deixado ao lado do rádio.

Mas naquela tarde notei algo diferente nele, é como se ele estivesse mais atento aos meus movimentos. Teve um momento, enquanto parei de varrer a sala e amarrei meu cabelo num coque apressado, uma mecha do meu cabelo cai sobre meu rosto e vi ele me olhando agitado, inquieto.

E isso seguiu acontecendo até mesmo quando eu caminhava pela casa. O balanço natural do meu quadril, o som ritmado das sandálias batendo no chão pareciam faze-lo ir para um outro lugar e tempo.

— Está tudo bem, pai. Parece mais avoado.

— É..tou bem sim. — respondeu ele, forçando um sorriso.

Quando a noite chegou, ficamos sentados na varanda falando de assunto aleatórios, do meu marido distante, da correria da empresa, ele ouvia tudo com olhos de menino.

Ele parecia prestar atenção até ao movimento das minhas mãos enquanto gesticulava, do jeito como eu sorria. Minutos depois me levantei desejando-lhe “boa noite”, ele respondeu num sussurro quase imperceptível:

— Boa noite, minha filha...o “minha filha” saiu trêmulo, como se falar aquilo tivesse um novo peso.

Cheguei no quarto e comecei a me despir para trocar de roupa. Tirei minha bermuda jeans azul, minha camiseta regata, sutiã e calcinha. Enquanto andava nua pelo quarto procurando algo para vestir, escuto o radio dele ligar.

Não achei uma camisola, então vesti um shortinho verde mais confortável que encontrei e uma camisa branca.

Então começa a tocar Reginaldo Rossi, com “Pedaço de Mau Caminho.

“Pelo jeito ele vai esticar mais uma vez” pensei, já era o segundo dia seguido que ele ia dormir depois de mim ouvindo música. De repente escuto ele cantarolar uma música

“Meu amor foi uma chama
Que queimou meu coração
Incendiou a esperança
Botou fogo na ilusão
Destruiu o meu pensamento
Acabou minha razão
E agora o que é que eu faço
Pra sair dessa aflição?"

Sem pensar eu suspiro e começo a pensar nele lá, sozinho no escuro, escutando a mesma música, perdido em pensamentos. Comecei a sentir uma sensação de pena e ternura se misturando.

Quase não consigo dormir com aquele sentimento no peito.

Foto 1 do Conto erotico: Para sempre: Meu pai, meu homem ( Parte 4)


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Comentários


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jbcuritiba Comentou em 18/12/2025

Hum que delicia 😋 amei

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lozo Comentou em 18/12/2025

Filha zelosa e dedicada ao extremo. Que amor gostoso entre pai/filha ou filha/pai, que sentimento profundo e maravilhoso está se criando entre os dois. Onde isso vai chegar? Mistério. votado e aprovado




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Para sempre: Meu pai, meu homem ( Parte 4)

Codigo do conto:
249576

Categoria:
Incesto

Data da Publicação:
18/12/2025

Quant.de Votos:
9

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