Meu pau pequeno ainda pingava restos de gozo, sem que eu tivesse encostado nele. Eu me olhei e senti vergonha e tesão ao mesmo tempo. Era como se eu tivesse me visto de fora — um macho normativo, quebrado, entregue, com cara de perdido.
O cheiro era forte. Cigarro, suor, porra. A sala inteira impregnada. Eu puxava o ar e parecia que cada respiração trazia ele de volta.
Olhei a mesa de bilhar, os tacos encostados na parede, e pensei no risco. Se alguém entrasse naquela hora, ia ver tudo: a porra escorrendo em mim, o chão marcado de suor, minha cara de quem tinha acabado de ser possuído.
A vergonha queimava, mas logo se misturava com outra coisa. Orgulho? Não. Era mais sujo que isso. Era tesão de saber que tinha acontecido, que ele me usou e foi embora sem olhar pra trás, como se tivesse marcado território.
Eu toquei o ombro, senti a mordida, e estremeci. Passei a mão no cu, senti a viscosidade quente escorrer pela coxa, e gelei. A cada detalhe, parecia que eu me afundava mais no segredo.
E a pior parte era clara dentro de mim: eu sabia que não queria que fosse a última vez.
Saí da sala devagar, as pernas bambas, a cabeça leve. O corredor parecia mais silencioso que antes. Tudo normal lá fora, mas dentro de mim nada era mais o mesmo.
Eu sabia que ia voltar. Ou melhor: que quando ele quisesse, eu estaria ali.
Cheguei em casa já tarde, ainda meio zonzo. O cheiro de cigarro e suor parecia colado na pele. Entrei no banheiro direto, querendo me lavar, mas cada movimento lembrava dele: o ombro ardendo da mordida, a bunda dolorida, o gozo escorrendo mesmo horas depois.
Deitei na cama ao lado da minha mulher, que já dormia. Respiração calma, lençol puxado até o queixo, a rotina de sempre. Eu fiquei olhando, sentindo a contradição me rasgar por dentro. Ali, marido normal, cama normal. Mas dentro do meu corpo ainda pulsava a foda mais violenta e real da minha vida.
Fechei os olhos e tentei desligar. Mas o reflexo no espelho vinha de volta, nítido: eu de quatro, quebrado, com a tora enterrada em mim. O tesão não passava. O coração acelerava só de lembrar.
Minha mulher se mexeu de leve, virou pro meu lado, encostou a perna na minha. Um gesto simples, mas me fez gelar. Se ela soubesse… se sentisse o cheiro, se desconfiasse. Eu prendi a respiração, o medo misturado com uma excitação suja.
Me virei de costas, olhando pro teto escuro. O corpo cansado, mas a mente acesa. Eu sabia que tinha me colocado num lugar sem volta. O negão tinha me usado, tinha me marcado, e eu sabia que ia querer mais.
A pior parte era essa: não era arrependimento que me consumia. Era a certeza de que eu ia procurar de novo. De que já estava viciado.
Acordei cedo. Café na mesa, cheiro de pão torrado, minha mulher de avental cuidando da cozinha como sempre. Cena comum, vida comum. Eu sentei, tomei o café, falei de coisas banais. Mas dentro da minha cabeça, nada era banal.
Cada vez que eu cruzava as pernas, sentia a pressão lá atrás. Cada vez que respirava fundo, lembrava do cheiro da sala: cigarro, suor, porra. Tentei disfarçar, segurar firme a xícara pra não tremer.
Minha mulher perguntou se eu estava cansado, se tinha dormido mal. Balancei a cabeça, soltei um “sim, noite longa”, e engoli rápido o café. Ela sorriu, acreditou. Eu sorri de volta, mas por dentro estava em pedaços.
Levantei, fui pro banheiro. Fechei a porta, tirei a roupa, me olhei no espelho. As marcas ainda estavam ali: mordida no ombro, vermelhidão no pescoço, coxas doloridas. Encostei a mão devagar na bunda e senti de novo — não era só dor física, era lembrança viva.
Fiquei um tempo parado, encarando meu reflexo. A cara de homem casado, barbeado, camisa passada. Mas atrás da máscara, eu sabia o que tinha acontecido. Sabia que meu corpo ainda era território do negão.
E a pior parte: enquanto eu tentava parecer normal, sentia o pau pequeno endurecer, latejando, só de lembrar dele me prendendo e chamando minha bunda de cofre.
Voltei pra sala. Minha mulher falava do mercado, de contas, de planos do fim de semana. Eu assentia, fingia ouvir, mas cada palavra dela parecia distante. Como se eu estivesse em dois mundos ao mesmo tempo: o mundo limpo, de marido, e o outro, sujo, secreto, onde eu já não mandava em mim.
E nesse mundo, eu só esperava uma coisa: o próximo chamado dele.
No meio da tarde, a campainha tocou...