Era ele.
Boné, camiseta justa, aliança brilhando. O sorriso curto de sempre, aquele que diz “eu mando”. Não pediu licença: entrou, fechou a porta devagar, me empurrou pelo ombro até a área de serviço. A máquina de lavar ronronava, a porta de correr abafava os sons da casa.
— Senti tua falta, rabudo — ele disse, baixo, colado no meu ouvido. — Ajoelha.
Eu obedeci. De joelhos no azulejo frio, mãos atrás do corpo. O coração batia no pescoço porque minha mulher estava ali, a poucos passos, e eu não sabia quanto tempo tinha. Ele baixou o zíper, tirou a tora. Pesada, imensa. Minha boca abriu sozinha.
— Silêncio — ele murmurou, a mão na minha nuca. — Se tua mulher ouvir, tu aprende o que é vergonha de verdade.
Empurrou. Fundo. Eu engasguei, os olhos arderam, mas segurei. A máquina batia água, o som mascarava meu gemido preso. Ele segurava minha cabeça como quem guia, ritmo dele, sem pressa.
— Boca de macho — ele rosnou. — É isso que me serve. Boca e rabo.
“Amor, onde tá meu cinto?”, ela gritou do quarto. Minha espinha gelou. Ele encostou o dedo nos próprios lábios, sem tirar a rola da minha garganta. Eu levantei os olhos pra ele. O olhar dele dizia tudo: continua.
— Tá na gaveta de cima! — respondi, a voz falhando. Ele riu baixo, satisfeito com o meu desespero, e empurrou mais.
O tempo esticou. Eu só sentia o peso, o calor, o gosto. A máquina virou de ciclo; o barulho aumentou. Ele aproveitou, me puxou pelo cabelo e sussurrou:
— Vira.
Me pôs de pé, me tombou sobre a tampa da máquina, segurou minha cintura e baixou meu short até a metade da coxa. A palma dele veio seca na minha bunda. Outra. Outra. Eu mordi o lábio pra não soltar som. Ele abriu meu rabo com a mão, devagar, como quem confere posse. A cabeça grossa encostou. Eu arfei.
— Não hoje — ele disse, cruel, tirando a glande da entrada. — Hoje tu vai sair pingando vontade. Quero teu cu pensando em mim a tarde inteira.
Me virou de volta e socou a rola na minha boca outra vez, um estalo molhado. O mundo sumiu. Só ele. Só a pressão na nuca, a garganta se moldando, o joelho ardendo no piso. Ele alternava: segurava, soltava, empurrava, pausava — tortura calculada.
— Lembra disso quando tu sair de mãos dadas com ela — sussurrou. — Quem manda no teu cofre sou eu.
— Amor, achei! — ela gritou, rindo, abrindo e fechando portas.
Ele sorriu, malandro, e começou a acelerar. A mão direita apertou minha nuca, a esquerda segurou minha mandíbula aberta pra ele entrar mais fundo. Meus olhos lacrimejavam, mas eu não recuei. A respiração virou ruído. O corpo todo vibrava entre pânico e tesão.
— Engole, porra. — O tom dele baixou mais um ponto, grave, possessivo. — Engole quieto.
O jato veio quente, fundo, num tremor que subiu pelo braço dele e explodiu na minha garganta. Eu travei, engoli, segurei o som. Ele não soltou minha cabeça até a última contração. Depois tirou devagar, encostou a testa na minha e disse, quase sem voz:
— Sábado. Mesmo lugar da mesa. Trago outra surpresa.
Subiu o zíper, endireitou a camiseta, deu dois passos pra trás. Eu passei o antebraço no queixo, respirei fundo, levantei. Ele encostou a mão aberta na minha bunda por um segundo — leve, como um carimbo — e saiu pelo corredor como se nada tivesse acontecido.
— Quem era na porta? — minha mulher perguntou, surgindo no batente, rímel na mão.
— Entrega errada — respondi, engolindo seco, o coração ainda batendo no ouvido.
Ela sorriu, me deu um beijo rápido e voltou pro quarto. Fiquei sozinho na área de serviço, joelhos formigando, garganta quente, a marca da mão dele ardendo na minha bunda. E uma certeza simples, indecente, ocupando tudo: sábado, eu já estava prometido.