O hostel ficava numa rua próxima à praia, cercado de vozes estrangeiras, cheiros de comida e riso. No quarto coletivo, havia quatro camas estreitas, um ventilador que zumbia sem piedade e uma janela por onde se via um recorte do mar. Um letreiro pendurado na parede lembrava as regras: “Respeite o descanso dos outros hóspedes. Nada de intimidades nos quartos.” As camas eram de solteiro, afastadas, e as noites pareciam longas demais.
Nos primeiros dias, o casal se acomodou à nova rotina. Trabalharam num pequeno restaurante à beira-mar, dividindo turnos, cansaço e planos. À noite, voltavam exaustos, fingindo dormir enquanto trocavam olhares silenciosos nas penumbras do quarto. O desejo crescia em segredo — denso, contido, vivo — e o som das ondas misturava-se à respiração dos dois.
Os banheiros eram unissex, pequenos, com apenas um chuveiro e uma privada. Depois de uma semana, numa manhã antes de saírem para o trabalho, decidiram entrar juntos. O espaço mal comportava duas pessoas. O espelho embaçado escondia o rosto de Clarisse, mas Roberto via o reflexo dela através da cortina de vapor. A água escorria pelos cabelos, pelos ombros, e o gesto simples de se banhar parecia um ritual. O corpo dela era um convite silencioso.
Sentado no vaso sanitário, observava sem pressa, com um respeito misturado à fome, acariciando o seu membro viril. O desejo era um fio esticado entre os dois, invisível, vibrante. Clarisse sentia a presença dele ali — imóvel, mas inteira. A cada respiração, o ar parecia mais pesado, mais íntimo. E, embora não se tocassem, algo os unia como se o próprio vapor fosse cúmplice.
Com o passar das semanas, aquele pequeno banheiro tornou-se refúgio. A água e o vapor escondiam o que as paredes não deviam ouvir. O amor deles encontrou ali um outro idioma — feito de olhares, silêncios e gestos contidos. Aprenderam a desejar sem pressa, a amar sem o corpo, a tocar com o olhar.
Três meses se passaram assim: o trabalho, o calor, o cansaço, o som constante do mar e os banhos compartilhados em segredo. Guardaram o dinheiro, guardaram o desejo, guardaram o riso cúmplice que vinha depois de cada manhã apressada.
Um dia, Clarisse trouxe uma pequena caixa escondida na mochila que havia comprado num sexo shop. Um presente — ou talvez uma ousadia. Roberto percebeu antes mesmo de ver. Sentiu um leve ciúme, depois curiosidade, depois admiração. Ela sorria com uma liberdade que o desarmava.
A cumplicidade cresceu no silêncio. O tempo, que antes parecia espera, virou partilha. E quando a temporada terminou, os dois voltaram ao Brasil com quase trinta mil dólares guardados e um desejo que parecia novo, amadurecido.
No primeiro apartamento que alugaram, havia finalmente uma cama de casal. A noite da chegada foi silenciosa. Deitaram-se lado a lado, nus, respirando o mesmo ar, e o que antes era proibição agora era escolha. Não havia urgência — só presença.
Entre eles, o mesmo silêncio do hostel, mas agora mais doce, mais livre. Clarisse deslizou a mão até tocar a dele, conduzindo-a para o membro viril de seu namorado para em seguida ela mesma se acariciar.
O amor, enfim, se completava não no ato, mas no olhar.
Como se o mar que os uniu ainda sussurrasse lá fora, lembrando-os de que o desejo também pode ser calma.



Obrigado pela leitura e pelo voto. Fico feliz que meu conto tenha lhe inspirado. Adoro saber quando uma mulher gozando de prazer
Gozei muito que delícia de conto. Votado