Ela vestia branco e nada por baixo. Um vestido curto, leve, quase insolente em sua simplicidade. Não era provocação gratuita; era escolha. Um gesto silencioso de autonomia. Cada passo dela parecia dizer: estou aqui por mim.
Na discoteca, a música pulsava como um coração coletivo. Luzes cortavam o ar. Ela se soltou na pista — não para ser vista, mas para se sentir. O corpo acompanhava o ritmo com naturalidade, sem culpa, sem medo. Dançava como quem celebra algo íntimo. Ele a observava à distância certa: perto o bastante para cuidar, longe o bastante para respeitar.
Em certo momento, ela se afastou. O banheiro era um refúgio temporário, um espaço de silêncio em meio ao excesso. Ali, sozinha, respirou fundo e começou a se tocar. O espelho devolveu uma imagem segura, consciente, dona de si. O vestido ficou de lado por alguns instantes. O resto pertenceu apenas a ela — um segredo guardado no próprio corpo, uma chama que se acende sem precisar de plateia.
Quando voltou à pista, havia um brilho diferente em seu olhar. Dançou mais. Riu com as amigas. Girou sob as luzes. Encontrou o namorado de novo, e trocaram um sorriso cúmplice, desses que não pedem explicação.
A madrugada avançou. O carro cortava a cidade quase vazia. O silêncio entre eles era carregado de tensão boa, daquela que aquece a pele. Ela apoiou a cabeça no banco, fechou os olhos, deixou-se levar por sensações que não precisavam ser nomeadas. Ele percebeu. Não a tocou. Apenas esteve ali, presente, respeitoso, atento, embora super excitado.
Em casa, ficaram nus com plena confiança recíproca de que continuariam se abstendo da penetração, optando pela masturbação como uma maneira segura, pura e saudável de se relacionarem. Corpos sem pressa, sem exigência. Cada um com o próprio ritmo. A intimidade deles não precisava ultrapassar limites para ser profunda. Bastava o olhar, a respiração compartilhada, o saber que o outro estava ali, inteiro.
Ela viveu sua noite até o fim, do jeito que escolheu. Sem riscos. Sem imposições. Sem abrir mão de si.
E ele, ao lado, compreendia que amar também é isso: desejar sem possuir, acompanhar sem invadir, respeitar sem esfriar.
O dia amanheceu manso. E a liberdade — essa sim — permaneceu.



