CASUAL - Parte 01

Só passado fica quase entediante, então algo mais recente, de uns 3/4 meses atrás, cai bem, concordam ?

Uma amiga minha, Aline (outra hora conto mais sobre ela), resolveu fazer uma reuniãozinha para comemorar seu aniversário e me convida.

- Lan, sexta é meu aniversário ...
- Eu sei, boba !
- ... Então, vou fazer uma reuniãozinha aqui em casa e quero que você venha, tá !
- Obaaaaaa ... Tem que levar alguma coisa ?
- Nadinha, só você ! E, ahhhh, antes que pergunte, bem casual tá, nada muito chique ...
- Hummmm, mesmo ?
- Mesmo !!!
- Tá bom e que horas ?
- Umas 9 horas ... E se quiser trazer alguém fica a vontade.
- Vou ver, sexta, 9 horas, beleza !

Minha primeira preocupação foi achar um presente para ela, que não era muito facil, finalmente lembrei de um perfume que ela gostava, mas não estava achando. Depois de umas ligações, um amigo tinha o dito para vender. Quando fui buscar quase fali, mas valia a pena, já que ela sempre me deu bons presentes.

No dia da festa aquela preocupação básica, unhas, cabelos, look. Entre os dois primeiros, inclui também uma depilação, resumo quase o dia todo no salão. Em casa, de banho tomado, faço um make levinho discreto. O look escolhido é uma pantalona preta de linho, que adoro, ela super realça meu bumbum e minha cintura, depois uma frente única também preta, tipo um cropped, que deixa minhas costas totalmente expostas, um scarpin preto de saltinho, digamos médio, tipo uns 7 cm. acessórios ? Escolho um conjuntinho de prata, com brincos tipo gota, uma gargantilha delicadinha, um piercing agulha para a orelha e outro também tipo gota para o umbigo. Duas, três, quatro olhadas no espelho, me dou por satisfeita e sigo para a festa.

A “reuniãozinha” virou um tremenda festa e o povo quase transbordando do salão do prédio, isso porque cheguei “adiantada” , ou seja, umas 21:30. Depois de entrar, demoro um tempinho para achar minha amiga. Entrego o presentinho, conversamos um pouco e ela volta para seus outros convidados. Fico ali sozinha, tentando achar algum conhecido e nesse meio tempo me sirvo de uma taça de espumante ou prosecco, nunca sei a real diferença. Finalmente, acho um rosto conhecido, uma amiga em comum, que esta com o namorado. Acho que por uma questão de conveniência ficamos ali num canto conversando.

Confesso, salvo pela Aline e por essa amiga, me sinto deslocada, conheço umas pessoas de vista, mas a maioria é de desconhecidos, fico achando que sejam amigos do Nando, marido dela. Lá pelas tantas fico sózinha de novo e do meu cantinho fico observando o povo. Mas faço isso, muito bem embalada por aquele “vinho” delicioso.

Do nada um cara vem conversar comigo.

- Perdida por aqui, caiu de páraquedas ou nenhuma das anteriores ?

Dou risada e tento “avaliar” o cara. Pouco mais alto que eu, talvez 1e75, não dá para dizer que seja gordinho, mas magrelo não é, embaixo da camisa de marca, dá para perceber que deve se cuidar bastante. Cabelo claro curtinho, barba raspada, olhos castanhos e não consigo definir uma idade, mas certamente não é novinho.

- Nem uma coisa nem outra, a Aline é amiga, mas o resto do povo nunca vi e você ?
- O Fernando é amigo antigo de trabalho e acabei vindo com outros dois amigos, aqueles dois ali conversando com aquela loira.
- Ahhh tá ...
- Sou Arthur e você ?
- Lana !
- Prazer Lana !
- Prazer Arthur !

Dai a gente engata uma conversa super-agradável. Percebo que ele tem um leve sotaque, que não identifico. Mas, é claro que ele, além de simpático, sabe conversar e é muito educado, coisas que me agradam bastante num homem.

O tempo passa, chega a hora do bolo, de cantar os parabéns etc. Ele meio que desaparece no meio do povo. Tomo mais um drink, como um pedaço de bolo e pouco antes da meia-noite faço aquela saída a francêsa. Meio decepcionada, mas enfim, as coisas são assim.

Em casa, sózinha, termino um vinho que tinha aberto, então bate aquele soninho e vou deitar. Dia seguinte, acordo meio tarde, tento dar uma ordem na casa, nisso meu telefone toca. Atendo, é Aline.

- Bom dia garota ! Tudo bom ? Você sumiu ontem, não gostou da festa ????
- Oieeee ... Gostei sim, é que fiquei com sono ...
- Ahhh tahhh ... Então, to ligando a pedidos ...
- Hummmm, “a pedidos” ???? De quem ?
- Você conheceu ele, Arthur ...
- Verdade, gostei dele !
- Pois é, parece que ele também gostou de você.
- hummmmmmmmmmmm
- Então, ele me ligou pedindo seu telefone.
- Sério ? Por que ele não pediu ontem ?
- Ahhh, sei lá, pergunta pra ele, né ?
- Então, posso passar seu contato pra ele ???
- Pode, sim, ele é simpático !
- Ahhhh, tem uma coisa, ele me perguntou uma coisa, mas tava todo sem jeito ...
- Meuuuu, fala logo !!!!!!!!!!! Sou curiosa !
- Ele perguntou se você era trans, disse que sim. Foi mal ?
- Não foi mal não, melhor até !
- Posso passar seu contato ?
- Pode sim !
- Legal ! Vou fazer isso ! Agora preciso terminar as coisas aqui em casa, o Nando tá animadão hoje, se me entende.
- Entendo sim ... Beijos
- Beijos

Volto a fazer minhas coisas e uns 15 ou 20 minutos depois o telefone toca, é ele Arthur.

- Oi Lana, aqui é Arthur, da festa ontem ...
- Oi !!! Tudo bom ?

A conversa segue dai e bem agradável. Resultado, ele me convida para jantar, mas (meio encabulado, eu percebo) me pergunta se teria algum problema em vir me buscar de ÜBER, respondo que nenhum, mas se ele não se incomodar posso ir busca-lo, já que tenho um carrinho. Combinamos o horário, ele me passa o endereço do flat. Depois disso sigo arrumando a casa, minhas coisas, almoço e fico fazendo hora. Isso me dá mais tempo para pensar no meu look.
                
Hora de me arrumar, banho, make, cabelo e look. Tem horas que não sei o que se passa comigo, mas escolho praticamente o mesmo look da festa. Cabelo tipo samurai, make levinho, só o batom mais forte. Uma pantalona creme levinha, parecida com a preta, mas um tiquinho transparente e mais justa nos lugares certos, me deixando mais arrebitadinha e uma camisa de seda azul clarinha, tipo slim fit, que deixa minha barriga levemente exposta.

Sigo para buscar Arthur, o flat fica meio que nos Jardins e não demoro muito a chegar, na verdade, até meio adiantada. Subo a rampinha de entrada e pego meu celular. Mas é desnecessário, ele já estava no hall.

Apenas saio do carro, ele me vê e vem na minha direção. Nos cumprimentamos com beijinhos no rosto. Depois disso ele se afasta um pouco e me olha de cima a baixo e vice-versa, com um sorriso maravilhoso, seus olhos brilham.

- Nossa você esta lindissima, vão perguntar o que uma princesa dessas esta fazendo com um bagre como eu ! (cai na risada)
- Besteira, seu bobo, você esta um gato ! Vamos ?

Nem preciso dizer que essa brincadeirinha já me deixou “animadinha”. Uma vez no carro e voltando para a rua

- Então você quer ir aonde ?
- Ahhhh, você é o cavalheiro e eu a convidada, então você escolhe !

Depois de uns minutos, ele fala o nome de um restaurante perto do centro de SP, quase tenho uma síncope, pois além de conhecer, adoro o lugar. Trânsito chato, demoramos um pouco para chegar. Mas a conversa gostosa mata o tempo.

Entrego o carro ao manobrista e entramos. A hostess vem nos receber, pega nossos nomes e avisa que há uma certa espera e nos leva ao bar, próximo do piano. Arthur toca meu braço e fala baixinho :

- Tá vendo um monte de gente olhando pra você, querendo saber o que faz com esse bagre feio aqui !
- Ninguem tá olhando pra gente, bobinho !

O barman se aproxima e pergunta o que queremos. Antes que eu fale algo, ele solta :

- Você tem carinha de quem gosta de caipirinha, certo ?
- Adivinhou !
        
Então, pede uma caipiroska e um uisque puro. A conversa segue.

==> segue parte 02