Quando chegaram ao ponto de partida, o ar da manhã já trazia o perfume úmido das pedras e das folhas. Débora saiu do carro e ficou diante da parede rochosa, olhando-a como quem encara um espelho. Sem dizer palavra, começou a tirar a roupa — uma peça após outra — até que apenas o tênis, as meias e a cinta de segurança lhe envolviam o corpo.
Carla e Vanessa se entreolharam, entre a surpresa e o encantamento. Aquela cena parecia mais do que coragem: era uma espécie de ritual. Débora sorriu, com uma serenidade que não pedia aprovação.
— Hoje quero sentir a montanha como ela é — disse, tocando a pedra nua com as mãos.
A subida começou. O corpo dela, banhado de luz e suor, parecia mover-se em harmonia com o próprio relevo. Cada passo era uma confissão, cada impulso, um pequeno êxtase. As amigas a seguiam de perto, fascinadas.
Uma hora depois, o cume se abriu diante delas como um altar. O vento soprou forte, brincando com os cabelos e os suspiros. Débora ergueu os braços, deixando que o sol lhe envolvesse. Carla e Vanessa tiraram também parte das roupas, deixando o tecido cair sobre as pedras quentes — primeiro o sutiã, depois as blusas, até que a fronteira entre corpo e natureza quase desapareceu.
As três se sentaram lado a lado, em silêncio, olhando o horizonte. A paisagem parecia pulsar com elas. Havia algo de sagrado naquele instante: o toque do vento, o cheiro do mato, o calor que vinha de dentro.
Carla pousou a cabeça no ombro de Vanessa, e Débora, ainda ofegante, fechou os olhos, sentindo uma onda de prazer e gratidão atravessar-lhe o corpo. Nenhuma palavra foi dita. Era como se o desejo tivesse encontrado sua forma mais pura — livre, natural, essencial.
Quando decidiram descer, o mundo já parecia outro. Entraram no carro com a leveza de quem não deve nada a ninguém. No caminho de volta, pararam à beira de um rio. A água, fria e translúcida, convidava.
Riram, mergulharam, deixaram-se levar.
O sol refletia seus corpos como se fossem parte da própria paisagem — três mulheres redescobrindo o prazer de existir, sem culpa, sem disfarces, inteiramente vivas.




