Renata tentava parecer tranquila, mas seu corpo a traía. O batimento acelerado, o ar rarefeito, o misto de orgulho e medo que a presença do marido trazia. Convidar Sílvia fora ideia dele, mas a condição — nenhuma troca de carícias sexuais entre os dois — partira dela. Um acordo que, agora, parecia frágil demais diante do que começava a acontecer.
Sílvia, de vestido leve, tinha um sorriso que misturava provocação e ternura. Sentou-se ao lado de Renata e tocou-lhe o rosto, num gesto que fez o tempo suspender-se. Peter observava imóvel a convidada e a esposa se despindo, sem saber se devia respirar. As duas já se aproximaram — um beijo que começou contido, mas logo cresceu, profundo, inevitável.
O corpo de Renata respondeu antes da razão. O calor, o ciúme, o desejo. Quando se afastaram, ela percebeu os olhos do marido — fixos, desejosos, quase culpados. Um fio de tensão percorreu a sala. Ela, então, aproximou-se dele. Tocou seu rosto, seus lábios, sentindo o controle escapar pelas pontas dos dedos. Começou a masturba-lo.
Sílvia os observava atentamente, com o olhar dilatado pelo desejo contido, os lábios entreabertos. A cena, por um instante, parecia se dissolver em pura respiração.
Renata sentiu o peso de todas as promessas que fizera a si mesma — e as rompeu uma a uma. Queria provar a si que ainda detinha o centro daquela noite, que tudo acontecia sob o seu comando. Entrou acelerou o toque para antecipar o gozo do marido.
Peter fechou os olhos. Sílvia mordeu o lábio, com o corpo tenso, participando à distância.
O ar tornou-se denso, cheio de uma eletricidade que não cabia em palavras.
Então, num gesto súbito, Renata se ergueu. Caminhou até Sílvia e a puxou pela mão. As duas se entrelaçaram novamente, como se o mundo lá fora tivesse desaparecido. Era um reencontro e uma disputa; um convite e uma vingança.
Peter as observava, exausto e rendido, parte e testemunha de um desejo que já não lhe obedecia.
As duas gozaram deliciosamente descarregando toda a energia feminina em toques intensos entre as duas no encontro de duas fêmeas sedentas por sexo, mas que dispensaram a oportunidade de terem um homem participando ativamente da brincadeira como sempre fizeram sem a presença de Peter.
Quando enfim o silêncio voltou, só se ouvia o som do vento batendo nas cortinas.
Renata, ofegante, recostou-se no peito do marido, enquanto Sílvia se deitou ao lado, o olhar perdido no teto. Não havia arrependimento, apenas um cansaço doce — o tipo de paz que vem depois do caos.
Peter passou o braço sobre os ombros de Renata e, num gesto quase involuntário, alcançou a mão de Sílvia. Ela não recuou.
Por um instante, os três ficaram ali — suspensos entre o que foi dito e o que nunca precisaria ser dito.
A noite, afinal, tinha cumprido o que prometera: revelar o limite tênue entre o controle e o desejo.

Curti, até eu senti o ar pesar. Muito bom