Sabrina era dessas mulheres que pareciam saber o efeito que causavam. Cada gesto, cada olhar, parecia estudado — não por vaidade, mas por instinto. E Sérgio, apesar de disfarçar, sempre a desejara. Desejo mudo, contido, confinado em segredos de madrugada.
A conversa, despretensiosa, foi se soltando. O álcool amaciava a língua e diminuía o pudor. Num descuido — ou talvez num impulso de sinceridade — Sérgio acabou revelando o que jamais havia dito a ninguém: que muitas vezes, sozinho, masturbava-se pensando nela.
Por um instante, o ar pareceu mudar. Sabrina não se ofendeu. Ao contrário: um sorriso lento, quase curioso, surgiu em seus lábios.
— É mesmo? — perguntou, brincando com o copo entre os dedos. — Então eu estive… na sua cabeça mais do que eu imaginava.
A frase pairou no ar, ambígua. Ela se aproximou, o perfume doce e quente envolvendo o espaço entre os dois.
— Quero conhecer sua casa — disse, com a voz baixa.
Sérgio hesitou, mas cedeu.
Na penumbra do apartamento, as palavras se tornaram desnecessárias. Sabrina observava tudo, tocava os objetos com a ponta dos dedos, como quem invade um território íntimo. Havia algo inquisitivo em seus gestos — não de quem quer seduzir, mas de quem quer compreender o outro por dentro.
Os dois começaram a se beijar e a trocar carícias. Quando ela ficou nua diante dele, não havia vulgaridade, apenas uma força natural, quase desarmante.
— É isso que você imagina? — perguntou, num sussurro provocante, aproximando sua buceta toda molhada perto de seu pau.
Sérgio sentiu o corpo tremer, mas algo o impediu de avançar. Não era medo. Era outra coisa — um tipo de pudor existencial, um limite invisível que ele nunca conseguira ultrapassar. Pois sempre que tinha a oportunidade de transar com uns garota, acabava se masturbando e, diante do olhar da sua linda colega de trabalho não foi diferente, passando a se tocar.
— Eu… prefiro assim — murmurou, desviando o olhar.
Sabrina o observou em silêncio. Não riu, não zombou. Apenas o encarou com uma expressão de quem acabava de compreender algo importante — talvez mais sobre ela mesma do que sobre ele. Depois, vestiu-se lentamente, sem pressa, e foi embora.
Na manhã seguinte, o escritório parecia outro mundo. O rumor antecedia os olhares, e os olhares, os sorrisos disfarçados. Sabrina, de alguma forma, havia transformado a intimidade em narrativa pública. Sérgio tornou-se personagem de uma história contada à meia-voz — o homem que, diante do desejo, preferiu o espelho.
Durante o dia, tentou se esconder nas tarefas, nas telas, nas planilhas. Porém, a sensação de estar sendo visto o acompanhava. Até que, num impulso de libertação, ergueu o rosto e encarou todos.
— É verdade — disse, com um meio sorriso. — Cada um se satisfaz à sua maneira. Eu apenas fui honesto o bastante para não mentir sobre a minha opção de escolha.
O silêncio que se seguiu não foi de escárnio, mas de desconcerto. Porque, no fundo, havia algo de admirável naquela confissão. Sabrina o olhou de longe — surpresa, talvez arrependida.
Com essa confissão, Sérgio, pela primeira vez, sentiu-se inteiro. Estava assumindo diante de alguns colegas de trabalho, tanto homens quanto mulheres, que era um punheteiro com muito orgulho, sem jamais ter introduzido o seu pau numa buceta.

