AS AMIGAS E CUNHADAS DA MINHA ESPOSA



Como havia prometido, trago mais histórias. Desta vez, entrelaçadas não apenas com os caminhos da minha carreira, mas com os passos delicadamente entrelaçados aos da minha esposa, uma mulher cuja presença mudou minha trajetória. Conheci minha esposa enquanto ainda cursava os três anos intensos de formação para oficial da Polícia Militar. Ela era a única mulher entre sete irmãos. Naturalmente, vieram os olhares protetores, o ciúme quase primitivo dos pais e irmãos, e uma família que funcionava como muralha unida por um amor feroz, mas que sabia acolher. Ao concluir o curso, saí da Escola de Formação como aspirante. Pouco depois, a farda ganhou novas insígnias, fui promovido a 2º Tenente e designado para comandar uma companhia em uma cidade do interior com pouco mais de 15 anos de emancipação, onde o agronegócio era o coração pulsante. Foi ali, em meio a campos vastos e dias quentes que pareciam não acabar, que encontrei uma oportunidade rara, havia na cidade um Projeto ainda no início, de uma Escola Militar Municipal, um projeto inédito que eu quis conhecer.
Trazia viva na memória uma visita que havia feito a pouco tempo atras ao interior de Santa Catarina. Lá, conheci uma escola militar modelo, que despertou em mim algo mais do que admiração, foi um desejo quase íntimo de criar, de transformar. Inspirado por aquela lembrança, propus um projeto piloto, a Escola Militar Municipal. Com apoio dos docentes, da comunidade escolar da equipe administrativa, do prefeito e da secretaria de educação do Município, com isso fui convidado a ser o diretor da escola e ao mesmo tempo, atuando como comandante da Companhia no município. Sendo assim assumi a direção da escola por três anos, tempo suficiente para cultivar não apenas resultados, mas raízes. Projetos floresceram. Práticas foram aperfeiçoadas. Um espírito de excelência tomou conta dos corredores, dos olhares dos alunos, das conversas nos bastidores da sala dos professores, chegando aos pais. E como tudo que é verdadeiro se expande, a educação dos meus filhos seguiu esse mesmo caminho. Por onde eu era transferido, buscávamos escolas militares, pois era nesse ambiente de disciplina e valores sólidos que nossa família se sentia em casa.
Mais tarde, recebi um novo desafio. Eu seria transferido para capital do estado, com a incumbência de dirigir a maior escola militar do estado. O reconhecimento que me marcou profundamente, o convite pessoal do Comandante-Geral da Polícia Militar do estado. Uma responsabilidade imensa, mas também uma honra. Foi nesse novo ambiente mais rígido, mais vigiado, mas também mais rico em possibilidades que conheci o professor Geraldo e a sua esposa, Sueli. Um casal sereno, de presença discreta, mas carregada de significado. Com o tempo, tornaram-se sogros da minha filha caçula e ainda mais do que isso, tornaram-se parte da nossa história.
Naquele momento, eu ostentava a graduação de Major, dentro da Instituição Policia Militar. Antes mesmo de confirmar a minha transferência para a capital do estado, procurei informações sobre a escola Militar da capital, precisava de um raio X de dentro que me trariam a realidade daquela estrutura. “A maior escola militar do estado com sua arquitetura imponente, tradição antiga e corpo docente experiente carregava também uma sombra difícil de ignorar, os índices acadêmicos aquém das expectativas, o clima morno, a rotina sem pulso. Era uma potência adormecida”. Antes mesmo da minha chegada, o meu nome, Major Rob já circulava pela escola com a força de um rumor antigo desses que despertam tanto temor quanto esperança. Havia quem me esperasse com entusiasmo, como se minha presença fosse o sopro de ordem há tempos aguardado. Outros, com cautela. Afinal, a escola já tinha conhecido comandos que começaram com promessas e terminaram em descompasso.
Nos corredores da sala dos professores, nas entrelinhas dos conselhos de classe, a chegada do novo diretor era o tema inevitável. “Disseram que ele foi destaque em todos os lugares por onde ele passou.” “Mas ser destaque lá... não é o mesmo que aqui.” “Sinto que esse homem vai virar tudo de cabeça pra baixo. E, sinceramente? Talvez seja disso que a gente precise.” “Não é o tipo de homem que fala muito. Ele muda o ambiente só de entrar.” “Ele elevou o IDEB em 22%. Reformulou a gestão pedagógica. Trabalha com ciclos de disciplina integrada. Vai trazer modelo novo.” Mas não eram apenas os professores que especulavam. Os alunos também sentiam a aproximação da mudança. “Disseram que ele já expulsou meia dúzia na outra escola” “E que mandava aluno marchar se chegasse atrasado.” “Vai transformar isso aqui num quartel de verdade. Já era.”
A escola estava há muito tempo presa a uma rotina morna. Por uma questão política, os investimentos nas escolas militares haviam diminuído substancialmente. Porém, com o novo governo que assumia e com o novo Comandante Geral da Policia Militar, que era advindo em seu desenvolvimento através de escolares militares, a mudança de rota estava decidida. Havia estrutura, havia tradição, havia profissionais exemplares, mas faltava pulso. Faltava propósito. A minha chegada parecia anunciar que algo, enfim, voltaria ao eixo. Quando a notícia foi oficializada no mural da direção “Major Rob assume direção a partir da próxima semana” a escola silenciou por um instante.
Um novo ciclo começava.
A minha chegada causou menos alarde do que se esperava. Não houve solenidade exagerada, nem discursos arrastados. Apenas uma manhã chuvosa de segunda-feira, um corredor de passos apressados. Eu era um homem de presença contida, voz firme e olhar que escutava antes de falar. A farda, se fazia necessária e impecável, naquele primeiro dia. Eu era, aos olhos de todos, o símbolo da hierarquia, da disciplina, da autoridade. Mas me empenhava, silenciosamente, para ser mais que isso. Queria ser o elo entre o que se dizia e o que se fazia. Adotei uma postura observadora, escutava mais do que falava. Um hábito que me permitia compreender o momento exato de intervir. Chegava cedo. Caminhava devagar pelos corredores, sentindo o cheiro do café misturado ao som das primeiras risadas dos alunos. Fazia questão de conversar com todos, o senhor da limpeza, as mulheres da faxina, a equipe da cozinha. Era nos pequenos gestos no bom-dia dito com os olhos, na escuta silenciosa que o respeito se construía. E, com ele, a confiança. A minha presença constante, sem pressa, sem barreiras, fazia do uniforme mais que um símbolo de comando, tornava-o ponte. Reuniões transformaram-se em diálogos. Ordens viraram acordos. A autoridade deu lugar à confiança, e a confiança, ao respeito mútuo. Os corredores se encheram de movimento, não apenas de passos, mas de propósito. Eu não prometia milagres. Ajustava rotas. Observava mapas. Escutava silêncios. E, principalmente, fazia com que cada um ali se lembrasse de por que tinha escolhido estar ali. O impossível deixava de ser obstáculo e voltava a ser apenas um problema com solução.
Com os docentes, mantinha reuniões regulares. Mas ali, mais do que pautas, observava. Buscava a liderança que não se impunha, mas que se manifestava espontânea. Foi assim que identifiquei o professor Geraldo. Sua presença era como a de quem já sabe o valor do silêncio. Era respeitado, ouvido, admirado e logo tornou-se uma referência para mim. Minha postura era sempre a mesma: firmeza no olhar, escuta ativa, palavras medidas. Na última sexta-feira daquele primeiro mês, os professores saíram mais tarde que o habitual, deixamos a sala de reunião e todos partiram para os seus finais de semana. Havia algo de diferente nos olhos de cada um brilho antigo, quase esquecido. Bianca dançava sozinha ao lado de Renato, que, sem entender por quê, sorria. Marina caminhava ao lado de Hélio com um ar de leveza inédita. Lígia segurava a mão de Celso, como quem compartilha uma vitória. Diana, Helena e Camila falavam em planos, em projetos. Geraldo sorria ao lado de todos, falando de futuro. Cheguei em minha sala, permaneci em silêncio, diante da mesa, notava uma mudança que mostrava um homem só, mas jamais sozinho. Em minha mesa, um relatório incompleto, um livro de História aberto e um bilhete deixado por Marina, “para quem sabe ler o que não foi escrito, o que está por vir já começou”. Quando li, dei um sorriso, não havia necessidade de aplausos, faixas ou homenagens. A escola não precisava mais reconhecer a minha liderança. Ela, agora, me pertencia.
Com os primeiros meses viu-se o primeiro resultado, o qual gerou mudanças e que trouxe o reconhecimento por parte da equipe no trabalho desenvolvido por mim. Havia conquistas índices em alta, reconhecimento da Secretaria Estadual de Educação, elogios na imprensa local. O novo diretor estava cumprindo com eficiência seu papel de gestor de elite. A maior escola militar do estado estava, de fato, mais rígida e mais respeitada. Desta forma reconhecendo o trabalho de toda a equipe do colégio, resolvi organizar um jantar, onde reforçava a nova cultura da escola militar mais importante do estado. Discreta, firme, e agora, com resultados. Um jantar no colégio, uma celebração entre pares, onde todos os maridos e esposas estariam presentes. Inclusive o casal Geraldo e Sueli.

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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico rob025

Nome do conto:
AS AMIGAS E CUNHADAS DA MINHA ESPOSA

Codigo do conto:
244082

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
06/10/2025

Quant.de Votos:
3

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