A TURMA DA BIKE - PARTE 4

Quando nós seis já estávamos no ofurô, a nudez havia deixado de ser um dado relevante.

Os corpos, imersos na água quente, pareciam ter abandonado qualquer hierarquia prévia. Não havia roupas para marcar papéis, nem gestos que pedissem interpretação. Apenas presença. Pele. Respiração. Um acordo silencioso sustentando o espaço entre nós.

Paulo permanecia ao lado de Ângela, como sempre não por posse, mas por reconhecimento mútuo. Bruno e Carolina se mantinham próximos, trocando olhares tranquilos, seguros do lugar que ocupavam um no outro. Bianca circulava entre eles com naturalidade, sem reivindicar centro algum. Eu mais quieto, observava não como quem espera algo, mas como quem compreende exatamente onde está.

O silêncio não era constrangedor.
Era denso.

Ninguém avançava.
Ninguém se retraía.

O que se aguardava não era um gesto, mas um sinal.

Ângela percebeu isso antes de todos. Não porque fosse a anfitriã apenas, mas porque compreendia o peso do momento. Ela observou os rostos, o ritmo das respirações, a forma como cada um ocupava o próprio silêncio. Então disse.

Se alguém quiser sair agora disse, por fim, com a voz baixa e firme está tudo certo.

Não houve movimento.

Ela assentiu levemente, como quem registra uma escolha coletiva.

Não era um convite para ultrapassar limites.
Era a confirmação de que eles existiam e eram respeitados.

Bianca inclinou a cabeça, quase imperceptivelmente. Carolina cruzou o olhar com Bruno e sorriu. Paulo respirou fundo, tranquilo. Eu permaneci onde estava, consciente de si, inteiro na decisão de apenas estar.

Ali, nus, imersos na mesma água, nós não partilhavamos intimidade no sentido comum.
Partilhavamos confiança.

E confiança, quando nasce assim, não exige provas.

Ângela percebeu que havia chegado o momento. E estava pronta, para organizar tudo.

Algumas garrafas de cerveja já estavam secas quando Carolina comentou, como se fosse apenas um detalhe prático.

Acho que acabou ali perto do ofurô. Coronel, você se importaria de buscar mais?

O pedido soou simples demais para ser só isso.

Eu percebi. Bianca também. E, de algum modo, todos os outros.

O interesse real não estava na cerveja, mas no que havia sido trazido à tona horas antes o comentário quase casual de Paulo, feito em voz baixa para Ângela e Carolina. Um apelido antigo. Dos tempos de farda. Dos tempos em que o eu ainda era apenas um policial entre outros.

Paulo não havia explicado. Apenas mencionado.
E foi o suficiente.

A curiosidade não se manifestou como ansiedade, mas como atenção compartilhada. O pedido para buscar a cerveja criava situações curiosas, a expectativa silenciosa, os olhares que acompanhavam o movimento ainda não iniciado, a consciência clara de que aquele simples deslocamento revelaria mais do que uma geladeira aberta.

O pedido para ir buscar a cerveja criou pequenas situações curiosas.

Eu me movi com calma, sem pressa fui até a cozinha e trouxe mais cerveja. Porém o detalhe que chamava atenção era o volume do meu kct.

Depois que voltei e entrei novamente no ofurô, sentei-me dessa vez ao lado de Bianca, que ficou acariciando o meu kct, sem que ninguém mais notasse.

Antes que eu me ajeitasse para receber melhor o carinho de Bianca, Ângela virou-se devagar. O gesto foi mínimo, mas fez o espaço se ajustar.

Aquele apelido disse, com a voz tranquila era mesmo verdadeiro.

Houve um segundo de suspensão.

Então Paulo confirmou com um aceno discreto.
Bruno sorriu.
Carolina não negou.
Bianca apenas observou, atenta.

Ângela manteve o olhar por um instante a mais, não como provocação, mas como quem valida uma informação importante. Em seguida, disse.

Então ainda falta a caixa.

O comentário pareceu deslocado.
Justamente por isso, chamou atenção.

Que caixa? eu perguntei, genuinamente interessado.

Ângela não respondeu de imediato. Apenas saiu do ofurô com a mesma naturalidade com que havia entrado. Caminhou até um armário ali mesmo no quarto, abriu a porta e retirou duas caixas.

Colocou-as sobre uma superfície baixa, visíveis a todos.

Em uma delas, havia o símbolo feminino.
Na outra, o símbolo masculino.

Nada foi explicado.

Não precisava.

Todos ali, menos eu sabia como funcionava.

O que antes era apenas curiosidade agora ganhava forma não como convite explícito, mas como possibilidade nomeada. O ambiente não se tornou mais intenso, tornou-se mais claro.

Ângela voltou ao ofurô sem pressa, retomando o lugar ao lado de Paulo como se nunca tivesse saído. A água se ajustou novamente aos corpos, o vapor retomou o equilíbrio do espaço.

Então ela falou.

Se fizer sentido disse, com simplicidade cada um pode sair, pegar uma chave em uma das caixas e seguir pelo corredor. As portas já estão identificadas. Usem a chave que escolherem.

Não havia ordem. Não havia instrução adicional. Nenhuma promessa implícita.

A proposta era clara exatamente por não dizer mais do que o necessário.

Agora, sim, o que antes era apenas atmosfera ganhava forma. Não como imposição, mas como estrutura mínima para algo que até então existia apenas em suspensão.

O corredor era curto todos sabiam disso. Um espaço de transição mais simbólico do que físico. As portas, poucas, marcadas apenas o suficiente para orientar sem explicar. O que existia atrás delas não era anunciado. A chave não garantia nada além do acesso.

Bianca foi a primeira a se mover. Saiu da água com naturalidade, caminhou até as caixas e pegou uma chave sem hesitar. Não havia expectativa em seu gesto, apenas disponibilidade. Para ela, escolher não era compromisso era curiosidade consciente.

Ela abriu a porta e foi a primeira a atravessar o corredor. Parou diante de uma das portas sem marcação específica e entrou sozinha.

Bruno e Carolina trocaram um olhar rápido antes dela se levantar. Não pediram confirmação um ao outro. Não precisavam. A escolha, ali, não desfazia o que existia entre eles apenas reconhecia que confiança também sabe se expandir sem se perder.

Carolina, foi até a caixa, pegou a chave, olhou para Ângela e para Bruno. Antes de abrir a porta e sair, olhou para mim e seguiu até o fim do corredor.

Bruno respirou fundo e se levantou, olhou para Paulo e depois pra Ângela, e por último pra mim. Foi até a caixa masculina e pegou uma chave, foi até a porta e saiu em direção ao corredor.

Paulo permaneceu sentado por um instante a mais. Ângela não o olhou. Não precisava. Quando ele se levantou, foi com tranquilidade, como quem entende que nenhum passo dali apagava os anteriores.
Paulo caminhou até a caixa, pegou a chave e foi em direção a porta. Antes de sair, olhou para Ângela. Ela não o seguiu com os olhos apenas assentiu, como quem confirma algo que já havia sido conversado muitas vezes, mesmo sem palavras. Paulo entrou no corredor em direção a uma das portas.

Ângela esperou.

Então ela me olhou e disse, como uma verdadeira anfitriã.

Coronel, tenho certeza que isso para o senhor é uma novíssima experiência. Quer dizer ou perguntar algo?

Eu a olhei nos olhos.

Me explique como funciona essa sistemática, por favor.

Ela então explanou.

As chaves ali colocadas, são iguais em duplas. Três femininas e três masculinas. Então o senhor pode entrar em um dos quartos, onde estará ou eu, ou Carolina ou Bianca. Haverá uma luz acesa, sobre as portas, se estiver ligada, o quarto ja está ocupado, se estiver apagada, é o convite para entrar. Eu espero ter o prazer de te experimentar melhor agora. Vou escolher a minha chave e sair, e depois o senhor faz o mesmo. Boa sorte.

Ela se levantou com calma e pegou uma chave da caixa. Foi até a porta e antes de sair e seguir pelo corredor me sorriu. Ângela saiu sem pressa, levando consigo o papel de anfitriã que agora ficava do lado de dentro do quarto.

Restava apenas eu.

Fui até a caixa e peguei a única chave que sobrava.
Sai pela porta, e deixei o quarto do ofurô. Entrei no corredor e fui ao corredor curto onde ficavam as três portas. Observei que duas portas tinham as luzes acesas sobre elas.

Eu parei diante da porta cuja luz permanecia apagada.

Não hesitei.

Colocou a chave na fechadura e a girei. O clique foi seco, definitivo. Abri a porta, entrei e fechei atrás de mim.


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Ficha do conto

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Nome do conto:
A TURMA DA BIKE - PARTE 4

Codigo do conto:
250579

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
29/12/2025

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