AS AMIGAS E CUNHADAS DA MINHA ESPOSA. PARTE 8B



Continuação


O pátio da escola já estava quase silencioso quando sobramos apenas eu, Dona Lurdes e Helena. A manhã se despedia devagar.

Dona Lurdes ajeitou a bolsa no ombro e sorriu com aquela calma que sempre a acompanhava.

Dia movimentado, Major. Mas bonito de ver.

Foi, sim respondi.

Helena me observava com uma delicadeza que parecia estudo.

Dona Lurdes percebeu primeiro.

Vamos, Helena? disse num tom cúmplice, quase maternal.

Ela hesitou um segundo, como quem pensa em ficar.

Vamos. Até logo, Major.

Até logo, Helena. Até logo, Dona Lurdes.

Antes de sair, Dona Lurdes lançou um olhar daqueles que veem mais do que deveriam. Depois seguiram pelo portão.

Pouco antes do almoço, meu telefone tocou.

Bom dia, Major novamente.

A voz era inconfundível. Dona Lurdes.

Bom dia, minha loba respondi, sorrindo.

Ela riu uma risada baixa, íntima.

Fiquei feliz em te ver. Não consigo pensar em mais nada além de você.

É ótimo ouvir isso.

Quando vou sentir você de novo?

Quando você quiser, minha loba.

Ela riu outra vez, travessa.

Você está mexendo com a minha família inteira. Helena saiu da escola falando do senhor. Marta só fala do senhor. Meu neto fala do senhor. Até meu marido fala do senhor. Como vou te esquecer?

Sorri. Era impossível não gostar daquela sinceridade atrevida.

Um beijo, Major.

Um beijo, minha loba.

Mais tarde, Helena voltou à escola. Dissera que precisava entregar documentos do aluno Pedro Alves. Quando avisaram que a doutora aguardava, fui ao encontro dela.

Dra. Helena? Aconteceu algo?

Nada sério respondeu ela. Vim entregar isso.
Estendeu uma pasta.

Agradeço. Foi gentil vir pessoalmente.

Ela respirou fundo, como quem decide se arriscar.

Eu queria vir.
Queria?
Queria conversar. Entender o senhor. Hoje o senhor me chamou atenção. Não é comum ver alguém ajudar como ajudou aquela família.

Pensei por alguns instantes.
Fiz apenas o que achei certo. Mas confesso que algo também me chamou atenção.

O quê? ela perguntou, inquieta.

A senhora. Seu jeito de olhar, de cuidar. Sua firmeza. Sua calma.

Helena ficou imóvel, respirando como quem entrega o que sempre guardou.

O senhor me viu assim?

Vi. E gostei.

Ela levou uma mecha do cabelo atrás da orelha, nervosa.

Major, eu não sei onde isso pode chegar. Mas eu gostaria de descobrir.

Eu também respondi.

Ela hesitou por um instante.

Sou casada e feliz. Sei do seu compromisso também. Mas desde ontem o senhor não sai do meu pensamento.

E o que mais você sabe? perguntei.

O suficiente. Mas tem algo que ainda não sei, seu contato pessoal.

Entreguei um cartão.

Ela sorriu um sorriso novo, cheio de intenção.

E o que o senhor quer saber de mim?

Aproximei-me apenas o suficiente para que ela entendesse.

A cor exata dos seus olhos.

Helena olhou para a porta aberta, caminhou devagar e fechou.
Voltou até mim.

Tem um lugar mais reservado para o senhor confirmar isso.

A pequena cozinha dos fundos era discreta e silenciosa. Ficamos a poucos centímetros.

São verdes mesmo, falei. Verdes e perigosos.

De família.

Lindos.

Gostou?

Muito.

Pena não poder tocar, ela disse.

Mas permitiu.
E o beijo aconteceu urgente, inesperado, cheio de descoberta.

Um ruído no corredor nos arrancou do instante.
Ela se afastou, ofegante.

Preciso ir.

E foi.

Na manhã seguinte, quando cheguei à escola, o telefone tocou.

Major?
Helena.

Sua voz estava mais baixa, mais quente.

Não dormi. Fiquei lembrando do que aconteceu.

Eu fiquei em silêncio

Eu não devia ter voltado ontem mas voltei porque queria te ver.

O silêncio pesou.

Fiquei com medo. Não do que fiz mas do que eu queria fazer depois.

E agora?

Agora eu preciso te ver de novo. Hoje.

Vozes surgiram ao fundo.

Não posso falar mais. Mas hoje eu preciso te ver.
E desligou.

Por volta das onze, Dona Lurdes ligou.

Major Helena me preocupa. Pode vir à minha casa ao meio-dia?

Fui.

Ela abriu o portão com pressa menos loba, mais mãe.

Major, Marta está brincando. Eu estou te namorando. Mas Helena é romântica. O olhar dela mudou.
Mudou como?
Como quem tenta esconder um incêndio no peito. Helena se encantou pelo senhor.

Fiquei em silêncio.

Casamento feliz não impede sentimento novo disse ela. Só impede coragem. E ontem ela teve coragem demais.
Suspirou.
A família inteira fala do senhor. Mas Helena fala diferente. Com cuidado. Como quem tenta proteger o próprio coração.

Às 18h, fui ao consultório.

Ela abriu a porta pela trava.

Entre, Major. Estou fazendo café.

A cozinha pequena iluminava seu rosto de um jeito suave.

Me chame de Lena.
Isso é para íntimos.
E o senhor é mais íntimo do que imagina. Meu filho, minha mãe, minha irmã, meu pai… todos falaram do senhor o fim de semana inteiro.

Fomos até uma sala pequena.

Helena tentava falar, mas suas mãos tremiam.

Major eu não devia ter chamado o senhor aqui.

Então por quê?

Porque preciso. Ontem você me tocou e eu descobri o quanto queria que fizesse de novo. Não consigo parar de pensar no senhor. Isso nunca aconteceu comigo.

Ela se levantou. Eu também.

Onde terminamos ontem?

A proximidade nos fez novamente nos beijar.
Mas havia algo frágil nela algo que não existia na mãe nem na irmã.

Era mais profundo.
Mais perigoso.

Naquela noite, depois que nos despedimos, Helena voltou para casa.

O meu celular vibrou.

Oi Major.

Oi Helena, você chegou bem? Perguntei.

Cheguei.
Amanhã precisamos conversar.

No outro dia dona Lurdes me antecipa tudo o que está acontecendo e a conversa que teve com Helena pela manhã. Mas Helena está com a ideia fixa de jogar tudo pelo ar.

Helena me liga no final da manhã e me diz apenas que precisamos conversar no final da tarde.

Quando Helena chegou eu estava esperando ali perto do corredor. Sendo assim, a conduzi até a minha sala. Para a surpresa de Helena, Dona Lurdes e Marta, estavam presentes..

Mãe, Marta, o que vocês fazem aqui.
Dona Lurdes com aquela calma que só sustentava porque tinha experiência demais na vida.
Eu estou apaixonada.
Pela pessoa que eu estou olhando aqui na minha frente?
Helena fechou os olhos.
Sim pelo Major.

Houve silêncio.

Depois a mãe respirou fundo.

Helena, você está passando por alguma coisa. Me escuta: isso não é amor.
É, sim. Eu sinto, mãe. Eu sinto!
Minha filha, sentimento que faz você querer destruir a própria vida não é amor.
Eu não quero destruir nada. Eu só quero ser feliz.

Logo em seguida, Helena olhou para Marta.

Mana eu vou contar pra todo mundo.
Ô, Helena, Marta suspirou. Você surtou de vez?
Eu não estou surtada! Eu estou amando!
Helena, meu Deus. Marta colocou a mão na testa. O Major é tudo de bom, mas você tem marido, tem filho, tem vida!
Eu não quero mais essa vida!
Não é você falando. É a adrenalina. É a fantasia.
Não. Sou eu. Sou eu inteira disse Helena.

Marta entendeu que não havia freio ali. Nenhum.

Foi então que Dona Lurdes tomou a decisão que só mães com coração endurecido por experiências sabem tomar.

Ela agiu.

Olhem pra mim voces duas.
Você está apaixonada pelo homem errado, minha filha.
Errado por quê? Helena falou alto pela primeira vez.
Porque ele mexe com o seu coração mas não vai te segurar quando sua vida desmoronar.
Você não sabe disso!
Eu sei. Porque eu já fui você.

Helena ficou em silêncio.
Marta engoliu seco.

E então, como mãe que conhece a tempestade.
Major, Helena está instável. Ela não está pensando direito.

Helena ouviu tudo e, ao contrário do que Lurdes esperava, aquilo só acelerou sua urgência.

A voz dela saiu firme, trêmula, mas firme.
Major quero te dizer o que sinto. Não quero mais fugir.

Dona Lurdes se levantou na mesma hora.
Você não vai dizer nada disso.
Mãe, por favor
Não, Helena. Você está confundindo paixão com redenção. Você está usando esse homem pra escapar do que te dói.
Não é verdade!
É sim disse Marta. E eu te amo demais pra te deixar se arrebentar.

Helena começou a chorar.

Eu só queria sentir algo de novo

Antes que o eu pudesse responder, a voz no rádio me informou que dois alunos queriam falar comigo com urgência. Eram Guilherme e Pedro.
Eu respondi que podiam deixar os entrar.

As batidas suaves na porta interromperam o clima da sala.

A porta se abriu.

Guilherme, o filho de Helena,
e Pedro, o menino que ela ajudara no consultório odontológico, apareceram juntos.

Guilherme sorriu, inocente ao ver a mãe, a avó e a tia ali.

Oi, mãe!
Oi, meu amor Helena limpou as lágrimas rápido.

Os dois meninos pediram permissão educada para entrar.
Eu assenti.

Guilherme apresentou Pedro para a avó e a tia, com orgulho.
Esse é meu melhor amigo, vó. A minha mãe ajudou ele quando ele quebrou um dente.
Pedro acenou, tímido.

Major disse Guilherme.
Permissão para me aproximar.
Major disse Pedro.
Permissão para me aproximar.
Permissão concedida aos dois, eu respondi.

Animado Guilherme disse.
Eu queria convidar o senhor para o meu aniversário, falta um mês ainda, mas para as pessoas especiais com o senhor e Pedro estou adiantando.
Ele olhou para Pedro.
E pedi pro Pedro vir comigo pra convidar também.

Todos sorriam… menos Helena.
O filho percebeu.

Mãe por que você tá chorando?

Helena tentou responder, mas a voz foi embora.
Foi Pedro, com aquela sabedoria simples das crianças, quem disse.

Meu amigo quando um adulto chora, é porque precisa de um abraço.

E sem pedir permissão, ele abraçou Helena.
Um abraço puro, sincero, infantil.

Guilherme abraçou a mãe também.

E foi naquele instante naquele quadro inocente, espelhado pelos dois meninos que Helena viu.

O que estava prestes a destruir.
O que amava de verdade.
O que jamais poderia perder.

Ela viu a família que tinha.
E viu quem seria ferido antes de todo mundo.

Eu observava em silêncio, sério, respeitoso.
Dona Lurdes enxugava discretamente uma lágrima.
Marta apertava os lábios, emocionada.

Helena respirou fundo, segurou o rosto do filho com as duas mãos e disse, quase num sussurro.

Nada no mundo vale mais do que isso aqui.

E naquele momento, finalmente, ela entendeu.

Depois que Guilherme e Pedro saíram da sala ainda rindo e fazendo planos para o aniversário a porta se fechou devagar.

O silêncio que ficou ali dentro era diferente.
Um silêncio de realidade.
De consequência.

Helena limpou o rosto com a manga da blusa, tentando recobrar alguma postura. A mãe e Marta ficaram de pé, discretas, esperando que ela falasse primeiro.

Eu dei um passo à frente.

Helena, você quer conversar a sós?

Ela assentiu, ainda trêmula.

Mãe, Marta dá um minuto?

Dona Lurdes tocou o ombro da filha antes de sair, apertando de leve firmeza e amor no mesmo gesto.

Pense com o coração mas também com a vida.

Quando a porta fechou, Helena e eu ficamos frente a frente.

Helena respirou fundo.

Major Rob eu vim aqui hoje pra dizer que queria jogar tudo pro alto. Tudo.
Os olhos dela marejaram de novo.
Eu achava que isso era amor. Eu achava que era salvação. Que tinha encontrado em você algo que eu nem sabia que procurava.

Eu não desviei o olhar.

E agora? eu perguntei, com cuidado.

Helena tentou sorrir, mas só conseguiu baixar o olhar.

Agora eu sei que eu estava procurando um escape. Uma fantasia pra tapar buracos que eu tinha medo de olhar.
Ela enxugou as lágrimas.
E quando vi meu filho e o Pedro eu entendi que eu estava prestes a ferir quem não tem culpa nenhuma do meu vazio.

Eu respirei fundo.

Eu nunca quis ser motivo de dor na sua família, eu disse. E nunca quis te tirar de nada que fosse essencial pra você.

Helena me olhou atentamente.

Eu sei. Por isso mesmo eu preciso colocar um fim nisso hoje.
A voz falhou, mas ela manteve a firmeza.
Eu não posso continuar vindo aqui com o coração na mão. Não posso viver esperando algo que, no fim, vai destruir mais do que construir.

Um silêncio. Pesado.

Você está fazendo o certo, eu disse. E eu respeito você ainda mais por isso.

Os olhos de Helena brilharam.

Obrigada por ter sido um pedaço bonito num momento confuso da minha vida.

Obrigado você por ter sido verdadeira.

Nós dois ficamos ali por alguns segundos, nos olhando. Eu me aproximei dela, e a abracei. Ela retribuiu. Ficamos abraçados e quando nos olhamos um no olho do outro, sentimos uma necessidade de nos beijar. Foi um beijo de despedida.

Eu olhei para ela e disse.
Eu jamais irei esquecer de você.

Ela então me disse.
A nossa história ainda não acabou, disso eu tenho certeza. Vou me preparar para poder me envolver com você.

Então eu respondi.
Eu vou estar te esperando.

Helena respirou fundo, abriu a porta e saiu.

Do lado de fora, Dona Lurdes esperava. Quando Helena passou por ela, Lurdes segurou sua mão e a conduziu até Marta. Não disse nada só a abraçou como mães abraçam quando precisam segurar a filha para ela não despencar de novo.

Quando Helena se afastou com a irmã, Dona Lurdes voltou para a porta da minha sala.

Dona Lurdes fechou a porta atrás de si e ficou de pé, observando-me por um instante longo demais para ser apenas formalidade.

Major obrigada disse finalmente.

Não precisa agradecer, minha loba, eu respondi, mas desta vez sem o sorriso. Eu só fiz o que era certo.

Ela deu um pequeno sorriso, triste.

O certo, às vezes, é o mais dolorido.

Eu não vou mentir. Eu gosto de você. E Marta também. Você é um homem forte, presente, inteiro. E Helena viu isso. Só não viu o resto.

Ela é uma mulher boa, eu disse, sincero. Só estava perdida.

Sim disse Lurdes. Mas agora ela encontrou o caminho de volta.

Ela respirou fundo, ajeitando a bolsa no ombro.

Rob cuide-se. E cuide do coração dela também disse com uma doçura que escondia uma firmeza quase militar. Não deixe ela voltar aqui procurando aquilo que você e ela sabem que não podem viver.

Eu assenti.

Dona Lurdes fez que sim com a cabeça e deu dois passos em direção à porta. Parou. Olhou por cima do ombro.

E saiba de uma coisa, Major, se a vida fosse outra a história seria diferente.

Eu sustentei o olhar dela.

Eu sei.

Eu me levantei e vi no pátio, Helena abraçava Guilherme com força, sentindo o coração finalmente voltar ao peito no lugar certo.

Marta caminhava ao lado, discreta.
Dona Lurdes aproximou-se devagar, pousando a mão nas costas da filha.

Ela não precisava de um novo destino.
Só precisava reencontrar o dela.

E eu, olhando da janela da sala, sabia que aquela era a escolha mais forte e mais bonita que ela poderia ter feito.

Depois de tudo o que se passou, veio o aniversário de Guilherme. A casa de Dona Lurdes estava cheia. O quintal vibrava com música, crianças correndo, balões coloridos e o cheiro de bolo recém-cortado. Guilherme completava mais um ano, e a família toda estava presente.

Pedro Alves chegara acompanhado dos pais o pai ainda agradecido pelo emprego que conseguira através do pai de Guilherme na cooperativa.

O clima era leve, festivo. As crianças brincavam na piscina, e os adultos conversavam espalhados pela varanda.

Marta, como sempre, era um ponto fora da curva. Ria alto, circulava por todos os lados e sumia de tempos em tempos.

E foi num desses desaparecimentos dela que algo aconteceu.

O corredor dos fundos
Eu estava indo buscar gelo quando ela surgiu do nada, encostando-se na parede estreita, impedindo a minha passagem.

Você continua perigoso, Major, puxando meu braço.

Marta não aqui.

Aqui é perfeito. Ninguém passa por esse corredor hoje estão todos lá fora.

Ela se aproximou demais. E antes que eu pudesse pensar, ela me beijou. Me puxou para um lugar escuro, e levantou o vestido me dizendo.
Me come aqui.
Você é louca, eu disse.
Ela fechou a porta do corredor escuro.
Me come estou sem calcinha.

Quando a cabeça de cima não pensa a de baixo menos ainda.
Eu comi ela rapidinho ali.
Quando ela saiu na frente e eu logo atrás, Dona Lurdes, observou.

Marta sorriu, quando viu a mãe. Aquele sorriso dela, atrevido, inconsequente.
Saiu dançando pelos corredores como se nada tivesse acontecido.

Eu fiquei ali, um pouco apoiado na parede, tentando recuperar o fôlego e a sanidade.

O final da festa
Depois do parabéns, bolo e presentes, os convidados começaram a partir. As crianças estavam exaustas, e os adultos, quase todos, haviam bebido acima do normal.

Seu Antônio foi o que mais exagerou. Precisou ser levado para o quarto, apoiado em mim e em Dona Lurdes.

Ele mal conseguia manter os olhos abertos.

Coloca ele na cama devagar pediu Lurdes.

Eu ajeitei o corpo pesado dele, ela tirou os sapatos e o cobri. Ele apagou imediatamente.

Dona Lurdes ficou à porta, me observando com aquele olhar que misturava gratidão, carinho e algo mais antigo, mais íntimo… mais perigoso.

Quando saímos do quarto, ela fechou a porta devagar.

Obrigada, Major.
A voz dela estava baixa, quase um sussurro.

As luzes da festa já estavam sendo apagadas pela casa. Marta ria com o marido no quintal. Os pais de Pedro se despediam. Helena conversava com o filho, séria, pensativa.

Tudo parecia voltar ao eixo.

Até que Lurdes se inclinou discretamente em minha direção.

Vá embora disse. Mas não vá pra longe.

Como assim?

Ela sorriu devagar. Aquele sorriso manso, mas perigosíssimo.

Quando todos forem embora quando a casa estiver silenciosa volte.
Sua voz era baixa, confidente.
Antônio não acorda mais hoje. E eu
Respirou fundo.
Eu tenho uma fantasia antiga, Major.

Fiquei em silêncio, esperando.

Madrugada.
Piscina.
Água fria.
E eu
Ela inclinou o rosto, os olhos brilhando na penumbra.
Só eu e você.

A pausa que se seguiu foi longa o suficiente para que eu entendesse o peso daquilo.

Ela então se afastou, como se nada tivesse sido dito.

Vá antes que percebam que ainda estamos aqui.

E eu fui.

Mas não muito longe.


A rua estava silenciosa quando me afastei da casa de Dona Lurdes. Não fui embora.
Encostei o carro duas esquinas abaixo, sob a sombra de uma árvore grande, onde ninguém notaria minha presença.

O relógio marcava 00h47 quando as luzes da festa se apagaram por completo.

Aos poucos, vi os últimos carros saindo.
Vi o marido de Helena, com Guilherme dormindo no banco de trás.
Vi Marta e o marido discutirem baixinho antes de entrarem no carro.
E vi Dona Lurdes apagando as luzes da varanda, sozinha, devagar, como quem prepara uma noite calculada.

Esperei mais alguns minutos.

A rua ficou completamente vazia.

Então desci.

Parei o carro.

O portão estava apenas encostado.
Empurrei-o com cuidado. Ele abriu sem ruído algum.

O quintal estava escuro, exceto pela luz azulada que vinha da piscina uma iluminação fraca, refletida pela água, tremulante como vela.

E Dona Lurdes estava lá.

De pé, à beira da piscina, de costas para mim.

O cabelo preso de qualquer jeito.
Um roupão leve, aberto o suficiente para que a lua desenhasse sua silhueta.
Pés descalços.
O ar da madrugada respirando nela como cúmplice.

Ela não se virou.
Não perguntou se eu viria.

Ela já sabia.

Achei que demoraria mais disse, sem olhar para trás.

Eu dei alguns passos em direção a ela.

— Esperei a rua ficar vazia — respondi.

Ela inclinou a cabeça, finalmente virando o rosto.

E ficou?

Ficou.

Lurdes sorriu devagar, um sorriso que envelhecia qualquer homem e ao mesmo tempo o fazia esquecer da própria idade.

Ótimo.

Ela soltou o cordão do roupão. Não o abriu por completo. Apenas o suficiente para mostrar que estava de um biquíni branco. Ela abriu os braços, e eu me posicionei atrás dela. Eu tirei o roupão, então vi o biquíni na parte de baixo, todo sumido naquela bunda grande.

Minha loba gostosa, eu disse. E a abracei por trás.

Seu safado, comeu minha filha que eu sei. Vai ter leite pra mim, e sorriu.

Eu comi mas não gozei, respondi.

Safado duas vezes, e sorriu.

E então ela entrou na água.

Devagar.
Passo a passo.
Sem desviar os olhos dos meus.

Quando a água chegou ao peito, ela parou, estendendo uma mão para mim.

Venha.

Eu respirei fundo.

Lurdes

Não sou sua loba hoje interrompeu, suave. Hoje sou só uma mulher que passou a vida inteira cuidando dos outros.
Seu olhar brilhou.
E que, pela primeira vez… quer que alguém cuide dela.

Eu tirei a minha roupa toda e entrei pelado na piscina.
A lua refletia na superfície da água, contornando o rosto dela como um halo.

Vem me comer Major. Eu a abracei e ela se segurou na borda da piscina. Isso entra com vontade nessa bucetinha. Enquanto eu metia a safada gemia.

A água estava fria.
A noite, quente.
E Dona Lurdes inteira.


Dois adultos que, por uma madrugada, deixaram o peso da vida fora da água.


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Ficha do conto

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Nome do conto:
AS AMIGAS E CUNHADAS DA MINHA ESPOSA. PARTE 8B

Codigo do conto:
247616

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
21/11/2025

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