A cozinha da chácara era o coração da casa. De paredes de tijolo à vista e um longo balcão de madeira maciça, era ali que nossas vidas se entrelaçavam de verdade. Enquanto preparava o café, sentia o peso do silêncio que pairava entre mim, Lúcia e Aline. A pergunta estava no ar, não respondida, pairando como um aroma denso.
Beto entrou, vestindo apenas um short, seu corpo marcado pelo trabalho na terra ainda um espetáculo para meus olhos. Ele beijou minha nuca, um gesto habitual que naquela manhã carregava uma carga diferente.
- “Alguma coisa aconteceu?” - ele perguntou, sua percepção aguçada captando a atmosfera carregada.
Foi Aline quem respondeu, direta como sempre.
- “Beto, eu quero que você transe comigo. De verdade, sem camisinha. E quero que a tia Lúcia veja e lamba sua porra de mim”
Beto parou, a xícara de café suspensa no ar. Seus olhos se encontraram com os meus, buscando confirmação, orientação. Eu dei um leve aceno, confirmando que aquele era um desejo real e que já havia sido discutido.
- “Aline,” - ele disse, sua voz grave e serena - “você tem noção do que está pedindo? É uma responsabilidade muito grande”
- “Eu sei,” - ela insistiu - “Eu quero. Quero saber como é. Quero fazer parte disso de vocês de um jeito… completo”
Lúcia, recostada no balcão, interveio.
- “Ela tem a idade da Carol quando engravidou da Juliana, Beto. A vida é um ciclo. Quem somos nós para interromper um desejo tão puro?” - seu olhar então se voltou para mim, desafiador e suplicante ao mesmo tempo - “Amiga, você que sempre lutou pela nossa liberdade. Não é isso que sempre quis? Um lugar onde os desejos não são escondidos, mas celebrados?”
Aquela frase ecoou dentro de mim. Ela tinha razão. Toda a minha vida foi uma batalha contra a hipocrisia. Esconder meu amor por Lúcia foi a maior prisão que já conheci. Agora, dentro dos portões desta chácara, havíamos construído nosso próprio reino, com nossas próprias regras. Negar a Aline essa experiência, com base no meu próprio medo, seria uma forma de trair tudo o que acreditávamos.
Respirei fundo, o aroma do café misturando-se ao cheiro da terra molhada que vinha da janela.
- “Está bem,” – eu disse, com minha voz soando mais firme do que eu esperava - “Mas temos algumas condições. A primeira: Conversamos com a Juliana. Ela precisa saber e estar de acordo, para que não haja segredos ou ciúmes entre nós. A segunda: É uma decisão de hoje. Não significa que será sempre assim. E a terceira, e mais importante: A responsabilidade é de todos nós. Se algo acontecer… se você engravidar, Aline, estaremos todas aqui para você. Sem culpas, sem arrependimentos. É uma escolha da família”
O rosto de Aline iluminou-se de um modo que eu não via desde que ela era uma criança pequena. A gratidão e a excitação eram palpáveis. Beto assentiu, sua expressão séria, mas seus olhos brilhando com uma mistura de reverência e desejo.
Gostoso cada detalhe de cada etapa