Waleska sentou-se na beira da cama, seus dedos entrelaçados em um nó de ansiedade. O coração batia forte contra suas costelas, como um pássaro preso tentando escapar. Ela havia ensaiado essa conversa mentalmente inúmeras vezes, mas as palavras pareciam traiçoeiras agora, prontas para traí-la.
- “Mãe, posso te falar uma coisa?"
Clarice ergueu os olhos do livro, com os óculos de leitura apoiados na ponta do nariz. Ela imediatamente notou o tremor na voz da filha, a maneira como ela não conseguia sustentar o olhar.
- “Claro querida. O que há de errado?"
A sala ficou silenciosa, exceto pelo tique-taque do relógio na parede. Waleska respirou fundo, seu olhar fixo no padrão do tapete.
- “É sobre o Beto” - ela finalmente disse, a voz pouco mais que um sussurro.
Clarice não disse nada, mesmo preocupada sobre o que sua filha iria falar sobre eu namorado, apenas baixou o livro e tirou os óculos, dando à filha toda a sua atenção. Esse silêncio paciente foi mais encorajador do que qualquer pergunta.
- “Acho que... sinto algo por ele. Algo que não deveria sentir....” - as palavras saíram em um fluxo, aliviadas por finalmente estarem no ar - “É confuso. É mais do que uma simples atração. Eu... penso nele. Muito”
Ela não poderia, em um milhão de anos, confessar os detalhes (como a imagem dele surgia em sua mente em seus momentos mais privados, como o som de sua voz grave a fazia sentir quente por dentro). Para sua surpresa, Clarice não pareceu chocada. Um suspiro saiu de seus lábios, um som de resignação, quase de reconhecimento.
- “Isso é mais normal do que você imagina filha....” - ela disse suavemente - "Você é uma jovem mulher. O Beto é um homem carismático, estável... É natural que você desenvolva uma certa... admiração”
Waleska sentiu as bochechas queimarem.
- “É mais do que admiração mãe” - sua coragem, agora liberada, atingiu seu ápice - “E se... e se ele fosse o primeiro? Meu primeiro?"
A pergunta pairou na sala, pesada e carregada. Waleska esperava por um grito, uma repreensão, por qualquer coisa que não fosse a calma perturbadora com que Clarice a observava.
Clarice estudou o rosto da filha (a vulnerabilidade crua, a esperança desesperada). Ela se levantou e foi até a janela, olhando para a noite escura.
- “Eu irei conversar com o Beto,” - ela disse finalmente, sua voz suave mas firme. - “E por mim, você tem minha permissão para explorar isso”
Waleska sentiu uma onda de alívio e incredulidade.
- “Sério?"
Clarice virou-se para enfrentá-la, seus olhos sérios.
- “Sim. Já notei você nos olhando quando estamos nos beijando. E até já vimos você nos espiando quando transamos em meu quarto”
Waleska ficou parada envergonhada escutando sua mãe, pensando como pediria desculpa por ter feito tal coisa.
- Mas,” - Clarice fez uma pausa, criando suspense - "Há uma condição”
Ela não revelou. Em vez disso, ela cruzou a sala e parou na porta do corredor.
- “Boa noite Waleska. Durma bem”
E com isso, ela saiu, deixando sua filha sozinha com um turbilhão de emoções e a misteriosa promessa de uma condição não revelada.
...
Bommmmmm. Muito bom!
Esta tensão deixa tudo mais ardente todas as emoções do por vir