O des(CONTROLE) de Renato



Naquela manhã, o setor administrativo da empresa estava mais movimentado que o normal. A esposa de Renato, Lara, tinha vindo visitar a equipe. Era aniversário de uma das coordenadoras, e ela fazia questão de comparecer sempre que podia — elegante, sorridente, carismática. Todos gostavam dela.

Pedro a conhecia de longe. Já tinha separado documentos, servido café, ajudado com pequenas tarefas. Sempre educado. Sempre à distância.

Quando ela entrou na sala, o ambiente mudou. As pessoas se endireitaram nas cadeiras, sorriram com mais entusiasmo. Ela espalhava charme sem esforço.

Lara foi até a mesa de Pedro, com o olhar fixo e gentil.

— Você que separou aqueles arquivos pra mim no mês passado, não foi?

Pedro se levantou, formal.

— Fui sim, senhora. Espero que tenha ajudado.

Ela sorriu, tocando de leve no braço dele.

— Ajudou muito. E olha, sua organização é impecável. Renato devia aprender com você nesse ponto! — disse, em tom brincalhão.

Pedro riu, sem graça. Mas sentiu a pele esquentar. Sabia que Renato estava a poucos metros, observando.

— Ele sempre me fala que você é dedicado. — ela completou, ajeitando o cabelo.

A frase caiu como um peso no ar.

Renato não esboçou reação. Continuou mexendo no celular. Mas seus olhos estavam atentos. Silenciosos. Gelados.

Durante o resto da manhã, Pedro sentiu a tensão pairar. As respostas de Renato por e-mail vinham mais curtas. Os olhares, mais secos. As ordens, diretas e impessoais.

No fim do expediente, Pedro foi chamado para “organizar documentos” na sala de reuniões.

Quando entrou, Renato já estava lá. Sentado à cabeceira da mesa, mangas dobradas, o olhar fixo em um ponto invisível à frente.

— Fecha a porta.

Pedro obedeceu. Silencioso.

— Você gosta dela?

A pergunta veio sem aviso. Seca. Cortante.

— Gosto como profissional. Ela sempre me tratou com respeito. — disse Pedro, escolhendo cada palavra.

Renato se levantou devagar, andando até ele.

— E se eu mandasse você beijar a boca dela… obedeceria?

Pedro hesitou.

— Eu… faria o que o senhor mandasse.

Renato segurou o queixo dele com força, fazendo-o olhar nos olhos.

— Mas você gostou do toque dela. Do elogio. Do jeito que te olhou. Eu vi.

Pedro tentou negar com o olhar, mas sabia que não adiantava.

Renato encostou a testa na dele, os rostos tão próximos que dividiam o mesmo ar.

— Eu te treino. Te moldo. Te uso.
Mas ela sorri, e você amolece?

Pedro não conseguia responder. Só respirava fundo, tentando entender onde aquilo levaria.

Renato o empurrou de leve contra a mesa. Não havia carinho ali. Só domínio. Desejo bruto. Ciúme velado.

Jogou a coleira sobre a mesa. Um gesto simbólico. Quase ritualístico.

— Deita. Agora.

Pedro obedeceu. O coração acelerado. As mãos suando. Mas a mente vazia.

Renato não disse mais nada. Se posicionou por trás dele, o toque firme, urgente. As estocadas vinham rápidas, impacientes, como se estivessem empurrando para fora algo que doía mais do que prazer.

Pedro não dizia nada. Apenas gemia baixo, os olhos fechados, a respiração descompassada. O corpo obedecia, mas a mente vagava — entre culpa, prazer e uma vontade sufocada de ser visto por inteiro.

Renato apertava com força. Cada movimento era um lembrete. Não era carinho. Era um aviso. Uma marcação.

— Ela pode sorrir pra você. Mas nunca vai te ver assim. — disse ele, entre dentes.

Pedro não respondeu. Não podia. Não devia. Mas por dentro, sabia que aquilo significava mais do que qualquer elogio de Lara.

A certa altura, Renato parou. Respirava forte. O corpo suado. A testa encostada nas costas de Pedro.

Demorou alguns segundos antes de se afastar e ajeitar a própria calça.

Pedro ficou ali, calado, apoiado na mesa, o rosto ainda quente, o corpo tenso.

Renato passou por ele, pegou a coleira e, em vez de guardá-la, a deixou em cima da mesa. Olhou para Pedro de cima, os olhos indecifráveis.

— Arruma essa sala. Depois volta pro trabalho como se nada tivesse acontecido.

Pedro assentiu. Mas antes que ele pudesse sair, Renato segurou seu braço. Um gesto rápido. Não violento. Apenas… íntimo.

— Só eu conheço esse lado seu. Não esquece disso.

Pedro sentiu o corpo inteiro estremecer com aquelas palavras. Queria dizer algo. Mas não havia espaço para confissão.

— Não esqueço. — respondeu, quase num sussurro.

Renato virou de costas e caminhou até a janela, ficando ali em silêncio.

Pedro ajeitou a roupa em silêncio, saiu da sala e fechou a porta com cuidado.

Enquanto caminhava de volta ao setor, sentia o corpo inteiro pulsar. Mas não era apenas tesão.

Era confusão. Era dor. Era o gosto agridoce do controle.

E dentro dele, uma certeza cada vez mais perigosa:

Renato não queria apenas mandar.
Ele queria ser o único.
Mesmo que fingisse o contrário.


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Ficha do conto

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Nome do conto:
O des(CONTROLE) de Renato

Codigo do conto:
238324

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
15/07/2025

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2

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