O som do pagode se espalhava pelo quintal de Rodrigo como um feitiço morno. Copos tilintavam, risadas cruzavam o ar, e o perfume da carne na brasa se misturava ao de Rosa — um perfume doce, com algo de perigo escondido. Que usava uma roupa ousada. Ela sabia o efeito que causava. Sabia, sobretudo, o poder que tinha sobre mim. Desde o dia em que me flagrou com meu segredo — aquela calcinha rendada que me fazia sentir pequeno, entregue, vulnerável —, ela nunca mais me deixou ser o mesmo. No início, foi vergonha. Depois, desejo. Agora, era rendição. Antes de sairmos para o churrasco, Rosa me fez sentar à sua frente. Estendeu uma um par de meias e um calcinha branca, pequena de renda leve, que parecia brincar com a luz. — Vai usar, não vai? — perguntou, levantando uma sobrancelha. Eu apenas assenti. Ela sorriu, satisfeita. — Boa menina. A cada palavra, o mundo ao redor parecia encolher. Quando estávamos juntos, só existia ela — e minha vontade de obedecer. No churrasco, Rosa era o centro do universo. Ria alto, dançava sem pudor, girava os quadris como se o pagode tivesse sido feito para ela. E, de certo modo, tinha sido. Eu tentava parecer tranquilo, mas meus olhos a seguiam, cativos. Foi então que o vi — um homem alto, pele escura como noite, olhar faminto. Ele a observava de longe, disfarçando mal o interesse. E Rosa... correspondia. A cada gole de vinho, ela o encarava por cima do copo, os lábios molhados, o sorriso perigoso. Meu estômago se revirava entre raiva e desejo. Eu sabia que fazia parte do jogo — mas, naquele instante, o jogo parecia real demais. Ela percebeu meu desconforto. — Cuidado, minha garotinha — murmurou ao meu ouvido —, vai devagar no vinho. O tom era doce, mas havia comando. E obediência era a única resposta possível. O homem se afastou da mesa, fingindo casualidade. Foi até a entrada da casa, deu um gole no whisky e fez um gesto quase imperceptível para Rosa. Ela percebeu. Eu também. Meu coração disparou. Rosa se inclinou até mim, a respiração quente na minha orelha. — Vou dar uma voltinha — sussurrou. — E você... vai ficar aqui. Quietinha. — Rosa... — tentei dizer, mas ela apenas pousou um dedo nos meus lábios. — Obedeça. E foi. O vestido balançava como uma promessa enquanto ela se afastava, atravessando o quintal em direção à casa. Antes de desaparecer pela porta, olhou para trás. Um olhar demorado, cheio de algo que eu não soube nomear — talvez curiosidade, talvez prazer. Fiquei ali, imóvel, com o copo de vinho entre as mãos, o coração pulsando na garganta. O pagode continuava, as pessoas riam, mas para mim, o mundo havia parado. E naquele silêncio interno, entendi: não era o ciúme que me consumia. Era o fascínio de pertencer a alguém que sabia, como ninguém, o poder de um simples comando....continua
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