O ar da manhã era meu cúmplice. O aroma de café recém-coado dançava com o cheiro mais forte e inebriante de absinto, um vício que eu cultivava em segredo. Esse cheiro, misturado ao meu perfume floral, era a minha assinatura, a marca de Rosa, aos vibrantes 45 anos. Era sábado, e a ausência de Eliezer – ele estava trabalhando, como sempre – deixava a casa com um silêncio que eu adorava quebrar com pensamentos ousados. Folheava um catálogo de sementes, mas minha mente estava longe de jardins. Eu esperava a entrega do Mercado Almeida. E, mais precisamente, esperava o Sr. Almeida. Desde que reclamei daquele abacate, ele mesmo vinha trazendo as compras. O Sr. Almeida, com seus 58 anos e aquela barba grisalha impecável, parecia um pecado maduro e irresistível. Seus olhos castanhos tinham um jeito de me despir sem sequer tocar em mim. Mas eu guardava meu segredo, aquele que adicionava um tempero proibido e eletrizante à espera: eu tinha descoberto a câmera de segurança oculta. Estava ali, dissimulada, focada diretamente na minha pequena escrivaninha de madeira pintada. Aquele canto teoricamente discreto era, na verdade, um palco. Eu não tinha certeza se a lente funcionava, mas a ideia de que poderia estar ligada me enchia de uma adrenalina deliciosa. Era como desafiar o mundo, jogar minha paixão na cara de quem quisesse espiar. A campainha soou. Meu coração disparou. Ele entrou, carregando as sacolas, o peso fazendo com que seus ombros largos ficassem ainda mais imponentes. “Bom dia, D. Rosa,” ele disse. A voz dele era grave e aveludada, e sempre me causava aquele arrepio gostoso. “Trouxe tudo fresquinho… e escolhi pessoalmente os morangos desta vez.” “Que gentileza, Sr. Almeida,” respondi, sentindo aquele fogo interno subir-me ao rosto, uma reação que eu, francamente, já nem tentava mais controlar quando estava a sós com um homem interessante. Me aproximei. O espaço entre nós se desfez, e a tensão era tão espessa que podia ser cortada. Eu sabia que ele me olhava de um jeito que ia muito além de ser apenas a dona do mercado. Ele pousou as sacolas. Aquele tropeço dele, que parecia tão casual, me deu a chance perfeita. Instintivamente, estendi a mão para segurar seu braço. O choque. Era elétrico. Uma corrente que acendeu cada terminação nervosa do meu corpo. Ele não se moveu. Os olhos dele encontraram os meus, e o sorriso de cortesia se desintegrou. Havia apenas desejo ali, puro e ardente, um convite que eu estava mais do que pronta para aceitar. “Eu… eu preciso de um lugar para conferir a nota, ” ele murmurou, a voz rouca. Eu não precisava falar. Eu sabia para onde iríamos. A escrivaninha. A câmera. Era um risco proibido que me fazia tremer de excitação. Eu não iria me acovardar. Eu iria, sim, “dar um show” para quem quer que estivesse espiando. Fiz o gesto. A escrivaninha. Caminhamos lado a lado, o ar pesado de intenção. Ele apoiou a nota na madeira. Quando ele ia pegar a caneta, eu coloquei minhas mãos sobre as dele. “Deixa a nota para depois, seu Almeida, ” eu disse. Não houve hesitação. Ele levou as mãos ao meu rosto, e senti o polegar dele traçar a curva da minha bochecha. Olhei diretamente para o ponto na estante, onde o pequeno objeto suspeito estava alinhado. Um sorriso malicioso se formou nos meus lábios. Era a minha forma de dizer: “Aqui estou. Olhem bem. ” E o beijei. O beijo foi avassalador. Não era um cumprimento. Era uma necessidade urgente, faminta, a explosão de toda a química que reprimimos por dia. Senti a nota fiscal voar. As mãos dele subiram para o meu cabelo, desfazendo o coque, me puxando para mais perto. Eu fiz questão de encarar a câmera, mesmo sem saber se funcionava. Aquilo me excitava, me fazia sentir selvagem, uma cachorra no cio agarrada a um macho experiente. Me apoiei na escrivaninha. Sentir a madeira contra as minhas costas enquanto ele me envolvia era uma sensação de poder e entrega. Aquele misto de absinto, café e o calor do corpo dele era inebriante. Ele me pressionou contra o móvel, desvairado, rasgando parte da minha blusa e da dele, sem perder tempo. Sua dureza era palpável. Senti-o me penetrar com urgência, parecia que seu Almeida não tinha aquilo por muito tempo. As estocadas fortes, ritmadas, um martelar de prazer que ecoava naquele canto da sala. Fiquei ali, agarrada, ofegante, enquanto a rola dele me socava até o último respiro, até a exaustão, até nós dois gozarmos juntos, desfalecidos sobre a escrivaninha., Eu disse com voz melosa: “ Nossa seu Vicente, que surra o Senhor me deu hein! Ele apenas sorriu orgulhoso. Logo em seguida, o beijei novamente, sua barba grossa me causava arrepios, e me deixava cheia de malícia e tesão renovado. Naquele instante, eu era a dona do meu corpo, da minha paixão. Eu estava sendo arrombada em frente àquela lente, transformando uma invasão de privacidade em um ato de puro empoderamento. Quando o ar nos faltou, ficamos com as testas encostadas, os lábios inchados. “Eu acho, ” ele sussurrou, rouco, “que vou ter que começar a entregar as compras pessoalmente todos os dias. ” Eu sorri, uma vitória triunfante. “Eu insisto, Sr. Almeida, ” disse em um tom alto e debochado, voltando a olhar diretamente para a câmera. “E da próxima vez, faço questão de conferirmos a nota aqui de novo. ” O acompanhei até a porta, dei uma última olhada em direção à câmera, com o sorriso de quem havia vencido um jogo sujo, e ele se foi. Seu Almeida havia reacendido meu fogo, e eu já estava ansiosa para a próxima entrega.
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