Ele estendeu a mão primeiro. Não com pressa, mas com cuidado — o tipo de cuidado que se tem ao tocar algo que pode se desfazer. Ela respondeu com um sorriso breve, quase infantil, e aproximou-se. A distância entre os dois era pequena, mas parecia imensa demais para quem esperou tanto por aquele momento.
Quando os dedos se encontraram, foi como se a luz mudasse. Tudo ficou mais lento, mais quente. Ela sentiu o toque percorrer-lhe a pele como se fosse um segredo antigo. Ele, por um instante, quis fechar os olhos, só para guardar aquela sensação no corpo inteiro.
Aos poucos, o ar ficou mais denso. O nervosismo se misturava à curiosidade, o desejo ao respeito. Nenhum dos dois sabia o que viria depois — e talvez nem quisessem saber. Bastava o agora: o calor das mãos, o roçar dos cabelos, o tremor das respirações que se encontravam.
Ela deixou que ele se aproximasse mais. O rosto dele estava tão perto que ela podia sentir o cheiro da pele, o ritmo do sopro. O primeiro beijo aconteceu quase sem querer — e ainda assim pareceu inevitável, como se o universo inteiro tivesse conspirado para aquele breve contato.
Os lábios se afastaram e se buscaram de novo. As palavras desapareceram. Restava apenas o som suave das roupas deslizando, o arrepio tímido da pele recém-descoberta, o medo bonito de quem se entrega sem saber o que acontece depois.
Eles ficaram imóveis por um instante, respirando o mesmo ar. Entre o toque e o silêncio, algo cresceu — uma respiração compartilhada, um tremor que percorria ambos como um fio de eletricidade antiga. As mãos se procuravam, não para possuir, mas para reconhecer (e se reconhecerem), mostrando um para o outro como são os seus momentos de intimidade individual. Cada gesto parecia uma pergunta; cada suspiro, uma resposta que o corpo dava sem precisar de som.
O mundo lá fora perdeu o contorno. Havia apenas o calor, a respiração entrecortada e a vibração que os unia num mesmo compasso. O tempo os envolvia como um lençol invisível, feito de pele e de respiração. Era o amor tentando nascer dentro do próprio desejo.
E então veio o silêncio — não o de ausência, mas o de completude. Um instante suspenso, em que o desejo e a ternura se confundiam, e o toque era apenas a tradução de algo que já os unia por dentro.
Quando o silêncio ficou maior que o próprio desejo, ela encostou a cabeça em seu peito. Ele a envolveu com os braços, como quem promete abrigo. Ficaram assim por muito tempo — talvez minutos, talvez horas —, ouvindo o som do vento misturado à respiração dos dois.
