A Casa de Espelhos - Parte 6: O Corpo Que Eu Te Entrego

O som da água nas janelas parecia ecoar o ritmo lento e grave do que ela estava pronta para propor. As palavras vieram simples, diretas:
"Quero que você o toque. Quero que ele sinta. Mas quero guiar cada gesto. Posso contar com seu cuidado?"

A resposta veio em minutos.
"Sim. Com todo o cuidado. E todo o respeito."

Amanda fechou o laptop, respirou fundo e foi até Rafael, que lia no sofá. Sentou-se ao lado dele e, com a cabeça em seu ombro, sussurrou:

— Quero te ver entregue. Mas sob meus olhos. Quero que seja com Lara.

Ele não hesitou. Apenas fechou o livro e segurou sua mão.

— Então será.

Na noite marcada, voltaram ao apartamento de Lara e Miguel. O ambiente estava mais escuro do que da última vez. Menos vinho, mais silêncio. Havia algo de cerimonial no ar. Amanda vestia um robe de seda preto, Rafael uma calça leve e camisa aberta. Estavam ali como oferendas um do outro — mas o altar era o respeito.

Amanda posicionou Rafael no centro do tapete, deitado sobre almofadas largas. Pediu que fechasse os olhos. Sentou-se ao lado, como guardiã. Lara se aproximou, vestida com simplicidade, os cabelos presos, o olhar firme.

— Eu guio. — disse Amanda.

— Eu sigo. — respondeu Lara.

Amanda tocou os ombros de Rafael, deslizando os dedos até seu peito. Ele respirava devagar, entregue. Quando Amanda assentiu com um leve movimento de cabeça, Lara se aproximou. Ajoelhou-se ao lado dele e, com delicadeza, pousou os lábios em sua barriga, em um beijo que mais perguntava do que afirmava.

Amanda observava tudo. O ritmo, a respiração dele, o gesto dela. Estava atenta como quem conduz uma dança silenciosa, onde cada toque tinha tempo e direção.

Lara desceu os beijos lentamente, até alcançar a base do ventre. Amanda, então, falou:

— Agora.

E Lara obedeceu.

O sexo oral começou com delicadeza, como uma oferenda feita em silêncio. Rafael arqueou o corpo levemente, mas não gemeu. A emoção vinha menos do prazer físico e mais da permissão emocional — da presença absoluta de Amanda ali, assistindo, guiando, pertencendo a cada instante.

Amanda se aproximou, tocando os cabelos de Lara suavemente, como quem diz: “aqui está bom, agora pare”. E Lara parava. Esperava. Retomava. Rafael não era mais apenas tocado — era conduzido através dos toques.

Amanda, então, afastou Lara com delicadeza, e ocupou o lugar diante de Rafael. Tirou o robe. Ajoelhou-se entre as pernas dele, beijou-o fundo, com posse e ternura.

— Agora é meu. — disse.

E levou-o ao clímax com a intensidade de quem conhece cada centímetro do corpo que ama — e agora o conhece mais ainda, depois de tê-lo visto por outro ângulo.

Quando terminou, deitou-se ao lado dele. Lara e Miguel saíram da sala em silêncio. Não havia necessidade de palavras.

Rafael a envolveu nos braços, ainda ofegante.

— Você foi mais do que minha guia. Foi minha casa.

Amanda encostou o rosto em seu peito. Sentia-se plena. Serena. Como se tivesse atravessado uma ponte invisível entre o medo e o desejo — e descoberto que o outro lado era, na verdade, ela mesma.

Aquela noite não foi sobre dividir. Foi sobre expandir. E o que ela dera, dera com consciência. O que recebera, era mais do que prazer: era confiança retribuída.

Entregar não era perder.
Guiar não era dominar.
E permitir era, no fundo, um ato de amor.

Continua...