Rafael me observava sentado na beira da cama, as pernas afastadas, me devorando com os olhos.
— Ainda dá tempo de desistir — ele disse, meio sério.
— Nem em sonho — respondi.
Atravessar a cidade naquela noite teve algo de ritual. Como se cada semáforo fechado testasse a nossa decisão. Mas quando chegamos ao apartamento de Lucas, não havia mais dúvida. O desejo já estava em carne viva.
Ele nos recebeu com um sorriso discreto, camisa entreaberta, pés descalços no chão de madeira. Estava calmo. Seguro. Mas havia faíscas no olhar.
O clima era quase sagrado. Luz baixa. Música suave. O vinho já aberto. E três corpos se estudando com os olhos, como se o toque precisasse ser adiado até que a tensão se tornasse insuportável.
Fui eu quem cruzou o espaço primeiro.
Me aproximei de Lucas e toquei seu peito por cima da camisa. Senti a firmeza dos músculos sob o linho. Ele retribuiu o gesto com a mão em minha cintura, e então olhou para Rafael.
— Posso?
Rafael assentiu. Silencioso. Presente.
E então Lucas me beijou. Um beijo profundo, mas cuidadoso. Seus lábios eram macios, e a língua entrou devagar, como se perguntasse a cada segundo se era isso mesmo. E era.
Enquanto isso, Rafael se aproximou. Suas mãos passaram pelas minhas costas, descendo até o quadril. Ele colou o corpo ao meu, me prendendo entre os dois. O beijo de Lucas. O calor de Rafael. O mundo rodava em volta daquele triângulo de desejo.
Lucas me virou de frente para Rafael e começou a me despir por trás. Os botões da minha blusa abriram um a um. E quando a lingerie apareceu, ouvi o gemido baixo dos dois.
— Amanda... — Rafael sussurrou. — Você está tão linda.
Lucas ajoelhou-se atrás de mim e começou a beijar minhas coxas, lentamente, até chegar à renda da calcinha. Meu corpo tremia. A excitação era tanta que doía. Ele passou a língua por cima do tecido. Suave, provocador. E eu arqueei o corpo involuntariamente, buscando mais.
— Posso ver você, Amanda? Toda? — Lucas perguntou, num sussurro quente.
— Sim — respondi, a voz rouca.
Ele tirou minha calcinha devagar, e seus olhos me contemplaram com um respeito que me arrepiou inteira. Depois me deitou no sofá, abrindo minhas pernas como se fossem asas. E antes mesmo de me tocar de novo, chamou Rafael para o meu lado.
— Quero que você veja o quanto ela está pronta.
Rafael sentou-se ao meu lado e segurou minha mão. Seus olhos estavam úmidos de emoção e fogo. Ele beijou minha testa e depois meus lábios, enquanto Lucas se abaixava entre minhas coxas e começava a me chupar com uma maestria que beirava o cruel.
Língua firme, ritmo cadenciado. Sabia exatamente quando parar e quando acelerar. Meu corpo inteiro reagia, e Rafael assistia tudo de perto. Meu marido. Meu cúmplice.
Cheguei ao primeiro orgasmo com as pernas tremendo e os olhos cravados nos dele. Rafael apertou minha mão com força. Era como se o prazer que eu sentia passasse direto para ele.
Depois foi a vez de Rafael me possuir por trás, enquanto Lucas me beijava com voracidade. Os dois se alternando, me tocando, me usando com carinho e fome. Cada um ao seu modo. Dois homens. Um corpo só.
Eu.
E quando senti os dois ao mesmo tempo — Rafael me preenchendo por trás e Lucas beijando e massageando meu clitóris com os dedos molhados — entendi o que era ser adorada em plenitude.
Gozei de novo. Mais forte. Mais funda. Como se atravessasse um portal.
Nos deitamos os três na cama depois, suados, nus, entrelaçados. Lucas no meu lado direito. Rafael no esquerdo. E por longos minutos, só o som da nossa respiração.
— Isso foi... — tentei dizer.
— Só o começo — Lucas respondeu.
E eu sabia que era.
Porque alguma coisa em mim — em nós — tinha sido despertada.
E não havia mais como voltar.
Mas essa história não acaba por aqui...
Delícia de conto !!