Tínhamos vindo para descansar, para escapar. Mas como sempre acontecia quando estávamos sozinhos em um quarto de hotel, o descanso era o que menos importava.
Na segunda noite, com a janela aberta deixando o som abafado da cidade preencher o quarto, ele se deitou ao meu lado e, com um sorriso torto, me mostrou algo no celular.
— "Já ouviu falar nesse site?"
Era uma plataforma de relacionamentos para casais... com desejos parecidos com os nossos. Fotos, perfis, fantasias descritas com todas as letras. Meu corpo reagiu antes da mente. Tesão e ciúme. Curiosidade e medo.
— "Você quer... me dividir com outra mulher?" — perguntei, tentando manter a voz neutra.
Ele riu baixo.
— "Eu só quero abrir o jogo. Juntos. E ver onde isso nos leva."
A coragem me veio na forma de provocação. Meus dedos deslizaram pelo peito dele enquanto eu dizia:
— "Se é pra dividir... então que seja com outro homem. Já pensou em me ver sendo tocada por dois ao mesmo tempo?"
O olhar de Rafael demorou mais do que o necessário para responder. E quando veio, não foi um "não". Foi um "por que não?"
Naquela madrugada, deitados lado a lado e excitados com possibilidades, mergulhamos juntos no universo daqueles que não têm medo de explorar o desejo. Criamos um perfil. Escrevemos nossas intenções com cuidado, tentando manter a sutileza do que era intenso demais até para colocar em palavras.
A busca foi como um jogo. Alguns eram insistentes. Outros, pouco convincentes. Mas então encontramos Lucas.
As fotos não revelavam tudo, mas havia um magnetismo nos olhos dele. E as avaliações de outros casais... era quase como se estivéssemos lendo contos eróticos em forma de testemunhos. Diziam que ele era bonito, respeitador, que sabia quando liderar e quando recuar. Que não fazia só sexo — fazia cenas.
Confesso que, ao vê-lo em chamada de vídeo pela primeira vez, minhas pernas se apertaram sozinhas. Ele tinha aquele charme indomável, e ao mesmo tempo era absurdamente educado. Sabia nos escutar. Olhava para mim e falava comigo, mesmo com Rafael ao lado. Mas ao final, olhava para ele também. Com cumplicidade.
As conversas evoluíram para mensagens quentes. Descrevíamos fantasias. Ele nos provocava. Eu e Rafael passamos a transar com o celular ao lado, lendo em voz alta partes das conversas. Às vezes era eu quem sugeria algo. Às vezes Rafael. Sempre juntos. Sempre cúmplices.
Certa noite, após uma dessas trocas intensas, amarrei Rafael na cabeceira da cama. Era o meu corpo sobre ele, mas era a presença invisível de Lucas que nos conduzia.
— "É assim que vai ser. Você vai me ver gozar com outro homem, Rafael."
Ele apenas assentiu. E gozamos juntos. De novo.
Dias depois, tomamos a decisão. Marcaríamos o encontro com Lucas. Um jantar primeiro. Uma conversa. Depois, talvez, a noite.
Mas esse... esse é o desfecho que deixarei para o próximo capítulo.