E por isso, eu queria retribuir.
Não porque era uma dívida. Mas porque eu queria vê-lo assim de novo: entregue, surpreendido, ofegante. Queria oferecer a ele o que ele me deu — a chance de me ver comandar uma cena feita só para o nosso prazer.
Foi numa tarde qualquer, enquanto ele tomava banho, que comecei a planejar. Peguei o celular e abri o site que usávamos. Dessa vez, procurei entre os perfis femininos. Não era fácil. Algumas eram performáticas demais. Outras não transmitiam verdade. Mas então encontrei Ela.
Lívia. 32 anos. Ar quiteta. Olhar de mulher decidida e sorriso de quem já viveu coisas intensas.
Trocamos poucas palavras. Ela entendeu de cara o que eu queria.
— Você quer ser o presente, Amanda. E quer me usar como parte do laço.
— Exatamente, respondi.
— Adoro ser o laço, ela disse. E sorriu.
Marcamos tudo em segredo. Escolhi um quarto de hotel com luz quente e espelhos laterais. Pedi champanhe. Deixei uma venda de seda sobre a cama, junto a um bilhete escrito à mão:
“Hoje é você quem vai ser olhado.
Hoje sou eu quem vai conduzir.
Confie.
Com amor,
A.”
Ele entrou no quarto desconfiado. Eu já o esperava de lingerie vinho, salto alto e olhos de comando. Ele sorriu — aquele sorriso que só aparece quando o corpo dele já começa a reagir antes da razão.
— Amanda... o que você aprontou?
Beijei-o devagar, com fome contida, e coloquei a venda em seus olhos.
— Hoje você não fala. Hoje você só sente.
Lívia entrou no quarto segundos depois. Descalça, vestindo um robe curto preto, pele perfumada, movimentos felinos. Rafael não a viu — mas a sentiu.
Fiz com que se sentasse na poltrona. Ele estava apenas de calça. A respiração já alterada.
Ela se aproximou por trás e começou a acariciar seus ombros, enquanto eu o beijava no pescoço, de frente. Nossas mãos, as duas, tocando, cercando, enlouquecendo.
— Você confia em mim? — perguntei no ouvido dele.
Ele assentiu.
Foi então que me ajoelhei diante dele e abri sua calça. Lívia me seguiu. Duas bocas, duas línguas. Uma brincando com a outra, provocando, intercalando. Rafael gemia com a cabeça tombada para trás, perdido no escuro da venda e no calor do nosso jogo.
Ele ainda não sabia o nome dela. Nem o rosto. Mas o corpo... ah, o corpo dele já a conhecia.
Levamos tempo. Tocamos, exploramos, nos revezamos. Ela sentava no colo dele, nua, roçando, mas sem deixar que penetrasse. Eu beijava seus mamilos enquanto guiava sua mão entre minhas pernas. O jogo era de antecipação. De tortura doce.
Quando tirei a venda, seus olhos estavam marejados. Tesão e gratidão misturados num brilho que me fez tremer por dentro.
— Amanda... — ele murmurou.
Mas eu apenas coloquei o dedo sobre seus lábios.
— Ainda não. Agora, você vai me ver fazer amor com ela.
E vai saber como é me ver com outra.
Lívia me deitou na cama e começou a me beijar devagar. Entre minhas coxas, seus dedos e sua língua me levaram a gemer alto. Rafael se sentou, imóvel, com os olhos cravados em nós duas. Era como se ele tivesse parado de respirar.
Depois, chamei-o para se juntar. E finalmente, ele me tomou por trás, com força, enquanto Lívia me beijava e me olhava nos olhos.
Naquele momento, eu estava no meio. De novo. Mas dessa vez, era eu quem comandava.
Gozei com os dois corpos misturados no meu. E vi Rafael gozar em mim, dizendo meu nome.
Não havia palavras. Só calor.
Depois, nos deitamos os três. Lívia com a cabeça em meu colo. Rafael com a mão em minha barriga, respirando devagar.
Ela se despediu com um beijo em cada um de nós.
— Obrigada, Amanda — disse. — Foi um presente pra mim também.
E quando ficamos sozinhos, Rafael me puxou para perto e sussurrou no meu ouvido:
— Você me deu tudo.
E eu sorri.
Porque ainda tínhamos muito mais por vir.
Essa aventura em São Paulo ainda continua...