Eu não sabia o que me excitava mais: o que eu sentia ou o que eu imaginava.
Era como se meu corpo e minha mente andassem em trilhos diferentes, mas sempre na mesma direção. E dentro daquele clube — aquele mundo onde os desejos não precisavam mais ser guardados — cada porta parecia esconder uma nova camada da minha própria pele.
Foi Lucas quem falou primeiro.
— Existe uma sala aqui... bem diferente. Não é para qualquer um. Nem para qualquer casal.
Ele disse isso enquanto passava a mão pela minha coxa, com o mesmo cuidado com que alguém traça o contorno de uma pintura que ama.
Rafael se inclinou para frente.
— Diferente como?
Lucas sorriu.
— É o espaço do anonimato. Do instinto. Do prazer sem rosto. Só com o toque, o cheiro, o som.
Eu já sabia do que ele falava.
— Glory hole — eu disse, quase sussurrando.
Lucas assentiu.
— Mas aqui, é elevado à arte. Limpo, seguro, discreto. Só entra quem entende o jogo.
Ele me olhou com calma.
— Só vai se você quiser. E só se for conduzida por mim.
Olhei para Rafael. Ele segurou minha mão.
— Só se for bom pra você, amor.
E eu soube que sim.
Porque havia algo em mim que queria ser tocada sem ser vista. Ser desejada sem saber por quem. E ao mesmo tempo, saber que era ele quem me colocaria ali. Que Rafael assistiria. Que Lucas me protegeria.
Fui guiada até a sala com paredes pretas e luz âmbar. No centro, havia um biombo espelhado e uma parede de madeira clara com três orifícios arredondados — os famosos glory holes. Almofadas no chão. Uma cadeira de veludo roxo em frente à divisória.
Lucas se aproximou por trás.
— Você quer saber quem está do outro lado?
— Não — respondi, com os olhos já fechados.
— Eu só quero que você diga o que fazer.
Ele sorriu.
— Tire a roupa.
Fiz isso devagar, sentindo os olhos de Rafael queimarem minha pele como outra camada de toque.
Fiquei de joelhos sobre uma das almofadas, com os seios à mostra, os mamilos rígidos, o sexo latejando. Do outro lado, um som: respiração. A espera.
Lucas ajoelhou atrás de mim. Sussurrou:
— Quero que você use a boca. Só a boca. Você vai descobrir o que pode fazer sem ver.
E então me guiou até o primeiro buraco.
Do outro lado, o membro masculino já estava rígido. Grande. Quente. O cheiro era forte, limpo, masculino. Senti minha garganta contrair antes mesmo do primeiro contato.
Passei a língua devagar pela cabeça. Depois o beijei com a boca entreaberta. Escutei um gemido grave do outro lado da parede.
Lucas segurava meu quadril com uma das mãos, e com a outra acariciava minha nuca, como se conduzisse uma melodia.
— Isso, Amanda. Deixa ele sentir o quanto você adora provocar.
— E Rafael? — murmurei, com a boca ainda ocupada.
— Está assistindo. Está se masturbando por você.
— Ele está tremendo.
Fiquei ali, me dedicando àquilo como se fosse um ritual. Fazendo com que aquele homem — desconhecido, sem rosto — tremesse do outro lado por causa da minha língua, do meu controle. Do que eu permitia.
Quando Lucas disse “pare”, eu parei. Obedeci sem questionar.
— Agora, de costas. Quero que você sinta sem ver. Quero que receba.
Deitei sobre a segunda almofada. Ele me posicionou, as pernas abertas, o sexo alinhado ao segundo orifício da parede. Do outro lado, ouvi o barulho de respiração e zíper. Mais um homem? Talvez. Ou seria Rafael? Ou... Lucas me enganando?
A dúvida me incendiava.
Senti o toque quente. A ponta de um pênis roçando minha entrada. Uma pressão suave. Depois, a penetração. Lenta. Profunda.
Eu gemi. Forte.
— Você quer saber quem é, Amanda? — Lucas perguntou, de novo ajoelhado perto de mim.
— Não. Eu quero que todos sejam você. E Rafael. E qualquer um que me deseje como vocês dois.
Ele sorriu. Beijou meu ombro.
— Então sente. E goze. Como se estivesse cega de prazer.
E eu gozei.
Com a pele em brasa, os olhos lacrimejando, o corpo arqueando contra a parede, contra o mundo. Gozei de um jeito cru, primal, ancestral. Como uma oferenda.
Depois me recolheram com cuidado. Me cobriram com o robe de seda. Me deitaram na cadeira. Rafael veio até mim. Me beijou a testa.
— Eu nunca te vi tão linda, Amanda.
— Você me viu sem filtros.
— Foi perfeito.
Lucas serviu duas taças de vinho. Ficamos os três em silêncio, observando a sala esvaziar lentamente.
Na parede, os buracos ainda estavam lá.
Como bocas esperando novos segredos.
E eu sabia que o clube tinha muito mais a nos mostrar.
No próximo capítulo vou contar sobre uma orgia que foi surreal na casa de swing. Não perca ... E não esqueça de votar em nossos contos, ficamos gradecidos.